Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Publicidade de álcool
tem nova estratégia


Leia abaixo a seleção desta segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 24 de setembro de 2007


PUBLICIDADE
Andrea Vialli


‘Beba com moderação’ em dose dupla


‘Sob pressão, indústria da bebida aumenta os alertas contra excessos


A indústria de bebidas alcoólicas, às voltas com um projeto do Ministério da Saúde com restrições à publicidade e sob pressão de ONGs que a consideram vilã da saúde, quer usar a propaganda para mudar essa imagem. Para isso, pretende ir além do aviso ‘beba com moderação’ em suas campanhas. Esta semana, entram no ar em rede nacional duas campanhas com esse mote: a da cerveja Brahma, que tem como garoto-propaganda o cantor Zeca Pagodinho, e a da vodca Smirnoff, com o slogan ‘Uggo não!’ – uma referência aos efeitos da bebedeira.


Há duas semanas, a AmBev já vem veiculando uma nova campanha da cerveja Antarctica, em que a protagonista, a atriz Juliana Paes, tentava tirar uma grande mala da mesa do seu bar. A mensagem era clara: se beber demais, a pessoa vira uma ‘mala’. Agora, na campanha da Brahma, Zeca Pagodinho lista uma série de comportamentos não aconselháveis – como dirigir após exagerar na bebida – e no final emenda com a frase: ‘Se você não sabe beber, não tome Brahma. Tome juízo, sujeito.’


Embora as campanhas publicitárias com mensagens de consumo responsável já sejam veiculadas desde 2001, foi neste ano que ficaram mais explícitas. ‘Havia uma crítica de que nós não colocávamos as mensagens de consumo responsável nas falas dos garotos-propaganda. Hoje, isso já ocorre’, diz Milton Seligman, diretor de assuntos corporativos da AmBev. O executivo reconhece que a campanha de consumo consciente com Zeca Pagodinho é uma resposta às críticas do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que recentemente disse que gostaria de ver uma campanha onde o cantor veiculasse uma mensagem mais responsável.


O publicitário Nizan Guanaes, da agência Africa, que assina a campanha junto com Eduardo Martins e Carlos Fonseca, garante que não poderia haver melhor garoto-propaganda para a campanha da Brahma. ‘Zeca é um trabalhador, deu importante contribuição cultural para o País e é um sujeito de bem. É o melhor porta-voz para dizer isso às massas.’


PÚBLICO JOVEM


A campanha ‘Uggo não!’, da Smirnoff – marca da multinacional Diageo -, que começa a ser veiculada amanhã, é uma tentativa de se aproximar mais do público entre 20 e 35 anos. Segundo Walter Celli, gerente de marketing da Smirnoff, as peças, criadas pela agência JWT Brasil, apresentam os riscos do consumo excessivo de álcool em uma linguagem mais acessível.


‘Procuramos deixar de lado o tom professoral e o discurso de utilidade pública. Preferimos contextualizar as conseqüências do consumo excessivo de álcool no dia-a-dia’, diz. Segundo Celli, nesse ponto a campanha se diferencia de outras feitas pela indústria de bebidas no País, com os motes ‘beba com moderação’ e ‘se beber, não dirija’.


Porém, para o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e autor de uma recente radiografia sobre o alcoolismo no País, essas campanhas responsáveis ‘não passam de jogo de cena’ das empresas. Segundo ele, a propaganda mostra apenas o lado festivo da bebida – o que atrai o interesse do jovem e pode efetivamente incitá-lo a consumir. ‘A publicidade mostra festa, glamour, e a mensagem do consumo responsável fica diluída.’’


MÍDIA & RELIGIÃO
Carlos Alberto Di Franco


Fé, razão e tolerância


‘Em recente artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, o escritor e jornalista Gilberto de Mello Kujawski, armado de uma lógica afiada e de um bom senso cortante, desnudou o laicismo intolerante que se oculta em certo proselitismo do Estado laico.


Kujawski afirma, com razão, ‘que laico é o Estado, não o país, a nação, a sociedade brasileira. A laicidade estatal não se estende por lei ou decreto a toda a sociedade. Pensar o contrário e admitir que o Estado absorve em si a sociedade significa incidir em cheio no totalitarismo’. Separação entre Igreja e Estado quer dizer independência. O envolvimento de setores da Igreja na luta contra a privatização da Vale do Rio Doce não tem sentido. Não há nada na Doutrina Social da Igreja que se oponha às privatizações. Ao mesmo tempo, tentar expulsar a Igreja do debate em defesa da vida é arbítrio laicista. A independência é um bem para a Igreja e para o Estado. Mas não significa ruptura e, muito menos, virar as costas para o Brasil real.


Como já escrevi neste espaço opinativo, o laicismo, tal como hoje se apresenta e ‘milita’, não é apenas uma opinião, um conjunto de idéias ou uma convicção, que se defende em legítimo e respeitoso diálogo com outras opiniões e convicções, como é próprio da cultura e da praxe democrática. Também não se identifica com a ‘laicidade’, que é algo positivo e justo e consiste em reconhecer a independência e a autonomia do Estado em relação a qualquer religião ou igreja concreta, e que inclui, como dado essencial, o respeito pela liberdade privada e pública dos cultos das diversas religiões, desde que não atentem contra as leis, a ordem e a moralidade pública.


O laicismo-militante atual é uma ‘ideologia’, ou seja, uma cosmovisão – um conjunto global de idéias, fechado em si mesmo -, que pretende ser a ‘única verdade’ racional, a única digna de ser levada em consideração na cultura, na política, na legislação, no ensino, etc. Por outras palavras, o laicismo é um dogmatismo secular, ideologicamente totalitário e fechado em sua ‘verdade única’, comparável às demais ideologias totalitárias, como o nazismo e o comunismo. Tal como as políticas nascidas dessas ideologias abomináveis, o laicismo execra – sem dar audiência ao adversário nem manter respeito por ele – os pensamentos que divergem dos seus ‘dogmas’, e não hesita em mobilizar a ‘Inquisição’ de setores da mídia, para achincalhar – sem o menor respeito pelo diálogo – as idéias ou posições que se opõem ao seu dogmatismo. Alegará que são interferências do pensamento religioso ou de igrejas, quando um democrata deveria pensar apenas que são outros modos de pensar de outros cidadãos, que têm tantos direitos como eles; e sem reparar que o seu laicismo-militante, dogmático, já é uma pseudo-religião materialista e secular, como o foram o comunismo e o nazismo.


Pratica-se, então, o terrorismo ideológico, pelo sistema de atacar os que, no exercício do seu direito democrático, pensam e opinam de modo diferente do deles, acusando-os de serem – só por opinarem de outra maneira – intransigentes, tirânicos, ditatoriais (três características das quais o laicismo, na realidade, parece querer a exclusividade).


A humanidade, imaginam os defensores de uma cultura agnóstica e laicista, seria mais civilizada e feliz num mundo liberto das amarras espirituais. Será? Penso que não. Na verdade, a história das utopias da razão está manchada de sangue, terror e privação. Freqüentemente, salienta Oscar Wilde com boa dose de argúcia, ‘as melhores intenções produzem as piores obras’. A Revolução Francesa, por exemplo, não gerou apenas um magnífico ideário. A utopia de 1789, em nome da ‘igualdade’, da ‘fraternidade’ e da ‘liberdade’, desembocou no terror da guilhotina.


A 2ª Guerra Mundial não foi acionada por gatilhos religiosos. O holocausto do povo judeu, fruto direto da insanidade de Hitler, teve alguns de seus pré-requisitos na filosofia da morte de Deus. Nietzsche, o orgulhoso idealizador do super-homem, está na raiz imediata dos campos de concentração e de extermínio programado. E não foi a religião que desencadeou o Arquipélago Gulag do stalinismo. Feitas as contas, com isenção e honestidade intelectual, é preciso reconhecer que o sonho racionalista projetou poucas luzes e muitas sombras.


