Os jornais informam nas edições de quarta-feira (1/12) que o plano de banda larga do governo vai ser adiado para abril de 2011. Oficialmente, o presidente Lula da Silva deixa para sua sucessora a definição do projeto, que foi anunciado em abril deste ano e recebido pela imprensa como mais um movimento do governo petista no sentido de estatizar a economia.
Deste então, jornais e revistas deram apoio incondicional ao sindicato das operadoras de telecomunicações, que se posicionaram contra a reativação da Telebrás, detentora da rede de fibra ótica da Eletronet, empresa de capital misto que foi à falência.
A Eletronet deixou instalados 16 mil quilômetros de fibra ótica, numa rede que liga Fortaleza a Porto Alegre, passando por estados como Maranhão e Pará, municípios do interior do Nordeste e áreas remotas do Centro-Oeste. Segundo estudos técnicos, seria a melhor alternativa, somada a redes de outras empresas, como a Petrobras, para realizar o compromisso de universalizar o acesso à internet em banda larga.
Discordâncias de fundo
Na disputa entre o governo e as empresas privadas de telecomunicações, a imprensa toma claramente o partido das empresas, mas não faz avançar o debate sobre a necessidade e as consequências de oferecer internet a todos os brasileiros.
Para complicar ainda mais o entendimento da disputa, tramita no Senado Federal projeto que permite às operadoras de telecomunicações ingressar no mercado de TV a cabo. A iniciativa contraria os interesses das emissoras de televisão, das distribuidoras de canais estrangeiros e de parte das operadoras de TV paga, segundo a Folha de S.Paulo. Atualmente, a legislação proíbe empresas de telecomunicações de oferecer TV a cabo nas áreas em que possuem concessões de telefonia fixa.
Além do conflito entre as empresas de setores variados, há uma discordância entre as teles e o governo: as telefônicas querem oferecer pacotes completos com telefone, internet e TV paga através de suas redes de cabo, e o governo prefere estimular a concorrência, para assegurar mais qualidade e preços menores.
Mais clareza
A imprensa brasileira apresenta os dois assuntos separadamente, como se o projeto de universalização da internet não tivesse conexão com a disputa que se trava entre as empresas de telecomunicações e as empresas de comunicação.
O Senado apressa a votação que favorece um dos lados, e a sociedade fica à margem das discussões porque a imprensa não contribui para esclarecer as consequências de uma ou outra decisão.
Vai acordar quando chegar a conta.