Recentemente, o Los Angeles Times tentou permitir que seus leitores redigissem um editorial coletivamente, baseando-se no modelo da Wikipedia, a enciclopédia construída a partir das contribuições dos usuários. A experiência do jornal não durou muito. Algumas horas depois de colocar no ar a ferramenta de criação do texto, que seria publicado na edição impressa, vândalos virtuais começaram a colocar naquele espaço fotos pornográficas, o que obrigou o diário a interromper o projeto.
A idéia do LA Times não deu certo, mas é parte de uma tendência muito forte da internet de se tornar uma ferramenta de criação e participação coletiva. As grandes empresas já perceberam isso e estão entrando na onda, noticia John Markoff, do New York Times [29/6/05]. O Yahoo acaba de comprar o sítio de publicação de fotos Flickr, que permite indexar uma imagem com coordenadas geográficas. Assim, cada fotografia, de cada usuário, poderia ser usada para integrar um imenso mapa-múndi virtual. As fotos também integram uma base de dados que pode ser consultada com um sistema de busca.
O Yahoo também está desenvolvendo um buscador em que as páginas são hierarquizadas com base nas recomendações de outros usuários, cujo grau de confiabilidade é organizado de acordo com as relações sociais dos integrantes de comunidades virtuais. Assim, cada internauta pode marcar um sítio que visitou e achou útil, e seus amigos se beneficiarão da descoberta também. A tecnologia, apelidada de ‘buscador social’, ganhou a marca MyRank.
A gigante Microsoft, por sua vez, anunciou que seus programas passarão a oferecer recursos para trabalhar com RSS, um sistema que permite distribuir e selecionar notícias, que tem muito a ver com o universo dos blogs. Trata-se de uma espécie de peneira customizável que torna possível para o usuário não se afogar no mar de informação da internet. O novo brinquedo da Google, o programa Google Earth, que permite viajar pelo globo terrestre com imagens de alta resolução, também contará com a participação dos usuários.
Apesar de a indústria de entretenimento ter relutado em aceitar o rumo que a rede tomou, menosprezando o potencial da contribuição que cada internauta poderia dar a um todo incrivelmente amplo e complexo, a realidade dos fatos prevaleceu. Estes milhões de usuários produzem informação que ninguém mais pode produzir.