As condições de trabalho para os jornalistas estrangeiros na China tiveram uma piora significativa nos últimos anos, segundo relatório divulgado nesta sexta (12/9).
“O Partido Comunista da China continua a impor obstáculos aos jornalistas estrangeiros e às empresas que os empregam, desencorajando reportagens sobre vários aspectos da China”, resume o dossiê preparado pelo Clube dos Correspondentes Estrangeiros na China (FCCC, na sigla em inglês).
Os jornalistas são barrados em várias regiões do país, e os casos de intimidação por parte de autoridades tornaram-se comuns. A concessão de vistos aos profissionais estrangeiros de mídia é usada como instrumento de pressão, e quem produz reportagens que desagradam ao governo corre o risco de perder a autorização.
Quase todos os jornalistas (99%) afirmam que as condições de trabalho na China estão longe dos padrões internacionais, de acordo com uma pesquisa entre os 243 membros do FCCC, ao qual o correspondente da Folha em Pequim é afiliado.
“Nos últimos três ou quatro anos, ficou mais difícil para os jornalistas estrangeiros fazerem seu trabalho, seja porque eles não têm permissão de entrar no país, seja porque a informação é negada aos correspondentes”, disse Peter Ford, presidente da entidade, que é considerada ilegal pelo governo chinês.
A situação piorou desde 2008, ano em que o governo relaxara restrições ao trabalho da imprensa durante os Jogos Olímpicos de Pequim.
O relatório do FCCC cita vários casos em que jornalistas foram impedidos de fazer coberturas, sobretudo sobre assuntos considerados sensíveis, como o aniversário de 25 anos do massacre da Praça da Paz Celestial, em junho deste ano.
Além da intimidação em pessoa, os correspondentes também passaram a sofrer ataques cibernéticos, com o intuito de espionar os computadores dos jornalistas estrangeiros.
No mais recente ranking de liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras, a China aparece no 175º lugar, entre 180 países.
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Marcelo Ninio, da Folha de S.Paulo, em Pequim