Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Nem Google, nem Apple

Susan Grant não está ‘deprimida’. A vice-presidente do braço digital da CNN conta que não entende por que os jornalistas se sentem assim, considerando que vivem uma época única de oportunidades para contar uma história em diversas plataformas diferentes. A animação dela talvez venha de trabalhar em uma empresa que ainda não sofreu com a crise que afeta os veículos de imprensa.

O modelo de negócios da CNN, que envolve assinaturas de TV a cabo, aplicativos pagos para iPhone e publicidade em seu site vem dando certo, afirmou Grant na noite de terça-feira (9/11), no debate de abertura do MediaOn, evento anual sobre jornalismo online. No dia seguinte, ela recebeu o ‘Link’ para uma entrevista. ‘Ontem falei por três horas naquele palco, não é possível que você tenha mais alguma pergunta’, riu.

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Como a CNN vê aparelhos como Google TV e Apple TV? Vocês acham que serão a maior fonte de audiência do canal?

Susan Grant – Nós estamos analisando esses aparelhos, estudando e tentando entender como serão usados pelas pessoas. Mas não acreditamos que serão a fonte de nossa audiência, acreditamos que serão plataformas adicionais para apresentarmos nosso produto. É um meio de fazermos as pessoas expandirem o tempo em que consomem nosso conteúdo. Não diminuir.

Como vocês pretendem agir quando a audiência passar a assistir a CNN pela internet?

S.G. – Para ter a CNN em qualquer desses aparelhos, aplicativos, Google ou Apple TV e até na televisão, é preciso fazer uma assinatura. E também temos publicidade, muita publicidade.

Como você acha que o jornalismo online pode ajudar a CNN em suas coberturas tradicionais no canal de televisão?

S.G. – Para responder essa pergunta, vou dar um exemplo. (Abre um blog no telão) Este é o Eatocracy (blog sobre culinária). Os jornalistas da televisão ficaram muito empolgados com esse blog e fizeram a semana Eatocracy na TV. Virou um programa. Então, foi um processo interno de uma área contaminando positivamente a outra. Não tenho uma resposta direta para sua pergunta, porque cada caso acontece de uma forma, e isso é um processo que não deve ser forçado, mas, sim, orgânico.

E você pode falar um pouco sobre o iReport?

S.G. – Eu adoro falar sobre o iReport. Algum tempo atrás, o site da CNN recebia milhares de fotos e vídeos de pessoas que presenciavam algo, só que não tinha um espaço definido para esse conteúdo. Por isso foi criado o iReport. O objetivo é que tenhamos colaboradores em todos os países do mundo. A pessoa entra no nosso site e ela mesma posta o material, que vai ser avaliado por um jornalista da CNN. Só nas últimas 24 horas, 229 ireports foram postados e 13 foram aprovados pelos nossos jornalistas. Nada é editado ou modificado. Se algo nos interessa para alguma de nossas plataforma, nossos jornalistas entram em contato com a pessoa, checam a notícia e, aí, o material pode ser aproveitado por toda a CNN. E algumas pessoas gostam da ideia de participar de uma cobertura – não sobre assuntos que lhes interessam, mas querendo saber o que nós, da CNN, achamos ser uma boa história. Na mesma página, divulgamos assuntos sobre os quais gostaríamos de receber material. Por exemplo, se você está na Indonésia, nós queremos fotos e vídeos ou relatos sobre o vulcão. Ou, então, queremos que você envie perguntas para a entrevista que faremos com a atriz Kirsten Dunst. Temos colaboradores do iReport em quase todos os países do mundo, faltam apenas doze.

E algum material que veio do iReport já foi aproveitado na página principal do site da CNN?

S.G. – Com certeza. Todo dia e muitas vezes. Não só no site, mas no nosso canal de televisão também, muitas vezes. É algo que tomou uma proporção muito grande.