O compartilhamento de informações sobre a onda de manifestações que tomou o país impactou potencialmente 622 milhões de internautas até as 19h30 desta quarta-feira. E os posts em Twitter, Facebook e outras redes sociais oscilaram de apoio quase unânime, decepção com os “excessos” – principalmente na terça-feira – e euforia com a “vitória”, após a revogação do aumento das tarifas de transporte público anunciada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo prefeito Fernando Haddad (PT), nesta quarta-feira.
Para se ter uma ideia do efeito bola de neve das publicações em redes sociais, o impacto até a noite de segunda-feira era de 79 milhões de usuários – ou seja, houve um salto de quase oito vezes no alcance, em 48 horas. O mapeamento foi realizado online pela empresa Scup.
No período, entretanto, o humor dos internautas oscilou bastante. “Isto porque as redes sociais são um termômetro da sociedade”, analisa o psicoterapeuta Ari Rehfeld, supervisor da clínica psicológica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Mudança de humor
Se até segunda-feira (17/6), o apoio virtual aos manifestantes era praticamente hegemônico – conquistado após os protestos da última semana –, o cenário mudou nesta terça-feira, 18, quando depredações e saques foram registrados em São Paulo. “Vândalo não é manifestante”, postou a usuária @NannySantana. “Protesto com quebra-quebra é burro: ajuda a justificar a porradaria da PM e afasta a população (ninguém quer sair de casa pra apanhar)”, escreveu @carolmonterisi. “Parabéns aos idiotas que depredaram a prefeitura ontem”, ironizou o usuário @marceloratis.
“O que mudou nesse ínterim é que a grande maioria dos manifestantes queria um movimento pacífico”, diz Rehfeld. “Estes, então, se sentiram traídos quando os minoritários apelaram para a violência. Passaram a não se sentir mais representados.”
Após a revogação do aumento da tarifa, entretanto, o humor nas redes sociais mudou mais uma vez: o tom passou para a comemoração – ainda que os mais céticos lembrassem que poderia faltar dinheiro para outros investimentos públicos. “Se a revogação não aumentar nada em São Paulo, tá ótimo”, escreveu a usuária @CarolinaCleto. “Vencemos, uhu!, tarifa volta a ser R$ 3. Isso mesmo, Brasil!”, postou @frasesvsf. “Baixaram a tarifa, mas já estão aproveitando o fato para justificar a futura falta de investimentos”, disse @qi200.
Posts
Vários posts também se perguntavam se as manifestações irão continuar – lutando por outras causas que “surgiram” em meio aos protestos pelas tarifas no transporte público. “A tarifa abaixou! Mas, e o Brasil mudou? A roubalheira acabou?” postou a usuária @jacklemes_. “Tarifa baixou em São Paulo… Governador e prefeito recuaram e baixaram para R$ 3. E agora, os protestos vão parar?”, perguntou @garimpodeacoes.
De acordo com o monitoramento da Scup, até as 19h30 desta quarta foi publicado nas redes sociais 1,2 milhão de posts referentes às manifestações. O dia mais intenso foi terça, com um registro de 453 mil posts. Na quarta-feira (19/6), até o início da noite, foram publicados 251 mil posts.
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Edison Veiga, da Agência Estado