‘Nas últimas semanas, nos intervalos do Jornal Nacional, lá estavam Geraldo Alckmin e Cesar Maia em seus comerciais para 2006.
Pois veio sábado e, na escalada de manchetes do JN, escorregaram ambos. Sobre o governo paulista, do primeiro:
– Febem: internos violentam uma educadora.
Sobre a prefeitura carioca, do segundo:
– Mutirão para salvar a saúde do Rio: médicos se unem para tirar os doentes da fila em hospitais sob intervenção.
Ontem, a cada meia hora na Globo News, mais manchetes, sobre o primeiro:
– Cento e cinco internos da Febem fogem durante a noite… A tropa de choque foi acionada. Dez funcionários e dez internos foram feridos, dois funcionários estão internados.
Quanto ao estupro:
– Funcionários da Febem fizeram manifestação em protesto contra o estupro.
Nem foi um só, mas dois e talvez até oito, segundo o noticiário da CBN.
Mais Globo News, o dia todo, sobre o segundo:
– Médicos fazem mutirão no terceiro dia de intervenção… Mais de 30 pacientes em estado grave estão sendo operados. O trabalho é seguido pelo coordenador da intervenção, do Ministério da Saúde.
No meio da tarde, pelo menos um blog político já especulava, desde Brasília:
– A intervenção no Rio pode salvar emprego do ministro Humberto Costa.
À noite, o Fantástico noticiou Febem e saúde, mas tinha nova prioridade social: os brasileiros ‘imigrantes ilegais’ nos EUA, com enviado ao México, vários casos, até entrevista com a atriz Deborah Secco.
É que a telenovela ‘América’ estréia hoje.
A MÁQUINA
No ‘NYT’, acima do título ‘Sob Bush, uma nova era de notícia empacotada’, quatro imagens de ‘reportagens’ distribuídas pelo governo dos EUA
Colunistas já haviam denunciado no próprio ‘New York Times’, mas a edição de domingo atestou no alto da primeira página a amplitude -e o êxito- dos esforços do governo George W. Bush para distribuir propaganda como notícia. Em reportagem identificada como ‘A máquina da mensagem’, o jornal detalhou, por exemplo, como uma ‘reportagem’ oficial sobre proteção da qualidade da água terminou sendo veiculada em mais de 200 emissoras de televisão.
UM EM QUATRO
O Gallup soltou pesquisa sobre blogs no final da semana e disseminou alívio pela MSM (‘mainstream media’, grande mídia). No site do instituto, ‘só um em quatro americanos se diz familiarizado com blogs’ e ‘só 12% lêem regularmente os que tratam de política’.
Não é surpresa que até blogueiros respeitados como Andrew Sullivan e o Mystery Pollster, este um analista de pesquisas, tenham questionado a leitura que o Gallup fez -e sublinhado dados positivos como a proporção bem maior de jovens e ricos/influentes. ‘Um sonho para os anunciantes’, postou o pioneiro Sullivan.
Extrema-unção
Em artigo no site Adital, onde também escreve Frei Betto, o teólogo Leonardo Boff distanciou ainda mais o PT de sua origem católica:
– Notoriamente o PT está doente. É doença para unção dos enfermos ou extrema-unção? Estimo que está a pedir extrema-unção. A não ser que troque de médico e tome os remédios adequados.
É a política econômica.
Coisa boa
Mas o teólogo da libertação lembra Bolsa-Família e combate ‘às gangues de corrupção’:
– Admitamos: fez-se muita coisa boa.
Crédito
Às vésperas da reforma ministerial que pode levá-lo para a Saúde, o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) apareceu extemporaneamente nos intervalos do Domingão do Faustão e do futebol para dizer, em detalhes, como será a transposição do São Francisco.
Prosperidade
Do ‘Wall Street Journal’:
– Para [o banqueiro Daniel] Dantas, a decisão do Citigroup [de se afastar] reflete a perda de sorte desde que o PT chegou ao poder. Seu negócio prosperou no governo anterior, com o qual ele tinha relações próximas.’
***
‘Condi e os esquerdistas’, copyright Folha de S. Paulo, 11/03/05
‘Condoleezza Rice desembarca hoje no México, em sua primeira visita à América Latina como secretária de Estado dos EUA.
