Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O digital e os rumos do jornalismo

Os impactos causados pelo digital nos meios de comunicação, sobretudo no jornalismo, são cada vez mais evidentes e marcantes. Porém, indo de certa forma na direção contrária de um pensamento puramente pessimista, o comportamento dos próprios jornalistas frente ao universo online tem mudado e um melhor entendimento sobre os benefícios que a internet pode causar para a imprensa tem prevalecido.

Pesquisa recente da Oriella PR Network, representada na América Latina pela Vianews Comunicação Integrada, apontou que em 2010, no Brasil, mais de 40% da audiência da imprensa era oriunda dos meios impresso e broadcast. Atualmente esse número caiu para quase 35%, mesmo patamar que o meio online atingiu. Outro levantamento importante é acerca da publicidade online nos meios jornalísticos. Para quase 35% dos entrevistados não houve mudanças significativas na receita, 28% apontou que houve um aumento de até 10% e 25% constatou um aumento de mais de 10% no faturamento publicitário. A máxima de que os jornais simplesmente se extinguiriam por não mais existir publicidade começa a se caracterizar como mais uma previsão errônea.

Aliás, a morte declarada do jornalismo tendo como causa a internet também se apresenta equivocada. Em 2009, 53% dos jornalistas entrevistados acreditavam no fim de suas publicações, número muito superior aos 21% que ainda afirmam isso em 2011. No Brasil, mais de 65% dos entrevistados afirmaram que não houve mais mudanças, 13% disseram que suas publicações migraram para o meio online e outros 13% creem no fim de suas publicações.

Novos contextos e desafios

O que acontece é que ainda se liga o fato da queda do número de leitores do impresso e o fechamento de publicações a um suposto fim do jornalismo. O que não se vê são as variações na audiência que o meio online tem proporcionado para as redações. Prova disso é que 41% dos jornalistas entrevistados em 2010 apontavam uma queda brusca na audiência de seus veículos, número muito acima dos 9% que afirmaram isso em 2011. Quase 60% dos entrevistados no Brasil disseram que suas audiências aumentaram mais de 10% no total.

Essas colocações mais uma vez provam que os gurus não possuem nada para provar. É como se creditássemos o fim da televisão só pelo fim da novela. Uma coisa não extingue a outra. O fato dos jornais impressos e da televisão perderem audiência não significa que não possuem mais significado em outros meios. O jornalismo impresso ou televisivo, assim como o do rádio, não está condenado só porque começam a trabalhar em uma nova plataforma midiática, a internet.

Os veículos, a publicidade e, principalmente, os consumidores de informações, estão demonstrando que as teorias catastróficas acerca do jornalismo denotam fragilidade em um solo onde fortes números de crescimento surgem. O jornalismo não está morrendo só porque algumas das suas variantes sofrem adaptações; ele apenas está reformulando-as para novos contextos e novos desafios. Não há nada mais puramente jornalístico do que o jornalismo se reinventar em estrutura, nunca em função, já que essa é única: servir à sociedade.