O autêntico fenômeno religioso, ao contrário, só pode medrar no terreno da liberdade. Na verdade, entre uma pessoa de convicções e um fanático existe uma fronteira nítida: o apreço pela liberdade. O fanático impõe, fulmina, empenha-se em aliciar. A pessoa de convicções, ao contrário, assenta serenamente em suas idéias. Por isso, a sua convicção não a move a impor, mas a estimula a propor, a expor à livre aceitação dos outros os valores que acredita dignos de serem compartilhados. Sabe que somente uma proposta dirigida à liberdade pode obter uma resposta digna do homem.


É preciso, sem dúvida, desenvolver o senso crítico contra os desvios da intolerância, do fanatismo e de certas manifestações de estelionato religioso tão freqüentes nos dias que correm. Mas não ocultemos os estragos causados pelo fundamentalismo racionalista. A isenção é o outro nome da honestidade intelectual. A busca da verdade não enfraquece o afã de liberdade. Ao contrário, é sua mola propulsora, pois a autêntica liberdade é a adesão voluntária à verdade que se impõe a uma inteligência lúcida, aberta e não condicionada por preconceitos ou interesses.


Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo, professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia E-mail: difranco@ceu.org.br


MERCADO DE MÍDIA
Claudia Eller


Mais um divórcio em Hollywood


‘Menos de dois anos depois de o diretor Steven Spielberg e seus parceiros terem vendido a DreamWorks SKG para a Paramount Pictures – que faz parte da Viacom Inc. – por US$ 1,6 bilhão, o divórcio parece inevitável. Spielberg e seu parceiro, David Geffen, têm sentido que não têm recebido mais autonomia nem crédito dentro da Viacom diante do sucesso de seus últimos lançamentos.


Os recentes sucessos de bilheteria Transformers e Escorregando para a Glória tiraram a Paramount do fundo do poço e intensificaram os ressentimentos entre os fundadores da DreamWorks e seus proprietários, tensão que só tem se acumulado desde que a transação foi concluída, há 19 meses.


Com o arrependimento pela venda, a expectativa é que a diretoria da DreamWorks se afaste no final do próximo ano. Geffen já vem dizendo que ele e Spielberg planejam procurar um novo apoio financeiro e um novo studio.


Mas o rompimento será atabalhoado. Não apenas Spielberg está mergulhado numa série de produções cinematográficas de grande porte no estúdio, como também seus sócios seriam obrigados a deixar para trás centenas de projetos em andamento, além de executivos importantes na DreamWorks e também aqueles que foram colocados em cargos chave na Paramount.


A partida deles resultaria numa rivalidade ainda mais acirrada entre a Paramount e a Dream Works, pois os dois grupos então competiriam cabeça a cabeça por projetos, talentos e o dinheiro do consumidor.


A questão para a Paramount, então, é saber se o estúdio ganhou a aposta que fez quando comprou o estúdio de Spielberg, Geffen e Jeffrey Katzenburg com 11 anos de existência. Executivos da Paramount dizem que a aquisição mais do que se pagará por si mesma.


‘Para nós, a transação foi altamente lucrativa e seu cronograma está adiantado’, disse o presidente do conselho da Paramount, Brad Grey. O executivo reconheceu que a transação com a DreamWorks ‘realmente acelerou nossa recuperação.’ Sucessos da DreamWorks como Dreamgirls: Em Busca de um Sonho tiveram um papel importante na recuperação da Paramount, que tinha poucos projetos em andamento quando Grey assumiu o posto, no início de 2005.


Numa época em que os filmes da Paramount tiveram um desempenho nas bilheterias aquém do esperado, os sucessos da DreamWorks catapultaram seu proprietário do último para o primeiro lugar em participação de mercado.


O diretor da divisão de filmes de não animação da DreamWorks, David Geffen, já deixou claras suas intenções de deixar a Paramount. Se ele for, Spielberg tem o direito de segui-lo porta afora. Se Spielberg sair, Stacey Snider, que dirige a DreamWorks, também pode ir.


Depois que a notícia do desejo de deixar a Paramount de Geffen começou a circular, o alto escalão da Viacom resolveu reagir. Numa conferência com investidores em Nova York na semana passada, o diretor-presidente da Viacom, Philippe Dauman, disse sobre o provável divórcio: ‘Estamos nos planejando para isso.’’


INCLUSÃO DIGITAL
Cinthia Toledo


A infância digital da terceira idade


‘Redescobrir a vida na terceira idade. Foi isso que a internet possibilitou para muitos idosos que venceram o medo e acessaram a web pela primeira vez após os 60 anos. E eles foram longe: fizeram novas amizades, trocaram experiências, estabeleceram contato com parentes que vivem longe, viajaram pelo Google Earth.


Chloé Siqueira virou professora depois que fez um curso de informática. Com 80 anos, ela é coordenadora do KidNet, curso da ONG Aprendiz, em que idosos dão aulas para crianças. ‘Trabalho com um prazer muito grande. Estou viva e com saúde, na idade certa para aprender’, afirma.


Antes das aulas, Chloé não sabia nem ligar o PC. ‘Só via computador em revista e jornal’, diz. ‘Mas sempre tive vontade de mexer em um. Sou muito curiosa.’ Hoje, além de fazer musculação, ler, ir ao cinema e bordar, ela navega na internet, fala com familiares e amigos via Skype, MSN e ICQ e baixa músicas para o tocador de MP3. ‘Só que o MP3 eu ponho em um ouvido só, senão pensam que eu sou surda’, brinca.


Nos últimos quatro anos, dobrou o número de pessoas da terceira idade que são usuárias residenciais da rede, segundo pesquisas do Ibope/NetRatings. Em junho de 2003, eram 122 mil usuários e, no mês passado, já passavam de 260 mil.


Proporcionalmente, no entanto, o porcentual de internautas idosos caiu de 1,55% para 1,37% do total de usuários residenciais. ‘Isso acontece porque, entre os idosos que têm acesso à internet em casa, alguns se tornam internautas e outros, não. Já entre os jovens, 100% se tornam usuários da rede’, explica Alexandre Sanches Magalhães, gerente de análise de mercado do Ibope.


O porcentual de internautas idosos cresce principalmente por conta das mulheres. Entre os que têm mais de 50 anos, o número de novos usuários do sexo feminino foi duas vezes superior ao masculino entre abril de 2006 e o mesmo período deste ano. ‘As mulheres estão conquistando um terreno onde tinham certa fragilidade’, destaca Magalhães.


Segundo o Ibope/NetRatings, o serviço mais acessado por pessoas com mais de 60 anos é um programa de mensagens instantâneas, seguido por um software de telefonia pela rede. Outros favoritos são os sites de bancos e de notícias.


Nesta edição, você conhecerá histórias de idosos que mergulharam de cabeça na web, verá que é possível adaptar o PC às suas necessidades e conhecerá uma série de dicas para usufruir da tecnologia sem sustos. Bem-vindo à vida virtual.’


Cinthia Toledo


Idoso rompe tabu ao fazer curso para mexer no PC


‘É natural que as pessoas de mais idade tenham receio de mexer no computador ou em aparelhos como celular e toca-MP3. Afinal, são produtos (e serviços) que não são típicos de sua geração. ‘O novo pode causar medo e ansiedade em qualquer pessoa. E há uma cobrança hoje em torno dos ‘iletrados digitais’, mesmo que sejam idosos’, explica a psicóloga e gerontóloga da Unifesp, Cláudia Ajzen.


