O National Intelligence Estimate (NIE), relatório que reúne dados fornecidos pelas 16 agências de inteligência dos EUA, foi divulgado na semana passada. Além de minimizar o perigo nuclear iraniano, levantando novas questões sobre a política antiterrorismo do governo Bush, o documento revelou também que as agências de inteligência têm usado fontes mais simples e acessíveis ao público para pesquisar informações sobre armas nucleares no Irã – entre elas a internet, jornais e relatórios não-governamentais.
Curiosamente, o uso destas fontes levou a dados contraditórios aos divulgados no relatório de 2005. Esta avaliação recente contém, entre outros materiais de fácil acesso, fotos tiradas por repórteres em visitas governamentais ao Irã desde março de 2005. As imagens, junto com relatórios secretos da Agência de Energia Atômica Internacional, fizeram com que as agências estimassem que ‘problemas técnicos’ impedem o Irã de produzir urânio enriquecido em quantidade suficiente para fabricar armas nucleares por pelo menos dois anos. Na opinião de Donald Kerr, vice-diretor da Inteligência Nacional, este é o relatório mais completo sobre o Irã.
Importância da mídia
Jeffrey Lewis, diretor da Iniciativa de Estratégia e Não-Proliferação Nuclear da organização New America Foundation, considerou as fotografias tiradas pela mídia extremamente importantes para a conclusão exposta pelas agências. ‘Se a mídia não tivesse tirado estas fotos, isto significa que não as teríamos? Isso é muito curioso’, ressalta ele. Um funcionário de uma das agências afirmou que as fotos de 2005 não constavam no NIE daquele ano porque não estavam disponíveis ao serviço secreto.
Alguns analistas acreditam que informações disponíveis ao público em meios de comunicação como jornais e internet podem, muitas vezes, não ser confiáveis, pois correm o risco de ter sido ‘plantadas’ pelo governo exatamente para levar a conclusões confusas. ‘Se você tem uma foto em março de 2005 que contradiz alguma informação do serviço secreto, é possível acreditar que se trata de uma foto forjada’, opina Mark Lowenthal, ex-diretor-assistente da CIA para produção e análise, que hoje preside uma empresa de consultoria. ‘Quando outras fotos iguais começam a aparecer, você pára e pensa que a informação é verídica’.
As informações disponíveis ao público, chamadas de ‘open source’, costumam representar de 80 a 90% das informações que os analistas usam em seus relatórios, mas não eram muito valorizadas por alguns analistas por não se tratar de dados confidenciais. Atualmente, estas informações passaram a ser mais respeitadas. Em novembro de 2005, o diretor da Inteligência Nacional anunciou a inauguração do Open Source Center, um banco de dados criado para organizar as informações que as agências confirmam como verídicas. Informações de Pamela Hess [Associated Press, 6/12/07].