Ontem, deu longa entrevista à Univisión, do venezuelano Gustavo Cisneros. Falou muito de México, das leis de imigração dos EUA, mas acabou por abordar também o restante da América Latina.
Não faltou o novo esquerdismo latino-americano. Perguntou a entrevistadora Lourdes Meluza:
– Você está preocupada com a tendência para a esquerda na América Latina?
E Condi:
– Bem, tudo isso é dentro do contexto da operação democrática. Os países estão escolhendo, os povos estão escolhendo seus líderes. Se é esquerda, direita, centro-direita, centro-esquerda… contanto que seja no contexto da estrutura democrática dos países, eu penso que os Estados Unidos têm que respeitar. E nós temos algumas relações muito boas com, por exemplo, o presidente Lula, do Brasil. Esta é realmente uma excelente relação, entre o presidente e o presidente Lula.
De outro lado, um general americano, chefe do Comando Sul, sediado na Flórida, surgiu ontem em destaque no ‘Miami Herald’ para ‘avisar que a China está aumentando sua influência entre os militares latino-americanos’.
E para ‘responsabilizar em parte a política de corte de ajuda militar’ adotada pelo governo americano. Segundo ele, 11 países da região, inclusive o Brasil, não têm mais seus oficiais treinados nos EUA, devido aos cortes. Do general:
– Outros vão ocupar o vazio.
AL JAZIRA?
A TV Brasil, no ‘Washington Post’
O novo correspondente do ‘Washington Post’ na América do Sul, Monte Reel, sugere, ao abrir o texto:
– Imagine a Al Jazira, estilo sul-americano.
Ele admite que ‘a comparação pode não ser perfeita’, mas diz que funcionários tanto da TV Brasil, de Lula, como da futura Telesur, proposta do venezuelano Hugo Chávez para o Mercosul, ‘dizem ter o mesmo objetivo do canal árabe’. Ou seja, poder sobre ‘as imagens e palavras que definem a região’. O ‘WP’ ouviu de Eugenio Bucci, presidente da Radiobrás:
– Estamos no início de algo muito novo, mas o novo não é só o projeto de TV e sim o amplo processo de integração entre os países sul-americanos.
Jaime Abello, que dirige a fundação de jornalismo criada pelo escritor Gabriel García Marquez na Colômbia, soa bem menos animado:
– É claro que eu temo parcialidade. Vamos ter que esperar para ver se [a Telesur] será independente e objetiva e não apenas jornalismo pró-Chavez.
Jesse James
Para um leitor do ‘New York Times’, edição de ontem, este poderia parecer um país sério. Para começar, num despacho, ‘quatro indiciados pela morte da freira’. E depois, do correspondente Todd Benson:
– Polícia prendeu americano procurado pelo FBI em conexão com a morte de um garoto de 15 anos na Califórnia.
Sites dos EUA e telejornais do Brasil, durante todo o dia, destacaram a deportação.
Haiti explosivo
O embaixador Ronaldo Sardenberg, que preside no momento o Conselho de Segurança da ONU, surgiu no site do ‘Washington Times’ louvando o governo haitiano por libertar partidários de Jean-Bertrand Aristide. No site do ‘Wall Street Journal’, acrescentou que o próprio Conselho pode baixar no Haiti no mês que vem.
O ‘Miami Herald’, porém, deu em artigo que ‘a situação no Haiti continua explosiva’.
AINDA A BIOSSEGURANÇA
Chegaram às revistas científicas, afinal, as mudanças em biossegurança. Sobre os transgênicos, a americana ‘New Scientist’ sublinhou que as novas regras ‘legitimam’ uma situação de fato:
– Após anos desprezando a lei, os fazendeiros brasileiros agora podem abrir o jogo.
A ‘New Scientist’ contrapõe grupos como Amigos da Terra, para os quais ‘o Brasil fez opção de grande risco’ e pode ‘não haver demanda por transgênicos’, à da Monsanto, que produz sementes. A multinacional está ‘feliz’ porque já ‘vislumbra os lucros que até aqui alimentavam os bolsos do mercado negro’.
