Houve um tempo em que para atacar redes de computadores era necessário um conhecimento técnico que poucos tinham. Hoje, essas tecnologias estão disponíveis na internet, para quem quiser baixar e usar, ao alcance de uma busca. Além disso, os grupos interessados em derrubar e invadir sistemas podem se organizar facilmente, usando ferramentas de mídia social. É possível definir alvos e objetivos e, com uma coordenação mínima, atingir governos e empresas.
O grupo de hackers LulzSec ganhou muita visibilidade nos últimos meses ao atacar, com sucesso, sites da CIA, do FBI, do Senado americano, das redes americanas de TV Fox e PBS e a gigante japonesa de eletrônicos Sony. No último caso, houve roubo de números de cartões de crédito, mas, na maioria dos ataques, o objetivo principal parece ser o constrangimento de governos e de empresas. Lulz vem de Lol, sigla de rindo alto em inglês, e Sec de security (segurança).
A história dos ataques cibernéticos começou com jovens aficionados por tecnologia que começaram a invadir sistemas pelo desafio de conseguir superar as barreiras de segurança. Com o tempo, essa fase mais romântica ficou para trás e grupos criminosos passaram a se especializar no roubo de informações valiosas, como dados de cartão de crédito, tendo como objetivo ganhar dinheiro com os ataques.
Negação de serviço
Aparentemente, o LulzSecBrasil não quer lucrar com os ataques. “Sinceramente. Nossa causa é apenas derrubar sites ligados ao governo”, tuitou o grupo há alguns dias. Sua conta do Twitter tinha na noite de ontem mais de 12,8 mil seguidores. Os hackers publicam mensagens anticorrupção e reclamam do preço alto dos combustíveis, mas, tanto aqui quanto lá fora, não parecem ter ideologia muito definida.
Outro grupo de hackers, chamado Fail Shell, invadiu o site do IBGE e criticou o LulzSec em sua mensagem: “Não há espaço para grupos sem qualquer ideologia como LulzSec ou Anonymous no Brasil.”
Os grupos que modificam os sites, como o Fail Shell, costumam ser chamados de defacers pelos especialistas em segurança da informação. Aqueles que invadem sistemas e têm acesso a informações sigilosas são conhecidos como crackers. Em sua origem, a palavra hacker designa alguém que conhece muito a tecnologia, mas muitas vezes acaba sendo empregada para denominar quem age de maneira ilegal.
Os ataques do LulzSecBrazil são de negação de serviço. Eles tomam o controle de computadores de terceiros, fazendo com que os sites que são alvo dos ataquem fiquem congestionados com milhares de acessos simultâneos.
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[Da Redação de O Estado de S.Paulo]