Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Revista americana acusada de preconceito

O grupo ativista Congresso Judeu Americano (AJC, sigla em inglês) acusou a revista feminista Ms. Magazine de hostilidade em relação a Israel, por se recusar a publicar um anúncio enaltecendo o fato de três das posições mais importantes do governo israelense serem ocupadas por mulheres. ‘Que outra conclusão podemos tirar, exceto de que os editores – e se os editores estiverem certos, um número significativo de leitores da revista – são tão hostis a Israel que não querem nem ver um anúncio que diga algo positivo sobre o país?’, indagou Richard Gordon, presidente do grupo. Para ele, a recusa foi ‘revoltante e imoral’.


O anúncio continha uma mensagem de apenas três palavras – ‘Isto é Israel’ – e era acompanhado de fotografias da presidente da Suprema Corte, Dorit Beinish; da vice-primeira-ministra e ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni; e da presidente do Parlamento de Israel, Dalia Itzik.


Partidário


A editora-executiva da Ms. Magazine, Katherine Spillar, defendeu a decisão, citando diversos artigos publicados sobre mulheres israelenses – incluindo um perfil de Tzipi, na edição que está nas bancas. Segundo ela, a acusação de que a revista é anti-Israel é ‘falsa e injusta’. Katherine alega que a Ms. Magazine aceita apenas ‘anúncios que tenham a missão’ de promover a igualdade das mulheres, em especial de organizações não-partidárias e sem fins lucrativos.


‘Na nossa avaliação, o anúncio submetido pelo AJC não era consistente com esta prática’, explica. ‘Ele não apenas foi visto como tendencioso a determinados partidos políticos de Israel, como seu slogan dava a entender que as mulheres em Israel ocupam posições de poder iguais aos homens. Lá, assim como em qualquer outro país, falta muito para que as mulheres alcancem a igualdade’.


Dalia e Tzipi são do partido Kadima, atualmente no poder. Segundo Katherine, as mulheres ocupam apenas 14% dos assentos no Parlamento, sendo o 74º país do mundo em termos de representação feminina política.


Desculpa esfarrapada


Em uma coletiva de imprensa, realizada esta semana, integrantes do AJC criticaram a explicação da revista. Segundo Gordon, a afirmação de que o anúncio favorecia um partido político é apenas ‘uma mentira para cobrir o preconceito’. Para a diretora da Comissão de Poder às Mulheres da AJC, Harriet Kurlander, o fato de a revista trazer, na edição corrente, uma matéria sobre Tzipi não invalidaria a publicação do anúncio. ‘Não se tratava de enaltecer as conquistas de uma mulher específica, mas sim de falar sobre Israel e de como o país dá poder as mulheres’, afirmou. A Ms. é bimestral e tem tiragem de 250 mil cópias. Informações de David Crary [AP, 15/1/08].