A britânica ‘Nature’ até se exalta, no apoio:
– O Brasil passou uma lei de biossegurança histórica, que legaliza a pesquisa com células-tronco e estabelece um processo claro para aprovação de colheitas modificadas geneticamente.’
***
‘Bilhões, milhões’, copyright Folha de S. Paulo, 10/03/05
‘Foi dia de bilhões de reais e milhões de dólares para os transportes.
A Globo, à tarde, comprou. Segundo a emissora, ‘o governo começa a executar um plano bilionário de recuperação das rodovias federais’:
– Estão previstos mais de R$ 6 bilhões, livres de cortes no Orçamento.
Aliás, ‘algumas obras já começam nesta quinta’.
A emissora, à noite, mudou um pouco a história. Em manchete, destacou as ‘pontes condenadas na estrada que liga São Paulo ao sul’.
É lá que começam as tais obras, ao custo de R$ 8 milhões. São ‘de emergência’.
Também o ‘Financial Times’ andou comprando, mas uma outra história.
Segundo o título, ‘o Brasil investe em ferrovia para aumentar exportações’. Guido Mantega, presidente do BNDES, apareceu para garantir:
– O acordo vai ser aprovado em breve. Nós vamos reestruturar, modernizar e capitalizar as ferrovias.
No caso, capitalizar a Brasil Ferrovias, que liga o Centro-Oeste a Santos, com supostos US$ 400 milhões.
TRIBO GUERREIRA
Na narração da Globo, ontem:
– É o maior submarino já construído no Brasil… Gerou mais de 2 mil empregos diretos… O nome Tikuna é homenagem a uma tribo guerreira.
Mas foi no exterior que o Tikuna ecoou mais. Até a agência cubana Prensa Latina noticiou. E o despacho da Associated Press ocupou sites de jornais americanos aos montes, do ‘New York Times’ ao ‘Los Angeles Times’, saudando ‘o maior e mais avançado submarino jamais construído no Brasil’. Mais importante, no final da reportagem:
– O Brasil há muito tem esperança de construir um submarino de propulsão nuclear. Os planos nucleares do país diminuíram, mas o presidente Silva disse que retomaria o programa do submarino.
Rota
Os EUA não esquecem a tríplice fronteira. Em audiência no Congresso, mostrada no canal C-Span, o diretor do FBI deu a entender que uma rota de ‘pessoas de países com ligações com a Al Qaeda’, para entrar nos EUA, passa pelo Brasil.
Estratégia
Quem também não sai daqui são os ‘líderes chineses’, diz o ‘Financial Times’. E é aqui que surgem os primeiros questionamentos à ‘estratégica’ presença chinesa, segundo o jornal, que ouviu o ex-embaixador nos EUA Rubens Barbosa.
Sonho
Quem também não sai daqui são alguns ex-fazendeiros do Meio-Oeste dos EUA. Um jornal de Illinois deu o início da colheita de um ‘sonho’ de dezenas de americanos -que investiram na soja de Tocantins.
Um mundo
No ‘New York Times’, ontem, em resenha de livro:
– A Amazônia esgota a imaginação e os recursos da linguagem. Cada árvore é um mundo, um sistema de liquens, samambaias, flores, fungos, répteis, mamíferos. Por onde começar?
Por Tocantins.
HISTÓRIA
Dan Rather em três momentos, ontem na CBS
O âncora Dan Rather se despediu do telejornal da CBS, ontem nos EUA, em meio a uma comoção na cobertura americana, da primeira página do ‘Washington Post’ à página inicial do site do ‘New York Times’ e à rede concorrente ABC. Na própria CBS, ele foi tema de especial de uma hora, sobre sua carreira. Do anúncio da morte do democrata John Kennedy, antes de todo o mundo, aos conflitos verbais com os republicanos Richard Nixon e George Bush, pai, foi ‘testemunha da história’, no dizer da rede.
Nada, porém, que escondesse o episódio que provocou sua queda: a reportagem que, às vésperas da eleição do ano passado, denunciou George W. Bush -e que era fraude, como os blogs bateram sem parar, até sua derrubada histórica. E que voltaram ao assunto, ontem.’
***
‘Algodão e aviões’, copyright Folha de S. Paulo, 9/03/05
‘Duas reportagens, ontem na primeira página do ‘Washington Post’, mostram em que pé andam as relações entre EUA e Brasil.