‘Equipamentos que não tinham nada a ver com o seu dia-a-dia passam a ser necessários, não só para que eles se insiram socialmente, nas conversas com filhos e netos, mas também para que mantenham sua autonomia’, completa.


Mas vale a pena romper a resistência inicial porque a internet pode abrir um novo mundo de possibilidades para a terceira idade e levar o idoso a descobrir uma parte de sua personalidade que desconhecia.


Foi o que aconteceu com o aposentado José Cezarino, de 75 anos. ‘O computador deixa a gente meio louco, né?’, brinca. Ele começou a usar a internet em busca de uma companheira. Com o auxílio do neto, criou um perfil no Orkut, em que se apresentou como um ‘idoso à procura de alguém’. Chegou a ir até o Mato Grosso para conhecer uma pretendente.


Mas não deu certo. ‘Não me preparei bem. Fui direto para a casa dela, depois de uma viagem de oito horas’, justifica. Hoje, Cezarino namora uma pessoa que conheceu ‘offline’ e, apesar de a web não ter sido o cupido, diz que adora o contato com a rede. ‘Só que ainda apanho muito’, reclama. Nada mais normal. ‘O aprendizado nessa faixa etária é mais devagar, mas, no ritmo certo, ele acontece’, diz Cláudia Ajzen.


Por isso, uma boa idéia é fazer um curso voltado à terceira idade, já que, com freqüência, as pessoas mais próximas, como filhos e netos, não têm paciência ou tempo para explicar. E isso pode desestimular o idoso.


Pequenas adaptações no PC também podem facilitar o aprendizado e o dia-a-dia. É possível, por exemplo, aumentar o tamanho das letras de sites da internet. Aperte a tecla ‘Ctrl’ e mexa no botão de rolagem do mouse. Veja na página 5 como aumentar as letras de programas do Windows, entre outras dicas.


Uma das reclamações mais freqüentes é como controlar o mouse, aquele acessório que parece um ratinho e serve para controlar a maioria das funções no PC. É possível configurá-lo para que reaja um pouco mais lentamente, mas o segredo é treinar, treinar, treinar. Use e abuse de joguinhos como Paciência e Campo Minado: o movimento de arrastar objetos é uma excelente maneira de aprender a dominar o danadinho.


Também é preciso adaptar a mente para entender esse novo universo. ‘Uma senhora uma vez me perguntou se pausando a música que ela ouvia na web poderia riscar. Quer dizer, ela ainda raciocinava como se fosse um disco de vinil’, conta Izabel de Madureira Marques, coordenadora do curso Oldnet, da ONG Aprendiz.’


Cinthia Toledo


Tecnologia aproxima idoso e família


‘Você já não precisa ser um ás em computador para fazer suas primeiras incursões na internet. E, assim que começar a navegar por sites de seu interesse e usufruir de serviços online superúteis, as descobertas o estimularão a seguir em frente.


Então, vamos lá. A web possibilita que você fique mais próximo de familiares e amigos que vivem em outras cidades e países ou que não encontra com freqüência. Basta instalar no PC programas como Windows Live Messenger (http://messenger.live.com) – o famoso MSN – ou Skype (www.skype.com) para falar com outros internautas à vontade, de graça. Tanto você quanto seus contatos precisam ter conexão de internet banda larga (rápida), principalmente para usar o Skype.


A professora aposentada Tamara Ulmer Worsmann, de 63 anos, conversa pela rede com parentes na Estônia (Europa), sem pagar nenhum centavo. ‘É uma parte da família que eu nem conheço. A internet é que nos aproximou. É um meio de comunicação muito bom’, diz.


Até pouco tempo atrás, Tamara morria de medo de mexer no PC. ‘Era horrível, tinha uma sensação de analfabeta.’ Até que resolveu fazer um curso de informática. ‘Queria fazer de novo, de tão incrível que foi. Mas nunca mais vou ter aquela sensação. Com 63 anos, me senti como uma criança aprendendo um monte de coisas.’


Só webcam ela diz que ainda não tem. Faz mesmo falta. Se as duas pessoas tiverem uma camerazinha no PC, podem conversar olhando nos olhos uma da outra. Melhora a saudade de um filho distante!


Na hora de instalar o MSN, você precisará criar um e-mail para usar o serviço. Faça um, gratuito, do Hotmail (www.hotmail.com). Em seguida, adicione seus contatos, com quem poderá bater papo por escrito ou via voz sempre que estiverem online (aparecem em verde).


O MSN é o mensageiro mais popular do Brasil, com mais de 30 milhões de usuários, e é ideal para manter contato com seus netos do jeito que eles mais gostam.


No Skype, você também pode conversar por escrito, mas o grande barato são as ligações gratuitas de Skype para Skype, de ótima qualidade. É necessário ter, pelo menos, um microfone e uma caixa de som ligados ao PC. Se o seu interlocutor não estiver conectado à web, você pode comprar créditos pelo site www.skype.com e ligar para telefones comuns com tarifas DDD e DDI mais baratas.


AMIZADE VIRTUAL?


A internet também possibilita que você faça novos amigos. Lila Furtado, de 65 anos, entrou na comunidade do Orkut ‘Culinária-Receitas’. E, trocando receitas, fez ‘verdadeiros amigos’. ‘Teve o ‘Orkontro’ da comunidade em São Paulo, foram mais de cem pessoas’, conta Lila, de Belo Horizonte.


Outra boa dica é ‘viajar’ pela rede. Tamara adora visitar sites de museus como o Louvre (www.louvre.fr) e explorar a Terra pelo Google Earth (http://earth.google.com/). ‘É até melhor, porque não gasto nada’, brinca.’


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Escolha a conexão de acordo com as suas necessidades


‘Se você ainda não tem internet em casa, precisa analisar antes o seu perfil de consumo para ver que tipo de conexão vai colocar.


A internet discada funciona pela linha telefônica. É uma opção barata, mas traz algumas limitações. É bem mais lenta e tem o inconveniente de deixar o telefone ocupado. Também não dá para usar programas de telefonia pela internet, como o Skype, porque a ligação fica muito ruim.


É preciso ter um provedor de internet. Existem várias opções gratuitas, como iG e iTelefônica. Mas fique atento ao tempo que permanecerá online porque, se você não tiver um plano, pagará como se estivesse fazendo uma ligação local.


Para quem for acessar só nos fins de semana (no sábado a partir das 14 horas e no domingo o dia todo) ou de segunda a sexta-feira entre meia-noite e 6 horas da manhã, os valores são bem mais baixos. Se você usar fora desses horários e por bastante tempo, pode aderir a um plano da Telefônica. O plano ilimitado custa R$ 19,80 nos dois primeiros meses e, depois, R$ 29,90.


Na internet banda larga, bem mais indicada, há diversas opções de velocidade. Mesmo as mais básicas já são cerca de cinco vezes mais rápidas do que a discada. Dá para navegar à vontade pela internet, usar o MSN com webcam, enviar fotos e usar o Skype. Custa cerca de R$ 65 por mês. Uma conexão um pouco mais veloz permite baixar arquivos maiores, como filmes e séries. Custa aproximadamente R$ 110 mensais.’


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Evite as pragas da internet


‘As maravilhas da internet são muitas, mas os perigos também. A rede é infestada de vírus e de outros programas criados com o objetivo de detonar seu PC ou controlá-lo a distância, facilitando o roubo de dados pessoais, como senhas bancárias.


Não deixe de ter antivírus, anti-spam, anti-spyware e firewall no seu PC. São barreiras que ajudam a evitar que um programa mal intencionado se instale na máquina. Uma boa opção de antivírus gratuito é o AVG Free Edition, que pode ser baixado no site http://free.grisoft.com/.


