Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Opção multimídia para aplicações educacionais

Seguindo tendência mundial de produção de microcomputadores de baixo custo visando à inclusão digital, pesquisadores da Faculdade de Ciências (FC) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru, apresentaram um novo modelo portátil desenvolvido com tecnologia nacional.

Nomeado de Cowboy, o protótipo tem um custo de produção de US$ 250, preço que, segundo Eduardo Morgado, coordenador do Laboratório de Tecnologia da Informação Aplicada (LTIA) da Unesp, onde o projeto foi desenvolvido com apoio das empresas brasileiras Tecnequip e MSTech, deverá ser reduzido com o início da produção em escala industrial.

Morgado define o novo produto como uma opção intermediária entre um palmtop e um notebook. ‘Ele não pode ser definido nem como um computador pessoal nem como um computador de bolso. O Cowboy é mais uma opção multimídia voltada para aplicações educacionais’, disse à Agência Fapesp.

Com capacidade de processamento equivalente à de um PC Pentium 3, o Cowboy tem tela colorida de LCD de 7 polegadas, processador de 400 MHz, 128 MB de memória RAM, HD de 1 GB, internet sem fio (wi-fi) e saída de vídeo para TV ou monitor externo.

Outra vantagem é a possibilidade de acesso a PCs ou servidores por meio de um sistema de conectividade, o UPnP (Universal Plug and Play). ‘Ao conectar o Cowboy a qualquer outro computador, ele passa a compartilhar arquivos e a usar parte dos aplicativos disponíveis em rede. Dessa forma, um professor pode, por exemplo, distribuir aos alunos o conteúdo ministrado em sala de aula’, explica Morgado.

O equipamento utiliza sistema operacional Windows CE, que permite livre acesso ao código fonte para que sejam feitas modificações no programa original. Oferece ainda leitor e editor de documentos, navegador de internet, reprodutor de arquivos MP3 e de vídeos MPEG-2. O uso do mouse pode ser dispensado: as aplicações na tela são acessadas por apenas oito teclas. A tela pode ser deslizada para sobre o teclado, para uso semelhante ao de um game portátil.

Segundo Morgado, a interface que oferece uma navegação mais simples e intuitiva, dentro do conceito de computação confortável, é outra vantagem do projeto. ‘Um dos enfoques desse conceito é a navegação na internet a partir da combinação de poucos botões. Os ícones são manipulados pela aproximação de uma marcação de apontamento na tela, o que exige pouco conhecimento de informática por parte dos usuários’, disse.

Como todos os dispositivos do Cowboy, do gabinete à placa-mãe, podem ser produzidos no Brasil, os pesquisadores de Bauru estudam propostas de parceria com a iniciativa privada para o início da fabricação e comercialização do produto.

Escala nacional

Avaliações técnica, econômica e de aplicabilidade pedagógica de computadores educacionais semelhantes estão sendo coordenadas pelo Ministério da Educação (MEC). O governo federal deverá, ainda em 2007, definir qual será o modelo destinado a alunos de escolas públicas do país e adquirir as primeiras unidades.

Um dos indicados é o modelo da organização não-governamental One Laptop Per Child (OLPC), idealizado por Nicholas Negroponte, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. Outros candidatos são o Classmate PC, da Intel, e o Mobilis, da indiana Encore Software.

Profissionais de três centros nacionais de pesquisa coordenam as avaliações: o Laboratório de Sistemas Integráveis da Universidade de São Paulo (USP), o Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA), em Campinas, e a Fundação Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi), em Santa Catarina.

‘Sabemos que a linha industrial do Cowboy não estará pronta a tempo para concorrer com os três modelos do programa de inclusão digital do governo federal. Mas, seguramente, seremos mais uma opção disponível a partir de 2008, com a ampliação do programa. Mas, por utilizar tecnologias nacionais, nossa expectativa é que a viabilidade econômica desse produto ocorra independentemente dos programas de governo’, afirma Morgado.

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Repórter da Agência Fapesp