Na maior, o jornal se pergunta se está chegando ao fim a era do algodão, ‘negócio costurado profundamente na história, na economia e na política do Sul’.
Como adiantou o ‘New York Times’ em editorial no domingo, George W. Bush ganhou, com a decisão da Organização Mundial do Comércio em favor do Brasil, contra os subsídios, ‘a chance de fazer o que já devia estar fazendo’.
Ontem o ‘WP’ destacou a ‘proposta da administração que procura cortar bilhões em subsídios aos produtores de algodão’ -e que já ‘iniciou uma batalha nas fileiras republicanas no Congresso’.
A proposta ‘reflete a pressão crescente para baixar o déficit federal e o reconhecimento de que até’ o tradicional algodão ‘precisa acertar as contas com as mudanças dramáticas do comércio mundial’:
– Se os EUA não corrigirem a situação, o Brasil pode retaliar contra produtos americanos.
Por outro lado, segundo o ‘WP, ‘países em desenvolvimento’, vale dizer, o Brasil, ‘vêm cobrando mudanças na política agrícola americana como condição para os acordos de comércio’, vale dizer, a Alca.
A segunda reportagem, ‘EUA vão ao exterior por contratos competitivos de defesa’, destacou negócio fechado pela Embraer com o Departamento de Defesa.
Mais uma vez, segundo o ‘WP’, quebra-se uma ‘tradição’, de garantir compras ‘quase exclusivas’ a fornecedores americanos.
No caso, ‘em uma derrota para os defensores de comprar-da-América, o exército vai basear o desenho de seus novos aviões espiões nos jatos da Embraer, feitos no Brasil, e não nas aeronaves Gulfstream, produzidas no Estado da Geórgia’.
A quem reclama de exportação de empregos, ‘o Pentágono argumenta que a Embraer está adquirindo uma fábrica na Flórida para montar os aviões espiões’.
Para encerrar, um funcionário do Pentágono louva ‘essas empresas que fizeram investimentos extraordinários na base industrial de defesa dos EUA’.
Pode ser coincidência, mas o site de Claudio Humberto dizia ontem que Elizabeth Weymouth, ‘controladora do jornal ‘Washington Post’, ficou encantada com o ministro José Dirceu, a quem ofereceu um jantar em sua casa, em Nova York’, na semana passada.
CRISE LÁ Na capa do ‘Washington Post’, na descrição da BBC Brasil, a notícia de que ‘ação de Bush reivindicada pelo Brasil abre crise republicana’
‘Só Deus’
Com algum atraso, a Globo destacou ontem a morte do pedreiro de 65 anos na fila de um posto do INSS, no Rio.
E lá se foram seus repórteres pela madrugada, ‘ao mesmo posto’. ‘Duas horas da manhã’ e um senhor reclama:
– Poderiam evitar de a gente sofrer essa situação. Mas quem vai fazer isso? Só Deus.
‘Choquinho’
Também ontem, a Globo destacou ‘a 15ª rebelião do ano’ na Febem, com reféns e, ao final, três feridos. Não faltou cena de violência, ao menos na Band, mas segundo a Globo:
– Um grupo de segurança da própria Febem, o chamado Choquinho, entrou em confronto com os menores.
‘Choquinho’, que graça.
Nenhum
Petistas e tucanos se acusam uns aos outros de anti-republicanos. Pois a revista ‘Nossa História’, no site e na nova edição, resgatou da ‘História do Brasil’ de 1627 uma observação de frei Vicente do Salvador:
– Nenhum homem nesta terra é repúblico, nem zela ou trata do bem comum, senão cada um do bem particular.
Dois mundos
Em disputa também na frente externa, FHC era mencionado ontem pelo espanhol ‘El País’, na cobertura de seu encontro de ex-governantes, do Clube de Madri, contra o ‘terror’.
De sua parte, o chanceler de Lula, Celso Amorim, surgia em jornais africanos, na caravana que culmina na África do Sul. Lá, os dois países e a Índia dão novo passo na integração.
Ibsa
Em jornais indianos como o ‘Financial Express’, o novo trio comercial já tem apelido, como é de regra. Índia, Brasil e África do Sul formariam o Ibsa, do acrônimo em inglês.