Mas a segurança do seu PC depende também da maneira como você navega na internet. Não clique em qualquer link, principalmente os recebidos no Orkut, MSN ou via e-mail, com frases como ‘fotos daquela festa’ ou ‘alguém está te traindo’.


Cuidado também com anexos que chegam por e-mail (indicados com um clipe). Só abra se tiver certeza do que se trata.


Se estiver inseguro, uma boa dica é criar uma conta limitada no Windows (veja como no infográfico ao lado), que impede que você faça downloads (baixar programas) de maior risco.


Fazer compras online é muito rápido, prático e, em alguns casos, econômico. Mas só confie em lojas conhecidas. Evite clicar em ofertas que venham por e-mail. Digite sempre o site da loja no seu navegador e procure você mesmo o produto.


Antes de informar dados sigilosos como número de cartão de crédito, repare se um cadeado amarelo aparece no pé da página. Ele indica que os dados serão criptografados e, mesmo que alguém intercepte a transação, não conseguirá obter seus dados pessoais.’


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Dicas fáceis e úteis para usar melhor o celular


‘Se você tem dificuldades em usar o celular, opte pelos modelos mais simples, com teclado e visor grandes. Afinal, a principal função do telefone móvel é fazer ligações e não tirar fotos ou outras coisas do gênero.


Uma ótima dica é programar o aparelho para discar para pessoas muito próximas a você pressionando apenas uma tecla. Exemplo: o número 1 disca para sua filha, o 2 para seu médico e por aí vai. O modo de programar uma discagem rápida varia de acordo com o aparelho, mas, em geral, é só ir em contatos/discagem rápida/editar.


Nos aparelhos com função comando de voz, você faz ligações apenas dizendo, em voz alta, o nome da pessoa. Antes, você precisa gravar sua voz dizendo o nome do contato. Parece mágica e quase sempre dá certo.


E não deixe de gravar os seus contatos na agenda do telefone. Assim você não precisará discar o número toda vez que quiser ligar para alguém. Não é difícil: em geral, você vai em ‘Agenda’ e ‘Adicionar contato’. É importante também fazer uma cópia de sua agenda no PC, para o caso de perder o celular.


Outras funções simples e úteis são ‘alarme’ ou ‘lembrete’, que ajudam, por exemplo, a lembrar de um compromisso ou mesmo de tomar remédios.’


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Serviço socorre idoso que mora sozinho


‘Muitas famílias se preocupam com o idoso que mora sozinho. Se acontecer alguma coisa, quem irá socorrê-lo? Mas dá para conciliar independência e segurança, por meio de serviços como o Telehelp (www.telehelp.com.br).


Um painel é instalado em um cômodo da casa onde houver linha telefônica e tomada. Então, o idoso anda com uma espécie de relógio ou colar em que há um botão que deve ser acionado em casos de emergência.


Quando isso acontecer, o painel envia um sinal para uma central de atendimento, que localiza a ficha do cliente. Um operador liga para o cliente e tenta fazer contato. Se ele não atender, alguém da família é avisado e uma ambulância com médico é enviada ao local.


O aposentado José Tioca, de 75 anos, usa os serviços da Telehelp para sua esposa. Ela sofre de Alzheimer e, em dois anos, já precisou de assistência cinco vezes. ‘Ela teve convulsões, a pressão subiu demais. E eles chegam rapidinho’, conta Tioca. Antes, ele tinha de esperar o socorro do filho, que é médico, mas mora em Mogi das Cruzes.


O serviço com ambulância custa R$ 110 por mês. Se a família quiser usar apenas os serviços de aviso, sem o envio da equipe médica, sai por R$ 70 mensais.’


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SP terá centro hi-tech para a terceira idade


‘No dia 29, será inaugurado, em São Paulo, um centro que pretende ser pioneiro na utilização de tecnologia de ponta para facilitar o dia-a-dia de idosos, que poderão morar no local ou passar algumas horas por semana.


No Hiléa, no Morumbi, os moradores ou visitantes terão aulas de informática e fotografia, entre outras atividades.


Aqueles que, por sofrerem de doenças como mal de Alzheimer, precisam ser constantemente monitorados, usarão uma pulseira com uma etiqueta RFID que permite localizá-los com rapidez. Caso retirem a pulseira, um alarme soará na central. ‘Alguns pacientes saem para passear e esquecem o caminho de volta’, explica Cristiane D’Andrea, presidente do Hiléa.


Outras informações sobre dieta e medicamentos ficam registrados na pulseira, que também funciona como chave do quarto. A cama é motorizada, assim como a cadeira de banho, para quem tem dificuldades de locomoção.


Em caso de urgência, o idoso aperta um botão que aciona o smartphone da enfermeira. Os quartos são equipados com telefone VoIP (via internet), que tem uma tela para o paciente ver a família pela webcam.


O problema é o preço: para morar, o Hiléa custa R$ 8 mil por mês. Quem quiser passar dois dias por semana no local pagará R$ 2 mil.’


INTERNET
Marcel R. Goto


‘A estratégia é conectar todo entretenimento’


‘Steve Schiro,Vice-presidente do setor de vendas e marketing da Microsoft


A expansão da Microsoft e suas atividades no mercado brasileiro foram temas da visita de Steve Schiro ao País na semana passada. Vice-presidente do setor de vendas e marketing da empresa, o executivo falou com exclusividade ao Link sobre o desempenho do console Xbox 360 no Brasil e as perspectivas para a chegada de novos produtos e serviços do estilo de vida digital.


A Microsoft lançou o Xbox 360 no Brasil no final do ano passado. Como tem sido a experiência?


Estamos satisfeitos. Na Microsoft achamos que é importante entrar em um mercado e aprender com ele, e temos feito isso. Obviamente há desafios como o mercado informal, por exemplo, e estamos trabalhando com as várias agências reguladoras para nos certificarmos de que lidaremos bem com essas questões. Estamos em uma boa posição no mercado e somos os únicos com presença oficial. Há questões a serem resolvidas, como os preços, é uma grande questão. Creio que conforme trouxermos novos produtos em lançamento simultâneo, adaptados para o idioma, isso atrairá as pessoas. Temos de descobrir como agregar valor de maneira específica ao Brasil.


O Xbox Live no Brasil…?


(cortando) O que você quer saber (ri)? Precisamos trazê-lo. Sabemos que é uma vantagem e um diferencial, e estamos muito concentrados nisso, mas não tenho nada para anunciar agora. Se dependesse de mim, teríamos o Live aqui amanhã, mas temos de fazer do jeito certo.


Em termos demográficos, como define o público-alvo do Xbox? A Microsoft percebia o console como plataforma para jogos de tiro…


Mais do que uma percepção, foi uma declaração de intenções. Tínhamos que marcar território de algum modo, e acho que isso foi muito bem-sucedido. Temos uma estratégia de não alienar os jogadores que nos trouxeram onde estamos agora, mas os trazemos junto e atraímos outros para expandir o mercado. Então temos produtos como Scene It?, que tem um periférico específico, assim como Guitar Hero .


A empresa anunciou recentemente uma extensão para a garantia do Xbox 360, devido à alta ocorrência de defeitos no console. Você acha que a cobertura da mídia sobre este caso influenciou a percepção do público e dos canais de vendas sobre o console?


Sim, esta é a minha resposta. Gostaria que não fosse o caso, obviamente. Mas também estou muito orgulhoso de trabalhar para uma companhia que disse, ‘nós tivemos um problema de controle de qualidade e vamos cuidar dos nossos usuários’. Essa decisão envolve altos custos, e estou orgulhoso por termos feito isso. Acho que a repercussão na mídia e na comunidade foi apropriada. Não posso dizer que nos crucificaram mais do que deveriam, ou menos. Mas o que passou, passou, só podemos continuar seguindo em frente. Mas me sinto muito bem por estar numa empresa que assume seus erros e os conserta, de modo que podemos olhar nossos consumidores nos olhos e dizer, ‘quando temos problemas, não nos escondemos atrás deles ‘.


