Pouco mais de um ano após ter chegado ao país, o tablet parece ter enfim caído no gosto dos consumidores brasileiros. Adotado por empresas e pelo setor educacional, a venda de aparelhos deve superar as expectativas em 2011. O IDC Brasil, empresa de consultoria em tecnologia da informação e telecomunicações, reviu a projeção das vendas de 300 mil para mais de 400 mil unidades no ano.
Mas há grande preocupação quanto aos investimentos em infraestrutura de rede, para permitir o acesso por centenas de pessoas ao mesmo tempo, como em um conjunto de salas de aula. Em 2010, quando o tablet chegou ao mercado brasileiro, foram vendidas 100 mil unidades.
O barulho em torno do lançamento do aparelho atraiu a atenção dos consumidores, que já estão conhecendo melhor a nova mídia, segundo Martim Juacida, analista de mercado de PC do IDC Brasil. “Embora tenhamos revisado o número, acreditamos que o tablet ainda não vai se desenvolver tanto em 2011, mas sim em 2012”, contou Juacida.
Os incentivos do governo, como redução de impostos sobre o aparelho, e a chegada de novos fabricantes devem baratear o produto. Além dos preços menores, a adoção pelo mundo corporativo também aumenta a demanda. A tendência é de que os tablets substituam os notebooks.
Mas é o uso do aparelho no ensino que deve puxar as vendas já no segundo semestre. Em apenas uma universidade, serão seis mil alunos de uma só vez a receber a ferramenta, a partir de agosto. Juacida ressalta que escolas e faculdades privadas ainda usam a mídia apenas em projetos pilotos. “Até o governo vai acabar fazendo algumas licitações desse tipo”, diz.
A Faculdade Paulista de Pesquisa e Ensino Superior (Fappes) já começou um projeto-piloto de oferecer tablets gratuitamente aos novos alunos do curso de graduação em Administração, desde que se comprometam a pagar pelo menos um ano de mensalidade. Oito aparelhos já foram distribuídos, mas a faculdade espera que o número aumente para 40 com o início das aulas do segundo semestre.
“Até agora o investimento não foi tão grande. Estamos comprando sob demanda”, explicou Bruno Berthielli, diretor de comunicação e informática da Fappes. Cada aparelho saiu por apenas R$ 340, mas, como a meta não incluía tantos alunos, a faculdade optou por não fechar um pacote com operadoras de telefonia para fornecimento de internet 3G.
Infraestrutura
Já a Universidade Estácio de Sá, que entregará seis mil tablets a alunos do segundo período dos cursos de graduação em Gastronomia e Hotelaria em São Paulo e Rio de Janeiro e Direito no Rio e no Espírito Santo, apostou mais alto. Embora não revele o custo dos tablets comprados da Semp Toshiba, a universidade desembolsou R$ 188 mil para reforçar a infraestrutura de rede, com a compra de equipamentos como roteadores e switches, além de pagar mensalmente R$ 27 mil pelo aluguel de links para suas 30 unidades. “Sem investimento na rede, com 400 alunos navegando ao mesmo tempo, certamente teríamos problemas”, disse Pedro Graça, diretor de Mercado da Estácio.
A instituição fechou acordo com a Claro para garantir acesso a planos de dados mais baratos aos alunos. O investimento tem retorno em marketing, mas também elimina custos com a impressão de apostilas e com o envio do material didático pelo correio. A meta é estender o uso de tablets aos alunos de todos os cursos em até 4 anos – cerca de 240 mil estudantes.