A apresentadora Rachel Sheherazade, do SBT Brasil, não poderá mais emitir opinião no telejornal, segundo nota divulgada pelo SBT. A âncora voltou ontem [segunda, 14/4] de férias, depois de ter negado rumores de que fora afastada da emissora por causa da polêmica em que se envolveu em fevereiro.
Na ocasião, ela defendeu a ação de um grupo que amarrou um assaltante a um poste. Também convocou quem fosse crítico daquela atitude a “adotar um bandido”.
A decisão do SBT de impedir comentários opinativos vale para todos os jornalistas. Foi tomada em decorrência “do atual cenário” em torno da apresentadora, diz a nota.
“Essa medida tem como objetivo preservar nossos apresentadores Rachel Sheherazade e Joseval Peixoto, que continuam no comando do SBT Brasil”, diz o texto.
Comentários nos telejornais serão feitos apenas em editoriais, que serão identificados com uma tarja na tela.
Tentativa de censura por meio de intimidação
Ao apresentar uma reportagem sobre um assalto na edição de ontem do telejornal, Sheherazade disse que a cena era “revoltante”. Não fez mais comentários.
A Folha apurou que ela foi surpreendida por uma reunião com a direção da emissora na tarde de ontem.
A âncora reclamava aos colegas que se sentia pressionada, e que não sabia sobre o que poderia opinar ou não.
Durante as férias dela, a direção da emissora decidiu que a funcionária deveria parar de dar sua opinião.
Em entrevista à Folha na semana passada [retrasada], a apresentadora disse que havia “pressão política muito forte” para que fosse calada.
O PSOL e o PCdoB moveram representações contra Sheherazade na Procuradoria-Geral da República.
“É clara a tentativa de censura por meio de intimidação. Não é possível que, em plena democracia, a mordaça prevaleça sobre a liberdade de expressão”, disse ela.
A reportagem procurou Sheherazade por meio da assessoria do SBT. Segundo o canal, ela estava ocupada.