Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O novo pesadelo das celebridades

Os VIPs americanos vivem um novo pesadelo. Estão sendo caçados por um novo serviço da web, inaugurado há dois meses, o Gawker Stalker, que publica em tempo real os locais em que pessoas importantes do cinema, da política e das altas finanças vão almoçar, jantar, correr, divertir-se, fazer compras, ginástica e negócios. ‘Estou certa de que vão nos amar, assim como amam os paparazzi e os colunistas de fofoca’, ironizou Jessica Coen, editora do site Gawker.com. Os principais informantes são os habitantes de Nova York, uma cidade onde qualquer um dá de cara com atores, cantores ou deputados.

Valendo-se do Google Earth, o site informa, minutos depois de vistas as celebridades, o exato local para encontrá-las em cafés, academias, restaurantes, fornecendo até mapas para facilitar a localização.

O site foi inaugurado em 20 de fevereiro. Na estréia, informou que Susan Saradon estava numa loja de computadores da Apple na Prince Street, no Soho. Nesse mesmo dia Sarah Jéssica Parker jantava com amigos no restaurante chinês, o Grand Sichuan, em Chelsea. Um mês depois Philip Seymour Hoffman (Oscar com Capote) empurrava o carrinho do filho na esquina da 6th Avenue com a 4th Street. Poucas horas depois George Clooney saía com Sidney Pollack de um bar entre a 54ª e a Madison. Julia Roberts foi localizada várias vezes, a última quando estava na butique de Donna Karan no Soho.

O novo ‘paparazzo online’ provocou o protesto imediato das empresas de segurança, por botar em perigo a vida dos clientes. ‘É um convite a loucos, mitômanos e criminosos, que agora poderão atingir como bem entenderem as celebridades’, disse Ken Sunshine, responsável pela proteção de Leonardo Di Caprio, Justin Timberlake e Bem Affleck. ‘Quem corre o maior risco – continuou – são os filhos das celebridades’.

Venderiam a mãe

Outra agência de segurança acha que deveria haver uma intervenção do governo e dos tribunais para regulamentar esse assunto, alegando que o site, por ser irregular, deveria ser proibido por Washington. Mas garante a iniciativa a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que garante e protege a liberdade de expressão.

Usando como escudo essa emenda, nos EUA há sites racistas e neonazistas que incitam a destruição de negros e dos hebreus; por que não, então, um inocente site para fãs de celebridades, cujo único crime é promover ainda mais a adoração e a reverência aos famosos? Seria o mesmo que colocar fora da lei os paparazzi e as colunas de fofocas. Jessica Coen acrescentou: ‘As celebridades não são árvores e se movem com uma certa velocidade; mesmo seguindo nossas indicações no exato momento em que são publicadas, é quase impossível encontrar a estrela no mesmo ponto’.

O sociólogo David Raindorf tentou analisar: ‘Quando não são ninguém, para ficarem famosos venderiam até a própria mãe. Mas, uma vez atingido o objetivo, gostariam de controlar e fiscalizar a mesma mídia que os tornou célebres’.

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Jornalista