As novas oportunidades que as mídias sociais trouxeram são encaradas pelas empresas, muitas vezes, como perigosas. A partir do momento em que certo controle do que é falado fica praticamente impossível, os riscos aumentam e as chances de questões negativas serem abertamente discutidas também sobem. Isso, ao contrário do que podem supor profissionais de comunicação organizacional, é bastante positivo.
Não há perigo onde não existem posicionamentos e comportamentos duvidosos ou indesejados. Em outras palavras: para as empresas corretas, as mídias sociais só vêm acrescentar possibilidades de relacionamento. Já para as outras, sim, o perigo é iminente. Que bom que é dessa forma. Mais que modismo, as mídias sociais podem colaborar para certa limpeza no mercado, com empresas questionáveis sumindo dele.
Pode parecer utopia e, de certa forma, é mesmo. Seria o ideal dos mundos, o uso mais extremado das mídias sociais, com empresas sendo desmascaradas e vendo vir a público seus podres, seus passados negros e seus jogos de interesse. Afinal, mostrar o que há de errado não é, também, um dos pilares da comunicação, em especial do jornalismo? Então, por que não agir nesse sentido nos perfis da vida digital?
Perfis e contas digitais
É certo que muitas empresas têm o que esconder. Mas há dois lados diferentes. De um, informações realmente confidenciais e essenciais para o sucesso no mercado – nada mais natural que preservá-las, já que fazem parte da estratégia empresarial. De outro, comportamentos inadequados e práticas condenadas socialmente; é nesse lado que as mídias sociais podem ajudar.
Aqui e ali, têm aparecido exemplos de como as empresas tratam seus clientes. São emblemáticos, por exemplo, os casos da Renault e da Brastemp, marcas fortes em seus segmentos de mercado e que enfrentaram situações de risco às suas imagens nas mídias sociais. Isso será cada vez mais comum. Ainda bem. Se usados de forma correta e construtiva, perfis e contas digitais ajudam a desmascarar muita empresa ruim que há por aí. E o jornalismo poderia seguir o mesmo caminho. Resta saber se ele tem interesse…
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[Clenio Araujo é mestrando em Comunicação Institucional e Mercadológica / Umesp]