Na quinta-feira (3/5) o mundo comemorou o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, mas a realidade mostra que não há motivos para comemorar. Somente no ano passado, 64 jornalistas foram mortos no exercício da profissão e 179 estiveram no cárcere. A liberdade de imprensa está cada vez mais cerceada, oprimida e massacrada. E, em países como o México e o Paquistão, ela praticamente não existe.
Mas não precisamos sair do Brasil para presenciar o massacre da liberdade de expressão. Em abril, o jornalista Décio Sá foi brutalmente assassinado em um bar na capital do Maranhão por pistoleiros que fugiram numa motocicleta. Sem falar do editor Mário Randolfo Marques Lopes, no Rio de Janeiro, morto no começo do ano. Isso também nos faz lembrar outro Lopes: Tim Lopes, o repórter investigativo da TV Globo que foi assassinado a sangue frio e teve o corpo queimado no agora pacificado Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em 2002.
Como se não bastasse o medo e a sensação de impunidade, os jornalistas convivem com um dilema muito pior: se buscam a liberdade, correm risco de morte e se calam suas vozes, tornam-se verdadeiros cúmplices da criminalidade. Exercer a profissão de jornalista em alguns lugares do mundo se tornou um ato de coragem e bravura.
Essa verdadeira “ditadura enrustida” quer calar as vozes, censurar e reprimir o direito quase sagrado de expressão. O poder e a corrupção acima de tudo. O narcotráfico, os esquemas ilegais, o coronelismo. Os motivos e os autores desse verdadeiro estupro à liberdade são muitos e variados. E diante desses crimes hediondos, impera a lei do silêncio. A lei do mais forte. A imprensa tem força. É considerada o “Quarto Poder”. Mas quando se trata de defender os seus próprios direitos e interesses, ela fica pequena. Ela se cala. Os órgãos responsáveis por defender essa “liberdade” apenas criticam, protestam e lamentam, enquanto o sangue desses profissionais continua sendo derramado impunemente.
Até quando?
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[Gabriela Nogueira é jornalista e revisora]