O economista Jeffrey Sachs, em entrevista na Índia, exortou o tal Ibsa contra a pobreza.
‘Deu certo’
Carlos Mesa, presidente da Bolívia, é cada vez mais ‘o Jânio Quadros que deu certo’. Manchete de Boris Casoy:
– A crise na Bolívia. Líder da oposição também rejeita renúncia do presidente.
Quem ‘rejeita’ é o mesmo oposicionista que Mesa dizia buscar a sua deposição. Ao contrário de Jânio, o boliviano apostou e -até aqui- levou.
O IMPENSÁVEL
O ‘Washington Post’ fez uma rodada por sites do mundo, da Alemanha ao Líbano, e notou que, ‘em países onde George W. Bush é profundamente impopular, começam a pensar o impensável’. Ou seja:
– Bush está certo?’
FSP
CONTESTADAPainel do Leitor, Folha de S. Paulo
‘Cartas de Leitores’, copyright Folha de S. Paulo,
’11/03/05
Assembléia
‘O editorial ‘Assembléia passiva’ (Opinião, 8/3) merece algumas considerações. O fato é que, no biênio 2003-2004, foram aprovados projetos de alta relevância, apresentados pelos deputados, pelo governador, pelo Tribunal de Justiça, pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas. Cite-se a aprovação, quase pioneira no Brasil, do projeto de lei que instituiu as parcerias público-privadas (PPPs). No mesmo espaço editorial, em ‘Salvação da Cesp’ (7/3), não é informado que pela Assembléia Legislativa tramita o projeto de lei que permitirá, se aprovado, aporte de capital ‘por meio da transferência do controle da Cteep para a Cesp’. Não há paralisia nenhuma da Assembléia Legislativa nessa matéria, de suma relevância para o Estado e para o setor energético nacional. Quanto à instalação de CPIs, elas não foram criadas, entre outros, pelos seguintes motivos: das 48 CPIs solicitadas dois terços não passaram pelo controle de constitucionalidade -apesar de a matéria ser recorrente na pauta de inúmeras reuniões de líderes, não houve consenso para a aprovação das CPIs solicitadas por razões políticas diversas. Não foi porque o presidente da Casa se furtou a submeter ao plenário a criação de CPIs, como afirma o editorial. Ressalte-se também que a Assembléia Legislativa de São Paulo, para exercer a função fiscalizadora e de controle do Executivo, conta com outros instrumentos, como os requerimentos de informações e o comparecimento de secretários de Estado às comissões e ao colégio de líderes, o que se tem efetivado.’ Sidney Beraldo, presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, e líderes Vaz de Lima (PSDB), Campos Machado (PTB), Rodrigo Garcia (PFL), Conte Lopes (PP), Arthur Alves Pinto (PL), Valdomiro Lopes (PSB), Arnaldo Jardim (PPS), Jorge Caruso (PMDB), Geraldo Vinholi (PDT), Ricardo Castilho (PV), Zuza Abdul Massih (PRP), Paulo Sérgio (Prona) e Wanderlei Macris (líder do governo).
