Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ex-editor de tabloide pega 18 meses de prisão

O jornalista Andy Coulson, ex-editor-chefe do extinto tabloide News of the World, foi condenado a 18 meses de prisão no processo sobre escutas ilegais do jornal do magnata Rupert Murdoch. A sentença foi anunciada nesta sexta (4/7) pela Justiça britânica dez dias após ele ser declarado culpado pelo envolvimento no escândalo.

O tabloide, fechado em 2011 após 168 anos de história, é acusado de ter usado métodos ilegais, como grampos telefônicos e subornos a servidores públicos, para buscar informação, sobretudo envolvendo famosos.

O veredicto é um dos mais relevantes capítulos do escândalo no Reino Unido que envolve imprensa, políticos, celebridades e a família real.

A pena máxima era de dois anos, mas foi atenuada pelos bons antecedentes de Coulson, editor-chefe de 2003 a 2007. Ontem mesmo ele foi levado do tribunal para uma prisão de segurança máxima, onde deve ficar por pouco tempo até ser transferido para uma para presos considerados não perigosos. Se tiver bom comportamento, ele poderá deixar a cadeia em nove meses.

Jornalistas condenados

A sentença de prisão é um duro golpe para o primeiro-ministro, David Cameron. Em 2010, o jornalista foi contratado como assessor de imprensa do premiê depois de ter trabalhado para ele no Partido Conservador. Coulson deixou o cargo no ano seguinte, após a revelação de suposto envolvimento nas escutas ilegais na época em que estava no tabloide.

Cameron se manifestou após a divulgação da sentença de prisão. “A Justiça deve ser feita e ninguém está acima da lei, como eu sempre disse”, afirmou.

Na semana passada, depois do anúncio da condenação de Coulson, o premiê pediu desculpas por tê-lo contratado. A oposição, sobretudo o Partido Trabalhista, tem usado o episódio para desgastar politicamente o primeiro-ministro a menos de um ano das eleições gerais do Reino Unido.

O texto da sentença de prisão do ex-editor do tabloide afirma que Coulson tem a maior parcela de “culpa” pelas escutas. “Ele sabia disso e estimulou quando deveria ter parado”, afirma. “É clara a evidência de que havia uma concordância com grampos telefônicos enquanto Andy Coulson era editor”, diz trecho da decisão.

Além de Coulson, outros três jornalistas, hierarquicamente abaixo dele, também foram sentenciados. Dois deles, Neville Thurlbeck e Greg Miskiw, pegaram seis meses de prisão, e James Weatherup, 200 horas de serviços comunitários. O detetive particular Glenn Mulcaire também terá que prestar serviço comunitário por seu envolvimento no caso.

Enquanto Coulson recebeu uma condenação, sua antecessora, Rebekah Brooks, foi absolvida. O principal caso de escuta envolvendo sua gestão (2000-2003) – o de que o jornal havia apagado em 2002 mensagens do celular de uma jovem desaparecida – não foi provado.

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Leandro Colon, da Folha de S.Paulo, em Londres