Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

18 jornalistas atrás das grades

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), uma organização com sede em Nova York, denunciou nesta quinta-feira o número recorde de 18 jornalistas detidos no Egito, afirmando que os profissionais da imprensa enfrentam “ameaças sem precedentes”. De acordo com relatório do CPJ, trata-se do maior número desde o início dos registros pelo comitê, em 1990. A maioria dos detidos é de veículos digitais.

“O risco de ir para prisão é parte de uma atmosfera na qual as autoridades pressionam os meios para censurar vozes críticas e criar mordaças a respeito de temas sensíveis”, afirma a organização no relatório, explicando que a maioria dos presos é simpatizantes do movimento Irmandade Muçulmana, ao qual o ex-presidente deposto Mohamed Morsi pertence.

Khaled al-Balshy, chefe do sindicato de liberdade de imprensa do Egito, disse que o número de jornalistas presos é maior, colocando-o em mais de 30.

Segundo o CPJ, as detenções são realizadas sob pretexto da segurança nacional para reprimir a liberdade de imprensa. Um terço dos detidos enfrenta o risco de prisão perpétua. E são submetidos a abusos e condições degradantes.

“A detenção de jornalistas no Egito geralmente é violenta e implica agressões, abusos, apreensões em suas casas e o confisco de bens”, acrescenta o documento.

Ainda segundo o relatório, as celas muitas vezes estão sujas e lotadas. Nas cartas, os jornalistas revelam que não ficam tempo suficiente à luz do sol e outros mencionam torturas.

Os ativistas dos direitos humanos denunciam um agravamento da situação da imprensa no Egito desde que o Exército destituiu Mursi. Seu sucessor, o general Abdel Fatah al-Sissi, ordenou uma violenta repressão contra a Irmandade Muçulmana e seus simpatizantes.

Associações de defesa dos direitos humanos acusam o atual governo de ser ainda mais repressivo que o de Hosni Mubarak, derrubado por uma revolta popular em 2011 depois de passar quase três décadas no poder.