Se os pré-candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) quiserem crescer nas regiões onde seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto anda fraco, é bom olharem como cada região está utilizando as redes sociais.
Principalmente Twitter e blogs, os instrumentos on-line que, segundo pesquisadores que estudam a interação entre internet e política, serão as principais ferramentas na campanha eleitoral de 2010 na internet.
Por exemplo: se Serra quiser aumentar seu número de eleitores no Nordeste – onde Dilma tem tido mais intenções de voto –, os 190 mil seguidores do tucano no Twitter poderão ajudálo nisso. Os internautas de Norte e Nordeste são aqueles que mais acessam sites de relacionamento como Twitter. Já Dilma deve avisar à equipe que cuidará de seu blog de campanha de que ele pode aumentar a parcela de eleitores da petista no Sudeste – onde ela não é tão forte. A região tem um dos mais altos percentuais de internautas que utilizam blogs. Essa análise do uso das redes sociais pelas diversas faixas da população – presente num estudo divulgado esta semana pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic), braço de pesquisa do Comitê Gestor da Internet – mostra o alcance dessas redes na campanha eleitoral de 2010.
Propagação rápida
No país, 67% dos internautas acessam redes sociais A pesquisa foi feita em 2009, em todo o país. Segundo o gerente do Cetic, Alexandre Barbosa, se 22% dos internautas brasileiros usavam redes sociais em 2005, em 2009 esse número foi para 67%.
– Um dado curioso é que, embora Sul, Sudeste e CentroOeste tenham o maior número de internautas (49%, 51% e 50%, respectivamente), o Norte e o Nordeste têm o maior número de usuários de redes sociais – diz o gerente do Cetic, que divide as redes sociais em sites de relacionamento (Facebook, Twitter, Orkut); fóruns e listas de discussão; e blogs.
– Os jovens usam mais os sites de relacionamento. No Sudeste, há muitos criadores de blogs. Apesar dessas diferenças, os sites de relacionamento sempre têm percentual alto. São eles que puxam o uso de outras redes sociais.
Um exemplo disso está no fato de que muitos tweets têm justamente a função de chamar o usuário para blogs – ou para o YouTube (que o Cetic conta como lazer na internet), canal que demonstrou sua força nas últimas eleições a prefeito no Rio, ao ser usado pelo então candidato Fernando Gabeira. Para Juliano Borges, pesquisador de comunicação política da Uerj, a complementaridade entre Twitter e outras mídias dará o tom da campanha na internet: – Nas últimas eleições, as pessoas ainda pensavam na campanha na internet com lógica de campanha na TV, por isso o vídeo no YouTube foi tão usado.
Agora, após a campanha virtual do Obama, a campanha na internet terá lógica mais própria. E o ponto forte deve ser essa dobradinha entre Twitter e blogs.
A professora Adriane Figueirola Martins, que pesquisa política e internet em doutorado na UFF, também destaca a integração de Twitter a outros canais:
– Não vejo muito Facebook e Orkut na campanha, eles não têm a instantaneidade do Twitter.
Além de puxar para blogs, sites e YouTube, o Twitter tem propagação muito rápida.
– O Twitter evita o chamado desinteresse prévio: mesmo quem não entraria em site político recebe tweets da área – diz Afonso de Albuquerque, do departamento de Estudos de Mídia da UFF. – Mesmo quem não acessa internet atrás de política é atingido no Twitter por ela.