A revelação de que a Agência de Segurança Nacional está investigando chamadas telefônicas reaquece o debate vigente desde o 11 de Setembro: qual equilíbrio entre privacidade e segurança? É a mesma disputa que ocorreu após a aprovação da Lei Patriota, do uso de drones contra cidadãos americanos e da investida do governo contra os responsáveis pelo vazamento de informações. Em todas as ocasiões, os americanos preferiram a segurança.
O presidente Barack Obama deixou claro de que lado ele está. “Vazamentos relacionados a segurança nacional podem colocar pessoas em risco. Podem colocar em risco militares que enviamos ao campo de batalha. Podem colocar em risco alguns de nossos agentes de inteligência que estão em perigosas situações”, disse Obama. “Por isso, não peço desculpas e não acredito que o povo americano esperaria que eu, como comandante-chefe, não estivesse preocupado com informações que possam comprometer suas missões e causar sua morte.”
Lendo nas entrelinhas, fica claro que Obama tem, e continuará tendo, o desejo de proteger o país muito mais do que a privacidade das pessoas. Os defensores das liberdades civis argumentarão que escolher entre segurança e privacidade é uma falsa escolha – e citarão sempre que preocupações de segurança nacional que justificam a coleta de informações privadas deixam o governo em um terreno escorregadio.
Sentimento público
Então, por que maioria do país apoia a coleta de registros telefônicos, o uso de drones e a Lei Patriota? Uma pesquisa Pew, de 2011, mostrou que 42% disseram que a Lei Patriota era “uma ferramenta necessária que ajuda o governo a encontrar terroristas”, enquanto 34% disseram que ela “vai longe demais”.
O medo é um motivador poderoso da opinião pública. A maioria dos americanos, apesar de valorizar sua privacidade, tende a se ver como pessoas com pouco a esconder. O pensamento é: “Se não estou violando nenhuma lei, por que me aborrecer com o fato de o governo investigar algumas ligações telefônicas se isso ajudar a barrar um ataque?” A equação “segurança é maior que privacidade” prevaleceu no governo republicano e, agora, no democrata. A menos que haja uma mudança do sentimento público, essa atitude permanecerá, não só nos três anos finais da presidência de Obama, mas no próximo governo – seja ele qual for.
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Chris Cillizza, do Washington Post