O Congresso Nacional Africano, partido de situação na África do Sul, anunciou, na terça-feira (27/11), que apenas a emissora estatal South African Broadcasting Corporation terá os direitos de transmissão de sua próxima conferência, em dezembro, quando um novo líder será eleito. ‘O motivo é que não há espaço para mais câmeras’, justificou o porta-voz do partido, Steyn Speed. ‘Nós garantimos a todas as outras emissoras que elas receberão filmagens ininterruptas de todas as sessões abertas’.
Kaizer Kganyago, porta-voz do canal estatal, confirmou que ele será o único a cobrir o evento. ‘Tudo o que sei é que recebemos a oportunidade de ser a emissora anfitriã. Isso significa que poderemos entrar na conferência e forneceremos imagens a todos os outros canais que pedirem, sem cobrar por isso’, afirmou, completando que a situação foi estabelecida desta maneira por um ‘problema de logística’.
Preocupações
A emissora costuma ser acusada de ser porta-voz do governo, e a decisão de dar a ela exclusividade na transmissão levantou o temor quanto à objetividade da cobertura da conferência – em um momento em que aumenta o debate sobre a liberdade de imprensa na África do Sul. Executivos de mídia locais e internacionais expressaram preocupação com a medida, já que todas as reportagens e filmagens terão que ser submetidas aos critérios editoriais do canal.
Segundo um editor de uma grande emissora internacional, as preocupações envolvem questões técnicas e de conteúdo. ‘Tecnicamente, eu quero ter certeza de que vamos receber uma transmissão limpa e sem interrupções. Editorialmente, me preocupa que dependamos deles como a única câmera [dentro da conferência]’, afirmou, de forma anônima. Ele lembra que, em eventos anteriores em que líderes do partido foram vaiados ou tiveram que enfrentar perguntas sensíveis, estas cenas foram cortadas. Informações da AFP [27/11/07].