Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Só os patrões

“Qualquer agressão física é absolutamente injustificada, qualquer violência a um ser humano não tem justificativa em uma sociedade, em um Estado de Direito. Mas quando se faz isso a um jornalista, a um profissional do jornalismo em sua atividade jornalística, que está apurando um determinado fato para transmitir aquilo para a sociedade, você, além de estar agregando fisicamente um ser humano, você está prejudicando o próprio interesse da sociedade de ser livremente informada. Então, é lamentável que isso tenha acontecido”.

A declaração é do diretor executivo da Associação Nacional de Jornais, Ricardo Pedreira, em entrevista a O Liberal. Seus princípios, entretanto, não têm aplicação geral. Quando um jornalista é agredido por outro jornalista, esse caso não se enquadra na proteção da ANJ, que fala apenas como entidade patronal (e o agressor é filiado à entidade).

Tentei sem sucesso incluir a agressão que sofri nos casos de violação da liberdade de imprensa. O próprio Pedreira tomou conhecimento da situação e endossou o ponto de vista de que se tratava de mera “rixa familiar”. A ANJ não ia se meter. Ela só se interessa por certos jornalistas, não pelo jornalismo.

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Lúcio Flávio Pinto é jornalista, editor do Jornal Pessoal (Belém, PA)