Morreu no sábado (12/7), aos 53 anos, o colunista e comentarista político Tony Snow, ex-porta-voz da Casa Branca. Ele sofria de câncer de cólon. A morte foi anunciada pelo governo americano. Casado e pai de três filhas, Snow serviu à administração de George W. Bush por 17 meses, de abril de 2006 a setembro de 2007.
Robert Anthony Snow nasceu no Kentucky, em junho de 1955, e cresceu em Cincinnati. Após se formar pelo Davidson College, na Carolina do Norte, em 1977, começou sua carreira em jornalismo impresso, escrevendo editoriais. Conservador, chegou a ocupar o cargo de editor da página de editoriais do jornal Washington Times.
Em 1991, Snow abandonou o jornalismo para trabalhar no governo de George Bush, pai do atual presidente. Durante a administração democrata de Bill Clinton, voltou aos veículos de comunicação, apresentando o programa televisivo Fox News Sunday de 1996 a 2003. Em 2006, foi chamado para substituir Scott McClellan na secretaria de imprensa da Casa Branca.
Sem molde
‘Era um prazer ver Tony no pódio todos os dias’, declarou o presidente Bush, na residência de Camp David, ao saber da morte de Snow. ‘Ele trazia inteligência, graça e muito amor pelo país para o trabalho. Seus colegas irão compartilhar lembranças de sua personalidade enérgica e implacável senso de humor’.
Na Casa Branca, o porta-voz transformou os informes diários à imprensa em um show à parte: provocava os repórteres e dava respostas diretas, mesmo quando não tinha todas as informações em mãos. Mais de uma vez, Snow precisou se desculpar por declarações – logo que assumiu o cargo, por exemplo, afirmou erroneamente que o presidente via a pesquisa com células tronco embrionárias como ‘assassinato’.
Ao chegar à Casa Branca, Snow foi visto com bons olhos pela imprensa porque, como comentarista, por diversas vezes mostrou-se crítico a Bush. A transição de colunista conservador para voz oficial provou-se, entretanto, mais complicada do que ele esperava. ‘Tony Snow quebrou o molde – ele era um tipo completamente diferente de porta-voz’, afirmou a jornalista Ann Compton, da ABC News, que já cobriu seis presidentes. ‘Por exemplo, ele dava sua própria opinião e nós tínhamos de dizer ‘Tony, espere, perguntei qual a opinião do presidente’’, lembra.
Câncer
Snow dizia que, em toda a sua vida adulta, sentia-se perseguido pela ameaça do câncer de cólon, já que sua mãe havia morrido da doença quando ele tinha 17 anos. Em 2005, foi diagnosticado com o câncer, descobrindo que a doença havia se espalhado pelos nódulos linfáticos, mas não para outros órgãos. Na ocasião, Snow passou por uma cirurgia para a remoção do cólon. Quando assumiu o cargo de porta-voz da Casa Branca, ele afirmou que acreditava ter vencido o câncer, mas tinha consciência de que ele poderia voltar. Em seu primeiro informe aos correspondentes, usava uma pulseira amarela da Fundação Lance Armstrong ciclista americano que venceu por sete vezes a Volta da França e teve câncer de testículo.
A doença voltou em março de 2007, e ele passou novamente por cirurgia. Em setembro do ano passado, Snow anunciou que deixaria o cargo não por causa de sua saúde, mas por dinheiro. Com salário anual de US$ 168 mil, queria implementar a renda para cuidar da família, e conseguiria fazê-lo como comentarista.
Dana Perino, que substituiu Snow na secretaria de imprensa, afirmou que ele serviu de inspiração para sua resolução de Ano Novo de 2008: sempre atender às ligações de seu marido, não importando o quão ocupada esteja. ‘Aprendemos muito com ele; o mais importante é como devemos amar nossas famílias e cuidarmos uns dos outros. A Casa Branca perdeu um grande amigo’, afirmou. Informações de Sheryl Gay Stolberg [The New York Times, 13/7/08].