O desenvolvimento humano deve-se em grande parte à velocidade na troca de informações. Vou citar como exemplo algo acontecido na baixa Idade Média. Marco Polo (1254-1324) empreendeu sua viagem à China, entre os anos de 1271 a 1288, e uma das coisas que mais o impressionou nesse desconhecido país foi a existência do papel moeda, pois eliminaria todos os problemas para transporte de dinheiro metálico, a começar pelo peso. Assim levou essa novidade para sua Veneza natal, mas esqueceu de trazer o sistema de tipos móveis que permitiria a impressão – esta técnica fora inventada na Mongólia e levada para China.
Para que a imprensa surgisse na Europa passaram-se mais de 150 anos. A importância da imprensa foi tanta que muitos historiadores a usam como marco (1455) da mudança da Idade Média para Moderna. O fato é que uma viagem igual àquela que fez Marco Polo acontecia no máximo duas vezes numa vida.
O sistema de comunicação e de troca de informações foi evoluindo em progressão geométrica até chegarmos à internet, um verdadeiro milagre para os de minha geração, nascidos durante a Segunda Guerra Mundial. Não imagino viver sem internet, Google e Skype. Impressiona-me o numero de blogs que circulam, de todas as qualidades e gostos.
Blog na TV
Agora tomo conhecimento que o blog tornou-se uma série televisiva, passando da internet para a telinha da TV.
Dylan Krieger fala olhando a pequena câmera que aparece no monitor de seu computador, contando sobre ela no seu vídeoblog. Fala de sua vida de seus amigos, como fazem muitos outros jovens de sua idade e outros, da mesma idade, o vêem e ouvem.
Essa é a trama de Quarterlife, um retrato da blog generation estadunidense, que há 15 dias está sendo programado pela MySpaceTV, dois capítulos por semana, aos domingos e às quartas-feiras, cada um com a duração de oito minutos. O New York Times o define como ‘um melancólico retrato de uma geração’, já o Los Angeles Times o classifica como ‘o futuro da televisão’. Fato é que Quarterlife é a primeira experiência de sucesso em misturar novas tecnologias: televisão com temas etários, procurando capturar o público jovem que sempre vê menos TV e usa a web mais para entretenimento.
Quarterlife gira em trono das confissões ‘telemáticas’ da jovem Dylan Krieger (interpretada por Bitsei Tulloch), que atravessa seus vinte anos (um quarto da vida, daí quarterlife) combatendo com sentimentos contrastantes, com desilusões, com a sensação de não conseguir realizar seus desejos ou ser aquilo que quer. ‘Por que não fazemos um blog?’, pergunta Dylan a si mesma, ‘Façamos um blog porque existimos, portanto somos… idiotas’, esta é sua amarga conclusão.
O sucesso foi inesperado, a ponto da NBC querer comprá-lo para transmiti-lo nos canais tradicionais.
Os autores da série Marshall Herskovitz e Edward Zwick pensaram, acertadamente, em criar também um site, que vive paralelamente à série, onde realidade e ficção se misturam e é possível encontrar o verdadeiro blog de jovem Dylan, um site de community onde podem ser colocados online vídeo, áudio e outras coisas.
É a troca de informações tornando-se cada vez mais veloz.
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Jornalista