A Rede Bandeirantes de Televisão, Band para os íntimos, tradicionalmente tem uma das melhores e mais confiáveis coberturas jornalísticas da TV brasileira, resultado do profissionalismo, responsabilidade e competência de seus profissionais e da direção da empresa. Porém, pelo menos no Rio, esse profissionalismo contrasta com algumas práticas que absolutamente não combinam com o nível de qualidade que o jornalismo da emissora esbanja.
O maior exemplo desse contraste ocorreu no sábado (30/9), quando a Band dava um verdadeiro show de cobertura do trágico acidente ocorrido na noite anterior com o vôo 1907 da Gol, que saiu de Manaus em direção a Brasília. A Band tinha sido a primeira a exibir, ao vivo, ainda na sexta-feira, o depoimento de um rádio-amador, o primeiro a receber a notícia do acidente, dada por colega que fora testemunha ocular da queda do Boeing. Pois na manhã daquele sábado, Heleonora Pascoal, repórter da Band, já estava em região próxima ao local do acidente e noticiou, às 9h, e com exclusividade, que os destroços da aeronave haviam sido encontrados. Às 11h, a repórter estava a bordo de um avião procurando obter imagens do ponto exato do acidente. Enquanto isso, Globo e SBT exibiam desenhos animados, e a Record vendia carros.
Pequenez editorial
Às 11h, o show da Band esbarrou no amadorismo, pelo menos no canal 7 do Rio de Janeiro, quando entrou no ar o ‘programa’ publicitário da Casa Magrins. Por meia hora, os telespectadores da Band carioca tiveram que optar entre mudar de canal, desligar a televisão ou assistir a um desfile de vendedores de um daqueles produtos ‘milagrosos’ de emagrecimento. Entrevistavam ex-gorduchas felizes por estarem aptas, após usarem o ‘elixir’, a realizar o ‘Teste da Camiseta’, isto é, literalmente vestir a camisa do produto e mostrar sua nova silhueta.
A venda de horário publicitário na Band, ou a venda de parte do horário de programação da emissora é prática comum e irritante, pelo menos em sua afiliada carioca. A Band, seguindo a legislação, deixa claro que o horário é vendido exibindo um aviso: ‘As opiniões expressas nos programas não correspondem àquelas da emissora’.
Mas, levando-se em consideração a qualidade não só do jornalismo, mas também da própria produção dos programas (independentemente do conteúdo de cada um), já era hora de a direção rever esses arroubos de amadorismo ou, no mínimo, de pequenez editorial da emissora, em meio a tanta qualidade e profissionalismo já comprovadas por seus jornalistas.
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Estudante de Jornalismo, Niterói, RJ