Friday, 29 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Um novo desafio: a maturidade

Você sabe usar as redes sociais?

Com a evolução da Web 2.0, conceito criado pela empresa americana O’Reilly Media em 2004 para designar uma forma interativa de utilizar a internet, principalmente através de wikis e redes sociais, os usuários da rede mundial estão diante de um novo desafio: a maturidade. Casos recentes de jornalistas demitidos por falarem mal de suas empresas ou por exporem suas fontes ao ridículo demonstram que é preciso cuidado e bom senso na hora de utilizar ferramentas como Twitter, Facebook, YouTubee blogs. A privacidade, no âmbito das redes sociais da web, é limitada e restritiva.

O internauta, quando adere a uma comunidade virtual, deve estar ciente de que sua identidade é real e suas ideias e comentários se estendem a milhões de pessoas, incluindo aquelas dispostas a investigações levianas e propagações difamadoras. Além disso, uma postagem deslocada cai como uma bomba no colo do patrão, que não vê alternativa a não ser “desmanchar no ar virtual sonhos e projetos”, como afirmou um jornalista da revista National Geographic Brasil, exonerado em 2010 por dois comentários infelizes no Twitter.

Segundo matéria do portal de notícias R7, pelo menos uma pessoa é demitida no Brasil a cada semana por fazer comentários diretos contra a companhia da qual faz parte ou contra colegas e chefes, mas muitas dessas demissões acabam sendo abafadas e não chegam ao público. Como esse número tende a aumentar – pois ainda não há um manual de conduta para a utilização de redes sociais dentro das corporações e o número de adesões é crescente –, especialistas dão dicas básicas para evitar situações constrangedoras que podem manchar uma carreira profissional.

Na hora de abrir a intimidade

A primeira delas é nunca postar comentários negativos sobre o trabalho ou a empresa. Além disso, defender o empregador em uma discussão online, comentar questões privadas da empresa em fóruns públicos, mudar de identidade e fingir ser outra pessoa, oferecer muita informação sobre sua vida pessoal e atividades de lazer e publicar fotos de gosto duvidoso compõem um mosaico perfeito para “queimar o filme”.

Se você ainda titubeia e não acredita que o mau uso das redes sociaispode acarretar uma série de problemas, basta fazer a comparação com a “vida real”. Quem é que consegue se mostrar a milhares de desconhecidos e abrir sua intimidade a quem nunca viu? É recomendável sair por aí mostrando fotos de viagem para um número ilimitado de anônimos? E que tal falar do que você mais gosta e o que não suporta para ter sua vida invadida por qualquer um? Pois então, por que achar que isso não acontece realmente só porque estamos atrás de um computador, aparentemente protegidos?

O brasileiro vive uma espécie de deslumbramento enquanto age nas redes sociais. O que se percebe, de uma forma geral, é uma disputa de egos, onde mostrar a realidade maquiada de perfeição é o objetivo máximo numa corrida que não leva a lugar algum. A maioria almeja ser tão bonito como no Orkut, tão feliz quanto no Facebook, tão simpático como no Twitter, tão ausente como no Skype e tão ocupado como no MSN. Em vez de estimular a troca de informação e o debate construtivo, a rede social virou espaço para ostentação e leviandades.

O paradoxo da comunicação no século 21 é que o homem, cuja inteligência permitiu organizar de forma inteligente a interação social, consegue cada vez menos distanciar o virtual do real, ficando muitas vezes isolado e perdido em redes sociais que não condizem com a realidade. Examinar até que ponto somos sinceros, discretos e maduros na hora de abrir a nossa intimidade na web é um desafio interessante, começando pela pergunta: será que eu sei mesmo usar as redes sociais?

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Jornalista do portal de notícias Terra