E quanto ao Zune por aqui?


Nossa estratégia é de entretenimento conectado. Quando trouxermos o Zune, tem de ser como um grande dispositivo de mídia portátil e um grande provedor de conteúdo, com filmes on demand, etc. Cada pilar tem de se manter sozinho, porque senão, numa estratégia de integração conectada, não há valor. Então, estamos comprometidos em tornar o Zune uma opção viável. Tomamos uma decisão importante no ano passado, de entrar rapidamente no mercado. E foi incrível ver – estou na Microsoft há 13 anos -, a empresa tomar uma decisão e nove meses depois ver o produto chegando ao mercado. Estamos no mercado, aprendemos muito, achamos que nesta próxima versão ofereceremos um produto muito melhor e estamos nesse mercado pra valer, estamos comprometidos com o Zune, estamos comprometidos com o Brasil.


O que você acha da tendência de os softwares deixarem de ser vendidos como pacotes e passarem a ser serviços com assinaturas?


Temos um enfoque um pouco diferente, a Microsoft encara o ‘software como serviço’ como uma realidade, estamos fazendo isso, mas pensamos em ‘software mais serviços’. Não achamos que as pessoas que estão acostumadas a instalar seus programas vão, de repente, simplesmente passar a usá-los online. Vai haver uma combinação, algumas pessoas realmente querem ter o software do modo como funciona hoje em dia. Acreditamos que a longo prazo o software como serviço seja uma tendência, em qualquer que seja o modelo, transação, assinatura, mas as microtransações são o ponto realmente crucial. Você pode comprar a plataforma ou o conteúdo básico, e então, recursos ou benefícios específicos através de microtransações, que serão providas como serviços definidos pelo usuário. Criamos uma comunidade ao redor do Xbox Live que está formatada para fazer esse tipo de coisa. Então, esse é um pilar estratégico e importante que achamos que temos que ter para capturar e servir nossa base de consumidores melhor do que a concorrência.


COLABOROU ALEXANDRE MATIAS’


Pedro Doria


Vivemos a Era do Algoritmo


‘Uma das características destes tempos digitais que vivemos é que se trata da Era do Algoritmo. Algoritmo é o conjunto de regras preestabelecidas para a resolução de qualquer problema dado.


Quando uma livraria eletrônica indica livros que interessam a seu cliente a partir de suas compras passadas, aplicou um conjunto de regras destas. Se a operadora de cartões de crédito, perante uma compra estranha, liga para confirmar com seus clientes suspeitando de fraude, lá está um algoritmo em ação. O Google estabelece a ordem dos seus resultados de busca porque regras preestabelecidas para avaliar relevância a partir das palavras chaves lançadas pelo usuário foram boladas por alguém.


Algoritmos estão por toda parte de forma muito mais profunda e discreta do que possamos imaginar. Nos principais aeroportos do mundo, algoritmos programados num computador decidem a ordem de decolagem dos aviões e os dividem em cada pista para aumentar ao máximo a capacidade de uso.


Eles nos trazem segurança: é o caso dos sistemas antifraude em cartões, mas também dos softwares que começam a ser aplicados para, filmando multidões, comparar o rosto de quem assiste a um jogo de futebol – por exemplo – com os retratos de criminosos procurados.


Não há como fugir deles: algoritmos estão entre nós. São os mais simples – como aqueles que põem duas pessoas em contato num site de solteiros em busca de amores a partir daquilo que disseram a seu respeito e suas expectativas sobre o outro. São os mais complexos – aquele que busca pessoas a partir de uma foto na filmagem ao vivo de uma multidão é complicado como os diabos.


A palavra ‘algoritmo’ tem uma origem curiosa. Durante alguns séculos, na Idade Média, a matemática do mundo foi desenvolvida não na Europa mas num triângulo entre Bagdá, Teerã e Délhi, na Índia. Um destes estudiosos era o astrônomo persa Al-Khwarizmi, que escreveu o tratado Sobre o Cálculo com Números Indianos. Na tradução para o latim que foi distribuída na Europa, ficou sendo Algoritmi de Numero Indorum. A palavra era uma tentativa de transliterar Al-Khwarizmi, mas muitos referiam-se ao título achando que era uma palavra para cálculo. Daí ficou em quase todas as línguas ocidentais: algoritmo.


Algoritmos deste nosso mundo digital são práticos. Livram-nos de spams nas caixas de correio eletrônico, indicam que outras músicas gente que ouve aquilo que gostamos está ouvindo, diminuem nossa espera no aeroporto. Mas algoritmos, por serem compostos por regras fixas e, portanto, imutáveis, inflexíveis, são perigosos.


O que acontece é o seguinte: se compramos muitos discos de rock dos anos 1970, a loja eletrônica nos indicará outros grupos da época ou novos com sonoridade semelhante. Mas quanto mais comprarmos este tipo de música, mais nos indicarão o mesmo tipo e, no fim, jamais conheceremos algo de novo.


Às vezes, os critérios não são os melhores. O Google escolhe a ordem dos links que apresenta como resposta por popularidade. As páginas mais clicadas virão primeiro. É um bom critério, mas outras tantas vezes a melhor resposta não é a mais popular.


Um computador está fazendo escolhas para nós a toda hora e cada vez mais. Isto poupa tempo. Mas é bom que tenhamos consciência de que, às vezes, cabeça de gente resolve certos problemas muito melhor.’


Filipe Serrano


Entre o passado e o futuro digital


‘Quando o pai de Marina, o cineasta Luís Sérgio Person (1936-76), produzia e dirigia filmes, o cinema ainda estava longe, bem longe, de ser influenciado pela revolução digital. Person, um dos mais talentosos cineastas brasileiros dos anos 60 e 70 (seus filmes mais conhecidos são São Paulo S/A, de 1965, e O Caso dos Irmãos Naves, de 1967), morreu aos 40 anos em um acidente automobilístico e deixou duas filhas pequenas.


Dez anos depois, Marina foi estudar cinema e aprendeu a editar filmes com técnicas manuais hoje ultrapassadas. O DNA cinematográfico e a experiência de faculdade talvez expliquem por que a hoje cineasta e VJ vê a tecnologia com certa dualidade: quer aproveitar as vantagens do digital, mas tem sempre um pé atrás.


Ela teme que o formato digital substitua as películas de filmes, o que já está ocorrendo na fotografia. ‘Espero que a gente some o digital ao que já existe. Não que a gente elimine, não que ele se sobreponha de maneira a acabar com a película’, diz. Para Marina, evitar a substituição é uma questão de bom senso, de se compreender as vantagens de cada formato. ‘A película tem uma qualidade, uma luminosidade, uma profundidade muito superior. Já em termos de facilidade, é o digital que sai ganhando’, completa .


Marina aproveita na prática as vantagens de cada formato. Lançado no mês passado, seu documentário Person – que conta a história de seu pai de um ponto de vista bem pessoal – está repleto de fotos e filmes antigos do baú da família, que foram feitos com tecnologias já desaparecidas e tiveram de ser digitalizados. Os trechos atuais, compostos principalmente de entrevistas com gente do primeiro escalão da cultura brasileira, foram filmados em película e, depois, transformados em formato digital para serem editados.


E não podemos esquecer que Marina trabalha há mais de dez anos como VJ e apresentadora da MTV, onde está acostumadíssima a trabalhar com as mais modernas tecnologias de filmagem e edição.