‘Verdadeiras foram as palavras utilizadas no editorial ‘Assembléia passiva’, sobre a paralisia intencional da bancada governista na Assembléia Legislativa, responsável pelo engavetamento de 48 CPIs em apenas dois anos, entre as quais havia pelo menos 22 que questionavam atos relacionados ao governador do Estado. Entretanto, apesar da nossa concordância com a opinião do editor, queremos registrar que tal passividade se deve, sobretudo, à inoperância tucana e dos partidos genéricos, sem personalidade político-ideológica. A interferência do governador na presidência da Assembléia é, no mínimo, um desrespeito à autonomia do Poder Legislativo. Mais do que isso, trata-se de uma contravenção constitucional que desmoraliza nosso parlamento estadual. Casos como as acusações de tortura na Febem, a participação de policiais militares em grupos de extermínio, a CPI dos precatórios, a dos pedágios e a do narcotráfico, além de inúmeros projetos que não interessam aos tucanos, foram excluídos de qualquer discussão. Como deputado do Partido dos Trabalhadores, quero parabenizar a Folha por essa admirável demonstração de espírito público, ética e transparência, que deve sempre nortear os rumos do jornalismo brasileiro.’ Roberto Felício, deputado estadual pelo PT (São Paulo, SP)
Saneamento
‘A reportagem ‘Sob Lula, saneamento passa por pior crise’ (Dinheiro, 6/3) apóia-se na falsa tese de que a União no governo Lula investiu menos do que no governo anterior. A Folha diz que, em 2004, com recursos do OGU, foram empenhados R$ 643 milhões, mas o correto é afirmar que a União empenhou R$ 1,175 bi e pagou R$ 246,6 milhões (incluindo os ministérios das Cidades, da Saúde, da Integração Nacional e do Meio Ambiente). No governo passado, os recursos do FGTS praticamente deixaram de ser utilizados, pois foram contratados apenas R$ 274 milhões em quatro anos -sem que se utilizasse mais de R$ 5 bi disponíveis, diferentemente do governo Lula, que, em dois anos, contratou R$ 3,42 bi. Até mesmo os desembolsos de 2003/ 2004 (R$ 349 milhões) foram superiores aos de 2001/2002 (R$ 297 milhões). De qualquer forma, é inadequado responsabilizar o atual governo pelo baixo desembolso (2003 e 2004), pois este depende da série histórica de contratações, interrompida no período de 1999 a 2002, e da agilidade dos tomadores na execução dos empreendimentos financiados. Exemplo disso é o caso da Sabesp, que assinou 20 contratos (em 2003 e 2004), no valor de R$ 579 milhões, mas, por dificuldades internas no desenvolvimento e na licitação de suas obras, até fevereiro a Sabesp não havia solicitado nem um centavo desses financiamentos. Por último, em 1995, o governo vetou o PLC 199, que instituía a política nacional de saneamento. No entanto já construímos uma nova proposta, que será enviada ao Congresso.’ Carla Oliveira, assessora de imprensa do Ministério das Cidades (Brasília, DF)
Resposta do jornalista Fernando Canzian – Números do Tesouro Nacional com base nas despesas da União liqüidadas na área de saneamento mostram queda de 71% nos gastos sob Lula (R$ 152,2 milhões) em comparação com os dois últimos anos de FHC (R$ 526 milhões). Para chegar aos R$ 246,6 milhões em investimentos em 2004, o ministério agrega à conta, entre outras, despesas correntes com passagens, diárias e gastos de exercícios anteriores, conforme dados do Siafi. Do dinheiro do FGTS contratado sob Lula só 10% foram desembolsados.
10/03/05
Probola
‘O texto ‘Alô, alô, torcida brasileira, vem aí o Probola’ (coluna ‘No Planalto’, Brasil, 27/2) padece de incorreções e omissões que mais desinformam do que informam o leitor. Por isso vale esclarecer alguns pontos: 1. Há mais de um ano, o Ministério do Esporte criou a Comissão de Futebol e Marketing, com pessoas representativas do setor. Finalidade: consultar a sociedade e propor novas medidas de modernização e de saneamento do futebol, tarefa concluída recentemente; 2. Foi estabelecido um marco zero, a partir do qual os clubes irão resolver seus passivos fiscais e trabalhistas. Protege clube e atleta, sem dinheiro de graça; 3. A nova loteria (Timemania), formatada há dois anos pela CEF, é parte das medidas. Remunera os clubes pelo uso de suas marcas. Parte do dinheiro será retida para quitar dívidas fiscais. Os débitos com a Previdência são de R$ 370 milhões -e não ‘mais de R$ 1 bilhão’, como informa o texto; 4. Os balanços dos times serão auditados pelo Conselho Federal de Contabilidade. Novas dívidas não serão toleradas -os inadimplentes ficarão de fora de competições oficiais e os maus dirigentes serão punidos; 5. Já adotamos a Lei de Moralização, o Estatuto do Torcedor, o Código da Justiça Desportiva e agora mais essas medidas, todas em favor do futebol. Só não vê quem não quer.’ Agnelo Queiroz, ministro do Esporte (Brasília, DF)
Resposta do jornalista Josias de Souza – O governo gere nove loterias. Com a LotoAgnelo, serão dez. Busca-se no bolso do apostador pobre dinheiro para ‘modernizar’ o futebol. Segundo o Ministério da Previdência, a dívida previdenciária dos clubes é de R$ 410 milhões, não de R$ 370 milhões. O Probola de Agnelo inclui, porém, débitos com o fisco e com o FGTS. Tudo somado, a brincadeira sairá, sim, por mais de R$ 1 bilhão.
