A ABC e a CNN nunca estiveram tão contentes com suas coberturas políticas. Os ‘ônibus-estúdios’, turbinados com conexões de internet em alta velocidade, edição de primeira e transmissores, além de cafeteiras e geladeiras, ajudaram as emissoras a cobrir as primárias democratas para as eleições presidenciais nos EUA de forma mais efetiva e até econômica do que à moda antiga, em carros.
‘[Os ônibus] são uma benção de Deus’, disse George Stephanopoulos, apresentador do programa This Week, da ABC, e principal repórter político da emissora. Ele acha que a cobertura dos pré-candidatos democratas tem sido bem mais fácil devido às conveniências que os ‘estúdios-móveis’ oferecem a ele e aos próprios candidatos – o ônibus de Stephanopoulos rendeu, por exemplo, grande agilidade na edição e transmissão de uma entrevista exclusiva com o senador John Kerry no hangar particular do candidato no aeroporto de Boston.
A alta produtividade desses ônibus é o principal dividendo. ‘Desafio qualquer um a me dizer de que outra maneira é possível fazer quatro coisas ao mesmo tempo em uma campanha política’, disse David Reiter, produtor sênior de eventos especiais da ABC News. Ele se referia a um dado momento em que o produtor captava as imagens no fundo do ônibus, outra pessoa ajustava o equipamento de rádio, um convidado era entrevistado para o sítio da ABC News e uma equipe filmava o evento, tudo isso ao mesmo tempo.
Para os concorrentes da ABC e da CNN, de acordo com reportagem de Andrew Grossman [The Hollywood Reporter, 2/3/04], os ônibus não passam de milionários elefantes brancos sobre rodas. ‘Quando olho para os ônibus, não consigo imaginar como podem fazer uma reportagem melhor, como podem aprimorar o processo noticioso’, disse Mark Lukasiewicz, produtor executivo do Decision 2004, da NBC. ‘É uma boa estratégia de marketing, mas não acho que posso citar um só fator desses aparatos que torne uma reportagem melhor’. De sua parte, as adeptas dos ônibus garantem que ganham, e muito, com a tecnologia.