Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Os hackers e o submundo da internet

O grupo que se autodenomina Hiva Digital Security Team, supostamente responsável pelo ataque à página do Observatório no dia 3/11 é um velho conhecido dos responsáveis pelo site Zone H, especializado em ações terroristas na internet, especialmente as invasões organizadas por hackers.


Segundo as informações publicadas pelo Zone H, o Hiva Digital Security Team vem agindo há pelo menos dois anos e seus alvos prediletos são páginas web de governos do leste europeu, ex-membros da União Soviética; páginas web de órgãos do governo iraniano e instituições européias que tem negócios com países árabes.


O site não disponibiliza informações sobre a identidade dos hackers do Hiva, que aparentemente tem uma predileção em atacar alvos ligados ao governo do Irã a partir de computadores instalados no leste europeu, onde os controles sobre o uso da internet são praticamente nulos.


Uma busca no Google usando o nome do grupo indicou 16 mil ocorrências desde 2005, inclusive algumas invasões no Brasil, como o site Bahia Terra da Felicidade, também hackeado recentemente. Ou a empresa libanesa Recruiters, especializada em contratação de mão de obra cuja página foi desfigurada pela ação dos invasores.


O ataque a computadores e redes de computadores vem crescendo de intensidade a medida em que a internet aumenta a sua capilaridade no mundo inteiro, e o Brasil ocupa um lugar destacado na lista de delinqüentes virtuais, segundo a empresa de consultoria Connection, de Porto Alegre e especializada em segurança online.


Os dados que a empresa divulgou, há dois anos, mostram que sete de cada 10 hackers atuando no mundo estão localizados no Brasil. Os prejuízos causados pela ação dos invasores de computadores já ultrapassa os US$ 60 bilhões anuais, segundo a Zone H.


É um problema complicado pela própria natureza da descentralizada da web, pois os hackers podem mover-se facilmente de um país a outro, especialmente entre os que exercem pouco controle sobre o uso da internet.


Mas mesmo que um país tente exercer um controle férreo sobre os usuários da rede como acontece na China, os resultados são muito relativos, como mostra o acelerado crescimento de weblogs ilegais entre os jovens chineses que desafiam as proibições oficiais.


Os delitos mais comuns praticados pelos hackers estão ligados ao roubo de senhas e ao desvio de dinheiro em contas bancárias operadas pela web. Mas a modalidade que mais cresce é a invasão de computadores para mostrar presença e causar danos à programação do site invadido, como foi o nosso caso.


Há suspeitas de que o grupo Hiva Digital Security Team seja composto por dissidentes iranianos contrários ao governo liderado pelos aiatolás. Eles usam táticas que poderiam ser comparadas às dos grafiteiros urbanos, que colocam suas siglas em prédios para obter visibilidade e mostrar ousadia junto aos seus concorrentes.

******

Jornalista