Viagens
‘O ministro Jaques Wagner informa que, durante toda a sua vida pública, participou de atividades partidárias com seus próprios recursos. A propósito do texto ‘União bancou Wagner em evento do PT’ (Brasil, 8/3), sobre uso de passagens aéreas, o ministro esclarece que não precisa e nunca pretendeu se valer de recursos públicos para tal fim. Assim, ao tomar conhecimento do equívoco cometido por seu gabinete, devolveu imediatamente aos cofres públicos a quantia referente à passagem aérea Brasília-Salvador-São Paulo-Salvador, emitida em 13/5/2004, mas utilizada no dia 15/5, sábado, por ocasião de sua participação em encontro do partido na capital paulista. Vale lembrar que, nos fins de semana, ministro com residência fixa fora da capital federal tem amparo legal para utilizar passagem aérea para visitar a família. As demais passagens foram usadas a serviço. Faz parte das prerrogativas e das tarefas do ministro da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e membro da coordenação política do governo uma agenda de atividades políticas que envolve a participação em várias ações inerentes ao exercício dos cargos que ocupa.’ Sonia Carneiro, assessora especial da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (Brasília, DF)
Dívidas
‘O prefeito José Serra querer renegociar dívidas da Prefeitura de São Paulo a esta altura me parece estranho. Jamais votei no PT, só no PSDB. Mas dizer a esta altura do campeonato que ‘é difícil pagar os R$ 7 bilhões à União’ e procurar o Senado como auxílio causa muita estranheza. O prefeito deveria espelhar-se no grande Mario Covas, que foi capaz de solver a dívida estadual com soberania e competência, afinal, tudo o que está aí em termos de renegociação foi tratado pelo ‘nosso PSDB’.’ Francisco Manoel Caselli de Menezes (Casa Branca, SP)
Impostos
‘O Instituto dos Advogados de São Paulo expressa seu apoio às entidades e pessoas que se colocam contra a MP 232. Após meticuloso exame da sua constitucionalidade, entendemos que a referida medida provisória desrespeita princípios basilares da cidadania e da legalidade jurídica. Assim, alertamos para os danos que sua adoção acarretará, pois o desrespeito às regras da ampla defesa e à eficaz distribuição da justiça põe em risco principalmente as franquias legais e democráticas do cidadão. O Iasp, solidarizando-se com as manifestações já divulgadas, vindas de parcelas representativas da sociedade civil, aguarda que o Congresso Nacional negue sua autoridade à medida provisória, afastando transigência com princípios e regras que constituem o nosso edifício constitucional e legal.’ Tales Castelo Branco , presidente do Iasp – Instituto dos Advogados de São Paulo (São Paulo, SP)
Internet
‘A Oi Internet esclarece que a Anatel não suspendeu o desconto do provedor, diferentemente do que informou o texto ‘Anatel suspende desconto da Oi Internet’ (Dinheiro, pág. B4, 5/3). A promoção de lançamento da Oi Internet continua. Os primeiros 500 mil clientes de telefonia fixa da Telemar que se cadastrarem na promoção de lançamento da Oi Internet terão a bonificação de 31% no valor do pulso excedente das ligações feitas para o provedor. O que a Anatel suspendeu foi o serviço prestado pela Telemar à Oi Internet, estabelecido em contrato comercial entre as partes, de bilhetagem e valoração de chamadas destinadas a provedores e lançamento de crédito na conta telefônica de usuários do Sistema Telefônico Fixo Comutado (STFC). Por isso a bonificação oferecida e paga pela Oi Internet não constará das contas telefônicas durante a vigência da decisão da Anatel. Em decorrência da decisão da Anatel destinada à Telemar, a Oi Internet está desenvolvendo novas formas de conceder a bonificação aos clientes cadastrados, que continuam desfrutando da promoção dentro do prazo determinado e apresentado em campanha publicitária e no seu regulamento. A Oi Internet divulgou nota à imprensa no dia 4 de março de 2005 com todos os esclarecimentos referentes aos desdobramentos da decisão da Anatel. A Anatel é reguladora do setor de telecomunicações e, conforme previsto na Lei Geral de Telecomunicações, não regula os serviços de valor adicionado, que incluem o serviço de provimento de acesso à internet prestado pela Oi Internet, ou seja, a Oi Internet não é regulamentada pela Anatel. Outra informação publicada de forma incorreta diz respeito à origem da reclamação e da denúncia que motivaram a decisão da Anatel. A decisão da Anatel não foi baseada em reclamação formal da Embratel e da empresa GVT. Além da Embratel, a denúncia foi feita pelo provedor Universo Online S.A. (UOL).’ Andréia Luna, assessoria de imprensa da Oi Internet (Rio de Janeiro, RJ)
Resposta da jornalista Elvira Lobato – A informação de que a Oi Internet manterá o desconto constou da reportagem, que reproduziu declaração do presidente da empresa, Sérgio Creimer, de que estão sendo estudadas outras formas de dar o desconto prometido, inclusive o pagamento na forma de bônus.’
