Podemos dividir a história da humanidade em três importantes eras: agrícola, industrial e digital. Na era digital, a sociedade tem recebido o nome de ‘sociedade da informação’, aquela cuja cultura e economia dependem essencialmente da tecnologia, da comunicação e da informação. Em tese, todos participam de alguma maneira, compartilhando do conhecimento com base nas informações que possuem.
Através da convergência tecnológica, o processo de troca de comunicação é em muito facilitado. Hoje podemos processar informações variadas em uma só forma: a forma digital. Diferentes aparelhos são multifuncionais, fazendo uso somente de um pequeno chip. Através de celulares, por exemplo, acessamos a internet, ouvimos rádio e músicas em formato mp3, enviamos e-mails, fotos, vídeos e mensagens curtas de texto (SMS), entre tantas outras funções.
A era é nova e o nome que deram à sociedade atual é pomposo. Deve-se ter cuidado, porém, em não generalizar, tendo em vista a realidade brasileira ser marcada pela exclusão digital. Com a queda de preços e o crescimento da internet, a inclusão digital tem aos poucos acontecido, mas ainda a passos de tartaruga.
Processo de aprendizagem
Observemos o que nos ensina Hugo Assmann, professor e doutor em Teologia, com ênfase em Filosofia da Educação:
‘A sociedade da informação é a sociedade que está atualmente a constituir-se, na qual são amplamente utilizadas tecnologias de armazenamento e transmissão de dados e informação de baixo custo. Esta generalização da utilização da informação e dos dados é acompanhada por inovações organizacionais, comerciais, sociais e jurídicas que alterarão profundamente o modo de vida tanto no mundo do trabalho como na sociedade em geral.
No futuro, poderão existir modelos diferentes de sociedades da informação, tal como hoje existem diferentes modelos de sociedades industrializadas. Esses modelos podem divergir na medida em que evitam a exclusão social e criam novas oportunidades para os desfavorecidos. A importância da dimensão social caracteriza o modelo europeu. Este modelo deverá também estar imbuído de uma forte ética de solidariedade.
A mera disponibilização crescente da informação não basta para caracterizar uma sociedade da informação. O mais importante é o desencadeamento de um vasto e continuado processo de aprendizagem.’ [ASSMANN, Hugo. A metamorfose do aprender na sociedade da informação. Disponível aqui. Acesso em: 09 mar.2007]
Arpanet, a precursora
Neste contexto, podemos falar da internet. A Internet surgiu nos anos 60, na época da Guerra Fria, nos Estados Unidos. O Departamento de Defesa norte-americano pretendia criar uma rede de comunicação de computadores entre pontos estratégicos. A intenção era descentralizar informações valiosas de forma que não fossem destruídas por bombardeios se estivessem localizadas em um único servidor.
Assim, a ARPA (Advanced Research Projects Agency), uma das subdivisões do Departamento, criou uma rede conhecida por Arpanet, ligada por um backbone (‘espinha dorsal’, isto é, estruturas de rede capazes de manipular grandes volumes de informações) que passava por debaixo da terra, o que dificultava sua destruição. O acesso à Arpanet era restrito a militares e pesquisadores, demorando para chegar ao público em geral pelo temor sobre o mau uso da tecnologia por civis e países não-aliados.
Selecionando e emitindo informações
No Brasil, a conexão de computadores por uma rede somente era possível para fins estatais.
Em 1991, a comunidade acadêmica brasileira conseguiu, através do Ministério da Ciência e Tecnologia, acesso a redes de pesquisa internacionais.
Em maio de 1995, a rede foi aberta para fins comerciais, ficando a cargo da iniciativa privada a exploração dos serviços. Hoje, para conectar seu computador, o usuário paga os serviços de um provedor de acesso ou tem conexão direta.
O fenômeno internet difere dos outros meios de comunicação conhecidos até agora, uma vez que a postura do receptor no rádio e na televisão é meramente passiva, enquanto em relação à internet o receptor participa selecionando e emitindo informações.
Uma ferramenta incomparável
Há várias maneiras de trocar e obter informações através da internet, dentre as quais a World Wide Web (www), mecanismos de busca, e-mail (correio eletrônico), peer-to-peer, IRC (Internet Relay Chat), VoIP (voz sobre IP), listas de discussão, bate-papos e mensagens instantâneas. A própria rede, por sua vez, é acessada através de diversos meios, caracterizando o típico exemplo de convergência tecnológica, da facilitação no processo de troca de comunicação. A internet está presente em computadores, celulares, palms, e diferentes aparelhos multifuncionais.
Voltemos no tempo. Consegue se imaginar sem esta maravilhosa invenção que hoje é uma oportunidade de atravessar fronteiras, derrubar barreiras e dividir idéias de forma única? Além de tudo, aumenta a capacidade de leitura (também estimulando novas leituras), ajuda a encontrar informações, resolver problemas e, sem dúvida, a adquirir competências cada vez mais exigidas no mercado de trabalho. Fica no ar a pergunta cuja resposta soa um tanto óbvia para a maior parte dos usuários desta ferramenta incomparável.
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Consultora, educadora e pesquisadora; www.catm.adv.br