Diante dos inúmeros escândalos presenciados semanalmente nos noticiários, poder-se-ia engajar uma frase, um lema por demais contemporâneo (e implícito) na sociedade brasileira: o que seria do Brasil se não fosse o trabalho de investigação e denúncia da imprensa brasileira no que tange aos mais grotescos descalabros na administração da res publica pelos representantes do povo?
Ora, como exemplo, vislumbre-se que se não fosse a imprensa, como estaria agora o atual ministro do Trabalho, Carlos Lupi, após o deleite de usufruir passagens aéreas como patrimônio privado? Certamente na plena tranquilidade de seu gabinete, fazendo outras viagens, enfim, dando seguimento ao seu mister concedido pela presidenta da República. Ou ainda, qual seria a situação de Orlando Silva, ex-ministro dos Esportes, em relação aos contratos fraudulentos assinados com ONGs? Idem, de bem a melhor. Destarte, não se afigura necessário citar os outros ministros e asseclas que sucumbiram nos últimos meses, vítimas de denúncias de corrupção nas pastas do governo para não “chover no molhado”.
Portanto, fica no ar o seguinte questionamento: caso não existisse a liberdade de expressão neste país, especialmente das garantias concedidas aos jornalistas cujas fontes são mantidas sob sigilo – frise-se, também uma garantia constitucional –, o que seria de nós, brasileiros, se não fosse a imprensa? Talvez seja melhor não saber. Afinal de contas, precisamos dormir hoje e nas noites vindouras de nossas vidas.
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[Leonardo Passos é administrador de empresas, João Pessoa, PB]