Um dos principais jornais da Venezuela, o El Universal, foi vendido a um consórcio espanhol, segundo foi confirmado nesta quinta (3/7). O novo presidente da publicação, o engenheiro Jesús Abreu Anselmi, reuniu a equipe do jornal nesta sexta (4/7) e garantiu que a linha editorial crítica ao governo de Nicolás Maduro será mantida.
Anselmi disse ainda que o grupo comprador “não tem nenhum vínculo com o governo” e pediu que todos trabalhem da mesma forma.
Porém, há receio de que, a exemplo de outros veículos antes críticos ao governo, o jornal mude o alinhamento.
O novo dono é irmão do maestro José Antonio Abreu, diretor do sistema de orquestras jovens da Venezuela, fundado pelo governo.
Um suposto plano de golpe
Diante da pressão governamental contra a imprensa na Venezuela, o editor-chefe do El Universal, Elides Rojas, disse temer a possibilidade de que o jornal abrande suas críticas. Anselmi foi vice-ministro dos Transportes do presidente Jaime Lusinchi (1984-89) e assessor de empresas.
O canal Globovisión e a Cadeia Capriles de jornais foram vendidos em 2013, causando mudança das linhas editoriais.
Anselmi também garantiu na reunião de sexta que haverá papel-jornal para o El Universal, que diminuiu seu número de páginas em maio.
Isso porque o governo, que controla as divisas para importação da matéria-prima, tem dificultado a compra. Opositores acusam Maduro de usar o desabastecimento para prejudicar veículos críticos ao governo.
O parlamentar venezuelano, Diosdado Cabello, disse nesta sexta que um tribunal do país emitiu ordens de prisão contra os opositores Henrique Salas Römer, Gustavo Tarre Briceño e Robert Alonso Bustillo por participação num suposto plano de golpe e assassinato de Maduro.