Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Chefe da Symantec alerta para risco digital

O chefe da fornecedora de software de segurança Symantec advertiu que o roubo de propriedade intelectual é uma ameaça maior à segurança cibernética que uma guerra virtual e os ataques de hackers que agem por conta própria. Steve Bennett, executivo-chefe da Symantec, disse que mesmo empresas ocidentais estão usando ataques virtuais para roubar propriedade intelectual, com consequências potencialmente perigosas para a economia mundial, caso não se consiga proteger a inovação. Bennett, que assessora o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em assuntos de segurança virtual, disse que empresas e governos precisam aumentar suas informações sobre invasores e compartilhá-las mais porque estão perdendo a guerra contra os hackers que usam seus conhecimentos para fins criminosos.

A Symantec, com ações na Nasdaq, vende software e serviços de segurança, entre os quais o programa antivírus Norton. O número de empresas que sofrem ciberataques externos com o objetivo de roubar segredos comerciais duplicou no período 2012-2013, comparativamente ao ano financeiro anterior, segundo a agência de investigações Kroll. O roubo de informações é a segunda forma mais comum de fraude depois do roubo físico de ativos.

Os hackers que invadem redes de empresas para roubar propriedade intelectual – de planos para produtos até códigos-fonte representam “o maior risco empresarial” para companhias que criam propriedade intelectual, por menores que sejam, disse Bennet. A Symantec disse que os ataques a pequenas empresas registraram uma alta ano a ano de 50%.

Golpes virtuais sem notificação

Bennett, que foi nomeado para o comitê consultivo de segurança nacional em telecomunicações dos Estados Unidos no terceiro trimestre, criticou o governo americano e o setor de segurança por serem lentos em implementar reformas e resistir a trabalhar em colaboração entre si. O governo americano está elaborando o National Institute of Standards and Technology, um conjunto de diretrizes para proprietários de infraestrutura crítica e operadoras. “Enquanto nossos melhores esforços não produzem resultados, os malfeitores estão ficando mais sofisticados e as consequências das invasões estão aumentando”, disse ele, acrescentando que sua própria empresa concentrou-se demais em cumprir as metas de lucros trimestrais em vez de dar mais segurança à internet, antes de ele assumir o cargo, no ano passado.

Os governos, ainda se recuperando dos efeitos das revelações sobre a vigilância exercida pela Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês), estão se fazendo “a pergunta errada” e confundindo privacidade com segurança virtual, disse ele. A Adobe sofreu um ruidoso roubo de propriedade intelectual neste ano, quando informou que hackers roubaram o código-fonte que forma a base de seu software. De posse do código, os atacantes conseguem mapear vulnerabilidades que podem ajudá-los a acessar os computadores que rodam os programas.

Mas muitos golpes virtuais deixam de ser notificados. As empresas se esforçam para mantê-los em segredo por medo de que sejam processadas. Mesmo os que são notificados têm um impacto relativamente secundário sobre os preços das ações em nove em cada dez incidentes, segundo o escritório de advocacia Freshfields Bruckhaus Deringer.

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Hannah Kuchler, do Financial Times, em San Francisco