Para evitar prejulgamentos, o inquérito sobre a morte da menina Isabella corre em segredo de Justiça. Decisão corretíssima considerando os dramáticos antecedentes da Escola Base e a intempestiva atitude de uma delegada que, no dia seguinte à tragédia, aos brados, anunciava quem era o assassino.
Mas na longa entrevista coletiva da última sexta-feira (4/4), o promotor de Justiça Francisco Cembranelli fez comentários que confrontam o sigilo no qual deve correr o caso. Não uma, mas diversas vezes, o promotor declarou aos repórteres ávidos por manchetes que as explicações do pai e da madrasta de Isabella eram contraditórias.
Em outras palavras, insinuou suspeição do casal.
As emissoras de rádio e TV usaram e abusaram da declaração, assim também os jornais do dia seguinte. Depois, o promotor arrependeu-se e declarou: ‘Ainda não acuso o casal de nada’. Mas, no sábado (5), alguma autoridade vazou para a imprensa laudos periciais sobre a causa mortis da menina e que igualmente deveriam estar sob sigilo, sobretudo porque são parciais.
O caso da menina está comovendo o país e ainda comoverá por muito tempo. Se as autoridades não conseguem respeitar o sigilo que elas próprias decretaram, o caminho fica aberto para o paredón e os linchamentos.