Quando o mundo inteiro reverencia o ex-agente de inteligência norte-americano Edward Snowden, muito justamente, por sinal, por se tratar de um herói da humanidade, outro herói da humanidade, Julian Assange, responsável pelo site WikiLeaks vem sendo esquecido. Praticamente saiu do foco midiático.
Assange já passou mais de 700 dias confinado na representação diplomática do Equador em Londres, uma pequena sala. Está impedido de tomar sol e já apresenta sintomas de doenças a que ficam sujeitas pessoas na situação em que ele se encontra.
Como se não bastasse esse infortúnio, por pressão do Departamento de Estado norte-americano Assange está sendo impedido de receber doações através de cartões de crédito que o site WikiLeaks recebia de diversas partes do mundo. Ou seja, além de impedido de sair do local onde se encontra, porque se o fizer será preso pelas forças policiais britânicas acantonadas na saída da representação diplomática equatoriana, as pressões econômicas aumentam a cada dia.
A Grã Bretanha obedece fielmente, como um cão de guarda, os interesses norte-americanos e não dá tréguas na vigilância a Assange. Também não divulga o custo financeiro representado pela a prontidão policial.
E tudo isso acontece sob total silêncio dos grandes meios de comunicação ocidentais, que sempre se dizem não apenas interessados em oferecer informações aos seus leitores, telespectadores e ouvintes, como se apresentam como defensores incondicionais da liberdade de expressão e de imprensa.
Silêncio vergonhoso
A pressão, criminosa, dos Estados Unidos contra Assange é atentatória à liberdade de expressão, e não pode continuar sendo silenciada. É preciso que os espaços midiáticos em todo mundo abandonem a desinformação sobre a real situação em que se encontra o herói da humanidade Julian Assange.
Louve-se o governo do Equador, que em nenhum momento deixou de oferecer ajuda a Assange. Claro que tudo isso tem um custo financeiro. O governo de Rafael Correa arca com esse custo e está mostrando ao mundo que acima de tudo leva em conta a questão humanitária. Já o governo estadunidense tenta de todas as formas silenciar o site WikiLeaks ao obrigar as empresas de cartões de crédito a impedirem qualquer tipo de contribuição financeira por esse meio. O procedimento do Departamento de Estado é atentatório aos direitos humanos.
Se algo de grave acontecer a Julian Assange, a responsabilidade é do presidente Barack Obama e dos serviços de inteligência norte-americanos. Não se exclui também a responsabilidade do primeiro-ministro britânico David Cameron, que ordena o cerco policial à representação diplomática do Equador.
No Brasil, Assange acabou de receber homenagem do Grupo Tortura Nunca Mais-RJ, com a Medalha Chico Mendes de Direitos Humanos. No ano passado, a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) também homenageou o responsável pelo site WikiLeaks com a concessão de uma Medalha de Direitos Humanos. E todas essas homenagens foram omitidas pela grande mídia brasileira.
O GTNM-RJ e a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI somam-se a outras entidades de várias partes do mundo que exigem dos governos dos Estados Unidos e da Grã Bretanha que terminem com o cerco autoritário a que está sendo submetido Julian Assange, e permitam que ele siga imediatamente rumo ao Equador.
As duas entidades também apelam aos meios de comunicação e agência internacionais de notícias a romperem o vergonhoso silêncio sobre o cerco criminoso a que está sendo submetido Julian Assange.
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Mário Augusto Jakobskind é jornalista