Existe um novo elenco de ‘influentes’ na cultura e na política… somos você e eu. Antes, somente a elite, os profissionais e os insiders sabiam das coisas. Mas as barreiras tornaram-se muito mais fluidas.
‘Hoje, as massas têm um grande acesso à cultura, como nunca antes’, disse ao New York Times Gabi Asfour, do grupo de design ThreeASFOUR. ‘E esse acesso é a verdadeira riqueza, de uma maneira que o dinheiro não é. Daqui a dez anos, não haverá uma elite controlando o acesso à cultura, e então as coisas vão mudar incrivelmente depressa.’
As coisas já mudaram no exclusivo mundo fashion. Os blogueiros, que são mais rápidos que as revistas para publicar críticas e fotos de desfiles, estão perturbando alguns dos gurus da moda. Durante a Semana da Moda de Nova York, em setembro, Tavi Gevinson, blogueira de 13 anos da Style Rookie, estava sentada na primeira fila dos desfiles de Marc Jacobs e Rodarte. Bryan Boy, um blogueiro das Filipinas, estava sentado perto de Anna Wintour no desfile da D&G em Milão.
Esses infiltradores não estão apenas na primeira fila, mas também atrás das câmeras. Veja D. Sharon Pruitt, 40, que mora em Utah. Depois de passar férias no Havaí, ela enviou suas fotos para o site de compartilhamento de fotos Flickr, como relatou o Times. A Getty Images percebeu a qualidade de suas fotos e a empresa hoje lhe dá um cheque sempre que editores ou anunciantes compram suas imagens.
A maioria dos amadores se alegra em aceitar qualquer forma de pagamento, tornando mais difícil para os fotógrafos profissionais ganhar a vida. Mas o que é exatamente um profissional hoje em dia, quando todo o mundo é um crítico? Com o Facebook e o Twitter, há um fluxo contínuo de comentários on-line durante programas de TV e eventos como a Olimpíada e o Oscar, em que os espectadores começam conversas com outros que assistem ao mesmo programa.
De ponta-cabeça
Essa galeria de críticos permitida pela mídia digital está modificando a televisão. Atualmente, grandes eventos como os Jogos Olímpicos e o Grammy dependem da mídia social para aumentar a audiência e incentivar a discussão. ‘A internet é nossa amiga, e não inimiga’, disse ao Times Leslie Moonves, executiva-chefe da CBS Corporation. ‘As pessoas querem estar ligadas entre si.’
O Twitter permite esse tipo de ligação, mesmo com aqueles que podem parecer inatingíveis. Membros do Congresso dos EUA usam Twitter e Facebook para conectar-se com os eleitores, e o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, faz o mesmo, escreveu o Times.
Shashi Tharoor, membro do Parlamento indiano, causou polêmica com seus tweets questionando as estritas políticas da Índia para conceder vistos turísticos. Tharoor lê quase todos os comentários do Twitter dirigidos a ele e responde pessoalmente a quantos puder, disse seu assessor. Tharoor disse ao Times: ‘É uma maneira de envolver as pessoas às quais todos os políticos devem responder em última instância em nosso trabalho’.
Muitos da elite poderosa da Índia questionam seu ‘entusiasmo por uma mídia que diminui a distância entre governadores e governados’, escreveu o Times. Mas, num momento em que o acesso foi virado de ponta-cabeça e está aparentemente democratizado, quem serve a quem hoje é uma noção totalmente nova no culto do amador.
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Do New York Times