Na contramão do lugar-comum de que, na internet, o blog é o caminho mais rápido entre dois pontos – o autor e o leitor – o colunista Frank Rich, do New York Times, contou neste domingo (12/11), a história da queda em desgraça de George Allen.
Trata-se do senador da direita republicana que vinha sendo citado como o favorito do partido para a sucessão de George W. Bush, em 2008, e que tomou uma tunda inesquecível na terça-feira (7) como candidato a mais um mandato no Capitólio.
Tem tudo a ver com a comunicação na rede.
No dia 11 de agosto, em dado momento de um comício para uma platéia de eleitores brancos da Virgínia rural, Allen notou que estava sendo seguido pela câmara de um ativista do candidato adversário, o democrata Jim Webb.
A dona da câmera era uma americana de origem hindu – e Allen resolveu insultá-la. Chamou-a de ‘macaca, ou seja lá qual for o seu nome’.
É onde entra a internet.
Um minuto
‘O momento se tornou o acontecimento cultural por excelência do ano político’, escreve Rich, ‘porque a campanha de Webb colocou o videoclip [com as palavras do republicano] no YouTube, o site delirantemente popular cuja importância os políticos fariam bem em perguntar aos filhos qual é.’
E continua: ‘Diferentemente da blogorréia não editada, que pode se arrastar ao seu destino mais devagar que aos textos impressos da Velha Mídia, YouTube é todo vídeos rápidos o tempo inteiro; o clipe do `macaca´, com um minuto de duração se propagou pelo corpo político nacional como um vírus devastador’.
O colunista lembra que o bushismo ainda tentou salvar o correligionário racista, contando com a ajuda dos talk-shows de rádio, da blogosfera e da página de opinião do Wall Street Journal [a mais reacionária da imprensa americana], que ficaram martelando a versão segundo a qual o episódio foi inflado pela mídia liberal, especialmente pelo Washington Post.
Mas, a essa altura, o sucesso do clipe do ‘macaca’ no YouTube fizera o incidente ultrapassar as divisas do estado da Virgínia, repercutindo na América inteira. Sabe-se lá quantos votos esse vídeo de um minuto há de ter tirado da direita republicana, ajudando a enterrar o projeto do marqueteiro presidencial Karl Rove de dar ao partido da Casa Branca uma maioria permanente no Congresso.