FSP
ADULADAAugusto Marzagão
‘Aniversário’, in Painel do Leitor, copyright Folha de S. Paulo, 9/03/05
‘‘Cada aniversário da Folha tem de ser celebrado por toda a imprensa brasileira, e não apenas por este grande diário, pois o que se festeja é a férrea, vibrante, irredutível e luminosa longevidade de um órgão de informação que reúne os valores emblemáticos da nossa melhor imprensa. Na sua infalível missão a serviço da liberdade de expressão, da democracia plena e da cidadania, a Folha tornou-se o veículo exemplar das aspirações brasileiras voltadas para um país que faça de sua imprensa livre a pedra angular do Estado de direito e das instituições que velam pela vontade do povo e pelas garantias individuais e coletivas. Não há nada neste país, para o bem ou para o mal, que escape à indômita vigilância da Folha, sempre pronta a responder com a informação correta, a investigação isenta, a denúncia sem limitações, os esclarecimentos que levam à opinião pública a rigorosa verdade dos fatos. São 84 anos de uma conduta profissional e ética sem desvios ou recuos. Todos esses títulos constituem um tesouro moral, um patrimônio cultural e o orgulho para todos os brasileiros confiantes no constante avanço de uma nação desenvolvida e civilizada. Queiram aceitar os cumprimentos calorosos do leitor assíduo e admirador incondicional.’ Augusto Marzagão, jornalista, ex-secretário particular do ex-presidente José Sarney (Rio de Janeiro, RJ)’
BRASIL PREMIADO
‘Jornais brasileiros ficaram com 11 prêmios da SND’, copyright Folha de S. Paulo, 10/03/05
‘A capa do caderno ‘Mais!’, da Folha, de 5 de dezembro do ano passado recebeu o Prêmio de Excelência na 26ª competição do ‘O Melhor do Design Jornalístico’, organizada pela Sociedade de Design de Notícias (SND, em inglês), entidade internacional com sede nos Estados Unidos.
A primeira página do caderno que abordou as altas vendagens de biografias no país -sob o título ‘Eu é um Outro’- foi premiada na categoria ‘design de página’. O ‘Mais!’ circula aos domingos na Folha.
A premiação contempla as melhores páginas, design, produção de artes e fotografias de jornais de todo o mundo. De 15.020 trabalhos inscritos, 1.079 foram premiados. Cerca de 190 jornais de 29 países saíram vencedores.
Os jornais brasileiros ficaram com 11 prêmios em diversas categorias. Dentre os de maior circulação no país, apenas Folha e ‘O Globo’ foram premiados -este, na categoria ‘caderno especial’.
Os maiores vencedores das 21 categorias foram o diário norte-americano ‘Los Angeles Times’ e sua revista, que juntos ficaram com 77 prêmios.
Entre os países, os Estados Unidos foram os mais premiados, com 697, seguidos da Espanha, que ganhou 94. Todos os trabalhos vencedores foram publicados no ano passado.’