Para ela, a mudança mais relevante dos últimos anos foi a abrupta redução de custos de todo o processo de captação e edição de imagens digitais, possibilitando que mais pessoas possam filmar. ‘O grande ganho foi a democratização do ‘fazer cinema’. Filmar era exclusivamente uma atividade para quem tinha dinheiro. Tudo era muito caro. Hoje, na sua câmera fotográfica tem câmera de vídeo, no celular também. Você pode registrar tudo a qualquer momento em qualquer lugar’, diz.


E, com a popularização da banda larga e de sites como o YouTube, em que qualquer pessoa pode colocar seus trabalhos, ficou muito mais fácil atingir a audiência, em qualquer parte do planeta. Marina diz não ter paciência nem tempo para vasculhar o YouTube, mas colocou no site o trailer de Person: ‘Um monte de gente assistiu.’


E qual o impacto que a internet terá sobre a televisão? Devido à concorrência dos vídeos e programas online, ‘as emissoras terão de fazer programas com mais qualidade para atrair o público’, diz. Vamos torcer para que ela esteja certa.’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Globo se previne


‘A tal interatividade que se anuncia com a chegada da TV digital deverá ser o epílogo desse filme – será o último passo do processo a ser iniciado em 2 de dezembro. E merecerá cuidado dos radiodifusores para não incentivar a dispersão do público. Quem faz as contas é o diretor-geral da TV Globo, Octávio Florisbal:


‘Quando essa interatividade chegar, ela tem de ser suficientemente inteligente para fazer com que os telespectadores não se afastem, porque se a televisão estimular os lares a fazerem a interatividade e esquecerem de ver o conteúdo… A nossa expectativa é que a interatividade do telespectador se dê ao nível do programa, participando de uma enquete do Fantástico ou do Faustão, por exemplo, e não que ele saia dali pra ir comprar a blusa de determinada personagem da novela. Você pararia de assistir a Paraíso Tropical na hora em que Bebel e Olavo estão lá para fazer uma compra, via digital? Provavelmente não. Você vai anotar e comprar depois’, defende.


Falando nisso: a Globo promove sessão especial para a estréia de Duas Caras no Shopping Jardim Sul, em Sampa, dia 1º, para mostrar o efeito da primeira novela produzida em alta definição.


A revanche de Fred


Longe do Mauricinho Fred, de Paraíso Tropical, Paulinho Vilhena ataca de bad boy no longa-metragem O Magnata, que estréia no dia 15 de novembro. No filme, ele é o personagem-título, uma estrela do rock que se envolve com muitas mulheres.


entre-linhas


Uma bancada de deputados da região Norte foi ao Ministério da Justiça pedir a revogação da medida que exige, na nova portaria de classificação indicativa de TV, o seu cumprimento de acordo com fuso horário local.


O MJ alega que, em respeito ao Estatuto da Criança, não tem como abrir mão desse item. Pelos novos termos, a novela das 21 h não poderá mais ir ao ar às 19 h no Acre. O governo deu prazo até janeiro de 2008 para que os radiodifusores se adaptem.


A Record persegue a Globo, mas se assemelha mais ao SBT: estreou sem alarde no sábado uma versão gravada do Hoje em Dia, das 9 às 12 horas.


O Ideal, novo canal de TV do grupo Abril, também já conhecido como canal RH, entra no ar segunda-feira próxima. Na linha businessTV, será voltado aos princípios que norteiam a cartilha de Recursos Humanos.


Um dos cinco canais que o grupo Abril promete lançar até 2009, o Ideal estará disponível para 1,2 milhão de pessoas, via TVA e operadoras menores.


Bárbara Paz anda com trânsito livre nas produções da Globo. Há quem garanta que a emissora está prestes, enfim, a se render ao talento da moça, vencedora daquela edição histórica da Casa dos Artistas no SBT.


A MTV se repete. Leva ao palco do VMB, quinta-feira, o mesmo destaque da premiação passada: estarão lá, de novo, Vesgo, Silvio e Sabrina, do Pânico. Vem Dança do Siri por aí.’


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 24 de setembro de 2007


BROWN NO RODA VIVA
Fernando de Barros e Silva


Na língua do rap


‘SÃO PAULO – Pedro Paulo Soares da Silva, o Mano Brown, estará hoje à noite no centro do ‘Roda Viva’, na TV Cultura. É um acontecimento.


Estamos habituados à figura do pagodeiro sorridente confraternizado com platéias igualmente dóceis em programas de auditório. O líder dos Racionais é o oposto disso, uma pessoa de poucos sorrisos e nenhuma concessão, avessa aos encantos da fama e apelos da mídia.


Brown quase nunca fala, mas sabe a quem se dirige: ‘Eu não me preocupo com a classe média. Eu me preocupo é com favelado, com pobre, periferia. (…) Quando você vê o cara xingar muito o burguês, é porque quer que o burguês compre. O rap não apavora ninguém. A classe média já é apavorada por natureza. O rap é só a trilha sonora do mundo em que a gente vive. O mundo já é apavorante’.


O trecho da entrevista, de 2001, consta do ótimo ensaio ‘A Frátria Órfã – o Esforço Civilizatório do Rap na Periferia de São Paulo’, da psicanalista Maria Rita Kehl. Diz ela que a ‘capacidade de produzir uma fala significativa e nova sobre a exclusão’ faz do grupo ‘o mais importante fenômeno musical de massas do Brasil dos anos 90’. Acredito que não exagera.


Não se trata, é óbvio, de idealizar os Racionais. É preciso ouvir as contradições que explicitam, entender inclusive o que há de regressivo nessa música (misoginia e messianismo, por exemplo). Mas não venham os defensores da sociedade armada acusar os pretos pobres de fazer apologia da violência.


Os Racionais reagem a um fim de linha social de que são parte. Os manos -essa legião de garotos da periferia- são resultado histórico de pelo menos 25 anos de semi-estagnação econômica associada ao abismo intocado da desigualdade.


Educação precária, famílias destroçadas, desemprego, tráfico de drogas, alcoolismo e violência contracenam, na periferia, com uma época que multiplicou os apelos do consumo e fez da ostentação uma forma de afirmação do indivíduo.


Como já diziam em 1990 os Racionais, eis o ‘Holocausto Urbano’.’


PUBLICIDADE
Ruy Castro


Outra cidade limpa


‘RIO DE JANEIRO – Preces foram ouvidas e, inspirado na iniciativa do prefeito Gilberto Kassab, que limpou São Paulo do entulho publicitário que a asfixiava, o Rio também resolveu arrumar a casa. Já poderia ter feito isso bem antes. Há anos não falta quem proteste contra os abusos que agridem uma das paisagens urbanas mais bonitas do mundo. Mas, antes tarde.


O projeto de lei do vereador Paulo Cerri (DEM) propõe o banimento de outdoors, painéis na lateral de edifícios e placas em marquises, além de regular os letreiros das lojas comerciais pelo tamanho das fachadas. Apenas por este último item já será um alívio ver o Rio livre daqueles letreiros de bancos, drogarias e casas de vídeo. No lugar deles, renascem as fachadas ecléticas, neoclássicas, art déco ou mesmo modernistas de seus edifícios.


Pena que, ao contrário da lei paulistana, o projeto carioca libere o mobiliário urbano e permita que ele continue a ostentar poluição. Com isso, já se pode imaginar os postes, placas de rua, sinais de trânsito e relógios infestados de galhardetes, painéis eletrônicos e outros apêndices para compensar os espaços perdidos.


A idéia de que uma cidade pertence a todos, mas não a cada um de seus habitantes, já tem milênios na Europa. Aliás, nasceu lá. No Brasil, a maioria dos nossos prefeitos nunca ouviu falar dela. Para eles, o dinheiro produzido por uma licença para instalar um estrupício publicitário é mais importante que a preservação do espaço onde será instalado o dito estrupício.


