Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Que fonte é essa?

Página C6 do caderno Cidades/Metrópole do jornal O Estado de S. Paulo (12/5/2006), último parágrafo da matéria ‘Jovem dá carona e abusa de garotas’:

‘No site de relacionamentos Orkut, Ruggio se define: ‘Não gosto dos bons conselhos, (…) não gosto das leis”.

A matéria trata de um caso absurdo, que merece ser punido. Entre as fontes estão o delegado, a mãe de uma das meninas, o pai do suspeito e o Orkut. O advogado do suspeito não quis comentar o episódio. O que chamou minha atenção foi a forma como o site de relacionamentos Orkut entrou na matéria como fonte.

É notório que, há algum tempo, este site tem rendido algumas matérias. Ganhou destaque com um caso de preconceito racial, depois por ser usado para atacar pessoas, em páginas pessoais ou de comunidades criadas para tal. Recentemente a cidade de Pompéia ganhou notoriedade devido a supostas fotos de uma de suas moradoras em situações, digamos, constrangedoras, divulgadas através do site.

Pouco confiável

Porém, fazer do Orkut fonte para elaboração de matérias é algo incompreensível. Afinal, é sabido que qualquer pessoa com acesso a este site pode criar um perfil falso, ou seja, fazer-se passar por outra pessoa e escrever o que bem quiser. Desta forma, como confiar em que aquele perfil pesquisado pelo repórter foi elaborado realmente por quem está sendo pesquisado?

O Orkut tem sido uma ferramenta muito utilizada na busca de pautas e fontes para matérias, mas nada substitui o contato pessoal. Se a reportagem do OESP tivesse pedido confirmação ao suspeito do crime do perfil e dos dados ali colocados talvez amenizasse um pouco a situação. Mas fazer de um site tão pouco confiável uma fonte segura é inadmissível, principalmente na chamada ‘grande imprensa’.

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Estudante de Jornalismo, São Paulo