Os parques, praias, lagoas, praças, calçadões, encostas, trilhas e ciclovias do Rio, além de sua arquitetura, compõem um patrimônio natural e urbano iniciado há 500 anos. Pertence aos cariocas e a todos que se extasiam com ele, não aos agentes da poluição, sejam estes particulares ou administradores.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Chávez em linha direta


‘Entre depoimentos sobre a Record News, que vai ‘democratizar a informação’, ontem o ‘Domingo Espetacular’ falou com Hugo Chávez. Ele questionou até as concessões da Globo, para Paulo Henrique Amorim. A entrevista foi na quinta, mas ontem, em seu ‘Alô, Presidente’, adiantou-se à Record dizendo que não se referia ao Senado brasileiro quando falou em ‘mão do império’ -e que ‘a grande imprensa é a grande arma do imperialismo para evitar a nossa união’. Ecoou mais nos sites de busca de notícias e por aqui, inclusive Globo Online, do que Lula no ‘NYT’. Durante a transmissão, ele olhou para a câmera e falou, ‘eu me remeto à consciência do povo do Brasil’.


‘SEM DISSIDÊNCIA’


A BBC original seguiu uma edição do ‘Alô, Presidente’, no domingo anterior, e no fim de semana reportou. Entre detalhes, registrou que ‘o problema com este evento é que não há dissidência’ e, no dia, ‘foi um clássico Chávez’.


O PETRÓLEO UNE


Pelo exterior, o francês ‘Le Monde’ foi um dos poucos a destacar, do encontro, que ‘o petróleo aproxima Lula e Chávez’. Referia-se ao acordo entre Petrobras e PdVSA, em refinaria e prospecção, que avançou e aproximou os dois.


LULA E O OUTRO ‘CALDEIRÃO’


E ontem Alexei Barrionuevo, um especialista em ‘commodities’, deu sua primeira entrevista com Lula -e, apesar do título ‘Líder resistente divulga potencial do país em agricultura e biocombustíveis’, tratou em boa dose do ‘caldeirão fervente’ que o cerca, da crise aérea ao mensalão. No geral, o correspondente sublinhou que Lula ‘está otimista, e com boas razões’. Listou o crescimento, reservas e empregos em alta etc.


NOVOS CAPÍTULOS DE DOHA


Dias antes do encontro com Lula, os EUA de George W. Bush acenaram com corte nos subsídios agrícolas, na Rodada Doha. Foi manchete do ‘Valor’, o Brasil ‘reagiu positivamente’. Mas não a Índia, pelo que dizia ontem o indiano ‘The Hindu’: a oferta foi baixa, ‘provavelmente’ a parceira do Brasil não vai aceitar, diz ‘alto funcionário’.


Nem o Congresso dos EUA, ao que parece. Segundo a Reuters, senadores da comissão de agricultura exigiram que sejam mantidos os atuais subsídios ao algodão no país -e ameaçaram votar contra um acordo. De quebra, caiu o secretário de agricultura, destacou o Financial Times’.


JEB E O ÁLCOOL


O ex-governador e irmão de Bush, Jeb, e o ex-ministro Roberto Rodrigues foram estrelas na Conferência das Américas do ‘Miami Herald’, às vésperas da viagem de Lula -e concentrada em etanol


BUSH VS. BRICS


Nem Doha nem etanol. A agenda que os EUA devem priorizar na semana, inclusive com Lula, pelo que deram ontem o ‘Washington Post’ e a agência Associated Press, é a cúpula sobre aquecimento -em que Bush vai pressionar Brasil, Rússia, Índia e China por um teto para emissão.


OS RECADOS


Do blog e coluna Radar, da ‘Veja’, com acesso aberto on-line: ‘Cacciola tem mandado recados. Mais, ameaças. Caso venha a ser extraditado, ele promete ‘contar tudo’ sobre os dias que antecederam a desvalorização de 1999. E que daria nome aos bois -alguns que nunca apareceram…’.’


CASAGRANDE ACIDENTADO
Eduardo Ohata


Comentarista está afastado da Globo por ‘problemas pessoais’


‘Comentarista de partidas de futebol da Globo, o ex-jogador Walter Casagrande estava há três semanas sem participar das transmissões da emissora a pedido próprio, segundo a Folha apurou. Para requisitar essa folga, Casagrande havia alegado ‘problemas pessoais’.


Funcionário da Globo confirmou que Casagrande ainda integra os quadros da rede de TV.


No início do ano passado, a Globo chegou a procurar um substituto para enviar à Copa da Alemanha no lugar de Casagrande, que pouco tempo antes da competição havia pedido licença por tempo indeterminado. A emissora, oficialmente, informara que o ex-jogador justificara o pedido, novamente, ao citar ‘problemas pessoais’.


Ele havia se afastado para tratar de crise de depressão.


Posteriormente, em outubro, a Globo improvisou na transmissão de Corinthians x Palmeiras. Na última hora, Casagrande informou que estava mal e não poderia comentar o jogo.


Em dezembro, o ex-jogador ficou internado durante alguns dias no hospital Albert Einstein em estado grave, depois de sentir fortes dores no peito. Apresentava queda de pressão e alteração em seu ritmo cardíaco.


Já em meados deste ano, um sumiço de Casagrande de transmissões durante a Copa América foi justificada como um erro de escala da Globo.


Casagrande tornou-se comentarista da Globo depois de encerrar a carreira de jogador, fortemente identificada com o movimento conhecido como Democracia Corintiana, com impacto dentro e fora do clube.


Além de defender o Corinthians, Casagrande teve passagens por São Paulo e Flamengo. Sua carreira internacional inclui a seleção brasileira que disputou a Copa de 1986, no México, e um período no Porto, de Portugal, e também os clubes italianos Ascoli e Torino.’


MERCADO EDITORIAL
Marcos Strecker


Bienal do Livro no Rio termina com aumento de visitantes


‘A 13ª Bienal Internacional do Livro do Rio, encerrada ontem, bateu recorde de público. Em 11 dias, o número de visitantes chegou a 645 mil, contra 630 mil na última edição. Segundo Paulo Rocco, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), o faturamento foi de R$ 43 milhões (contra R$ 41,5 milhões na última edição) e 2,5 milhões de livros foram vendidos (contra 2,3 milhões em 2005).


Uma das principais atrações ontem foi a escritora americana Cecily von Ziegesar, que enfrentou uma fila de dezenas de meninas adolescentes que queriam autógrafos para os livros da série ‘Gossip Girl’. À tarde, o diplomata Alberto da Costa e Silva, as historiadoras Lilia Schwarcz e Francisca Nogueira de Azevedo e o jornalista Laurentino Gomes comentaram as comemorações dos 200 anos da chegada da Família Real, que acontecem no ano que vem.


Ainda que a feira tenha sido um sucesso de público e vendas, e de vários eventos terem atraído muita gente (Ziraldo no sábado reuniu cerca de 500 pessoas – a maioria crianças), nem sempre as mesas funcionaram. O grande número de escritores convidados muitas vezes significou mistura de nomes sem afinidade.


Curiosamente, uma das mesas que mais funcionou foi a dos novelistas Gilberto Braga e Silvio de Abreu, que comentaram na noite de sábado o trabalho de criação de novelas. Mas, como disse Silvio de Abreu, ‘isso não tem nada a ver com romance ou com literatura’.


Algumas editoras comemoravam na noite de ontem números positivos. A Record, maior editora do país, divulgou 25% a mais de vendar em relação à última bienal. A Objetiva (escolhida pela direção do evento como melhor estande) faturou 10% a mais. A Nova Fronteira divulgava 15% a mais de vendas.


O jornalista MARCOS STRECKER viajou a convite da organização do evento.’


MEMÓRIA / MARCEL MARCEAU
Folha de S. Paulo


Aos 84, morre o mímico francês Marcel Marceau


‘O mímico francês Marcel Marceau morreu, aos 84 anos, no último sábado. O anúncio foi feito ontem por sua filha Camille. A família não divulgou detalhes sobre a morte do artista. O enterro será no cemitério Père Lachaise, em Paris.


Marceau, cujo nome real era Marcel Mangel, tornou-se famoso mundialmente em 1947, ao criar Bip, um palhaço triste de cara branca, vestido com malha listrada e chapéu.


Um dos grandes méritos da carreira de Marceau foi renascer com a arte da mímica logo após a Segunda Guerra Mundial, duas décadas depois de ela ter sido ofuscada pelo cinema.


Para ser mímico, o artista se inspirou nos grandes nomes do cinema silencioso, como Charlie Chaplin, Buster Keaton e Harry Langdon. A commedia dell’arte e o gestual da ópera chinesa e do teatro japonês nô também o influenciaram.


Marceau afirmou: ‘Mímica, como a música, não conhece fronteiras nem nacionalidades’. ‘Se o riso e as lágrimas são características da humanidade, todas as culturas são especialistas em nossa disciplina.’


Nos anos 50 e 60 , a Companhia Marcel Marceau era a única trupe de mímicos em atuação no mundo e foi aclamada dentro e fora da França.


Antes de fundar a sua École Internationale de Mimodrame, em Paris, em 1978, ele dirigiu a École Internationale de Mime, entre 1969 e 1971.


No cinema, Marceau atuou em mais de dez filmes, o primeiro ‘Un Jardin Public’, em 1954, e o último ‘Joseph’s Gift’, em 1998. Mas talvez o filme de Marceau que teve mais sucesso foi o clássico ‘Barbarella’, estrelado por Jane Fonda.


Entre os prêmios que Marceau recebeu estão dois Emmy por seus programas de TV.


Em 2001, ele foi escolhido para ser o Embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas para o Envelhecimento.


Repercussão


‘O mímico Marceau será para sempre o personagem Bip’, declarou o primeiro-ministro francês, François Fillon.


‘Ele se tornou um dos mais reconhecidos artistas franceses no mundo. Seus alunos e o showbusiness sentirão sua falta’, completou Fillon.


‘Ele estudou com um mestre extraordinário. Graças a sua maravilhosa personalidade, era capaz de colocar tudo em prática. Ele conseguia cativar as pessoas’, afirmou a mímica Corinne Soum-Wasson, que era amiga de Marceau, à BBC. Com agências internacionais’


Inês Bogéa


Sem palavras, sua linguagem era inovadora


‘O grande mímico Marcel Marceau, que fascinou o público de cinco continentes com sua arte corporal, morreu aos 84 anos. Ele afirmava: ‘A palavra não é necessária para exprimir o que se sente no coração’.


Nascido em 1923, em Estrasburgo, Marceau levou a arte da mímica a patamares jamais alcançados marcando a cena mundial. Aluno de Etienne Decroux, pioneiro da mímica moderna, foi integrante da companhia teatral de Madeleine Renaud e Jean-Louis Barrault.


A mímica por ele praticada tinha um alto grau de sofisticação no entrelaçamento dos movimentos, no tempo e na consciência dos gestos.


A construção da personagem aparecia em cada minúcia da expressão facial, evocando as palavras do corpo, que se completam no corpo do outro.


Sua arte encontra inspiração e paralelo com o cinema silencioso de Charles Chaplin e Buster Keaton. O palco vazio se torna repleto de seres imaginários e reais, tristes e engraçados, numa paleta interminável de tipos.


Ainda bem no início da carreira, quando Marceau completava 24 anos, nasceu Bip, seu personagem emblemático, que colocou em foco inúmeras situações do dia-a-dia e das relações humanas.


Com seu rosto pintado de branco, calças largas de palhaço e uma expressividade corporal frágil, o personagem acompanhou Marceau por toda a vida.


Em 2000, ele apresentou ‘A Primeira Despedida de Bip’, que teria continuação em 2002 com ‘A Volta do Mímico Marceau’ e em 2005 com ‘O Melhor de Marceau’. Fez incursões pelo cinema como ator, com Roger Vadim em ‘Barbarella’ (1968) e com Mel Brooks em ‘Silent Movie’ (1976).


Marcel Marceau foi, do início ao fim de sua carreira, uma testemunha ativa de sua era. Sem palavras, exprimiu como poucos, e para milhões de espectadores, seus sentimentos de resistência e compaixão, em linguagem ao mesmo tempo inovadora e atemporal.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


STJ livra Rede TV! de dívida da Manchete


‘A Rede TV! conseguiu no STJ (Superior Tribunal de Justiça), na última quinta-feira, uma liminar que a livrará de pagar mais de R$ 20 milhões em sentenças trabalhistas de ex-funcionários da extinta TV Manchete, que faliu em 1999.


Diferentemente do que tem decidido a Justiça Trabalhista, a liminar do STJ indiretamente não considera a Rede TV! como sucessora (e portanto responsável pela dívidas) da Manchete, apesar de ter herdado suas concessões. Trata-se de uma decisão provisória, mas a tendência é a liminar ser confirmada pelo STJ (e não cassada).


Na liminar, o ministro Fernando Gonçalves reconheceu conflito de competência entre a Justiça Trabalhista e a Justiça Cível. Como já há uma decisão de segunda instância na Justiça Cível, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que concluiu por unanimidade que a Rede TV! não é sucessora, o ministro determinou a suspensão de todas as ações trabalhistas de ex-funcionários da Manchete contra a emissora paulista.


A liminar atinge diretamente 33 autores de ações contra a Rede TV!, mas bloqueará cerca de 600 processos trabalhistas em todo o país.


A Rede TV! argumenta que herdou apenas as concessões, que pertencem à União, e não à Manchete. Diz também que, na época, se comprometeu a pagar os salários atrasados dos funcionários da Manchete, mas não os encargos trabalhistas.


FUSO HORÁRIO


A MTV marcou para as 22h da próxima quinta-feira o início do Video Music Brasil (VMB). Mas a premiação só entrará no ar após a última cena do penúltimo capítulo de ‘Paraíso Tropical’, o que numa quinta pode ocorrer às 22h30.


BARRIGÃO


O VMB vai brincar com Britney Spears, que fracassou no VMA (o VMB dos EUA) -ela não decorou a música e estava barriguda. As assistentes de Marcos Mion usarão figurino igual ao dela (shortinho e top).


MENOS


‘Eterna Magia’ fracassou (deu só 21 pontos na quinta), mas a Som Livre bem que poderia ter mais cuidado com o CD internacional da novela. A foto de Cauã Reymond que ilustra a capa está desfocada.


ESTRESSE


O padeiro Olivier Anquier bateu boca com dois diretores da Record. Ele foi apontado como responsável pela queda de audiência do ‘Programa da Tarde’, porque as telespectadoras não entenderiam o que ele fala. Transferido para o ‘Domingo Espetacular’, exigiu horário fixo para entrar no ar.


PREMIÈRE


A Globo exibirá o primeiro capítulo de ‘Duas Caras’, a primeira novela das oito em alta definição, em duas salas de cinema digital, uma no Rio e outra em São Paulo. Assim, mostrará as vantagens da nova tecnologia. Mas apenas para convidados (anunciantes) e elenco.


MÃO ÚNICA


A Globo começa em dezembro a transmitir futebol em alta definição. Sem interatividade.’


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