Um jornal ligado à oposição conhecido por ser o mais antigo da Venezuela anunciou nesta quarta (10/9) a suspensão de sua edição impressa, alegando dificuldades de importar papel e outros insumos devido ao controle cambial imposto pelo governo.
Sem citar nominalmente o presidente Nicolás Maduro, o “El Impulso”, criado em 1904 na cidade de Barquisimeto (350 km da capital, Caracas), acusou o governo de bloquear seu acesso aos dólares necessários para adquirir bobinas de papel e outros equipamentos de impressão.
O Estado venezuelano centraliza e regula com mão de ferro a disponibilidade de divisas para empresas envolvidas em comércio exterior, causando escassez de produtos importados, incluindo alimentos e remédios.
Uma das editoras do “El Impulso”, Haydeluz Cardozo, disse à Folha, por telefone, que o jornal vem cumprindo todas as obrigações legais e requerimentos necessários à obtenção das divisas.
“É possível que de repente consigamos mais uma carga de papel, mas isso não resolveria o problema de fundo, que é essa incerteza constante sobre nossos empregos.”
“Aparato de propaganda”
A aparente restrição ao “El Impulso” se soma a outras iniciativas de Caracas contra a imprensa privada.
Nos últimos meses, os jornais “Ultimas Noticias” e “El Universal”, além da emissora de TV Globovision, foram vendidos a grupos supostamente ligados ao governo.
Enquanto aumenta a pressão sobre veículos privados, Maduro recentemente anunciou que dois novos jornais governistas serão criados.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) disse que a liberdade de imprensa na Venezuela vive suas horas mais tristes, já que o governo anuncia novos meios de comunicação para seu “aparato de propaganda” enquanto fecha “meios de imprensa privados e independentes.”
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Jornal obtém papel e evita fim de edição na Venezuela (12/9/2014)
O jornal mais antigo da Venezuela disse nesta quinta-feira (11) ter alcançado um acordo com o governo central para conseguir bobinas de papel e evitar o fim de sua circulação impressa, que havia sido anunciada na véspera.
O “El Impulso”, fundado em 1904 e ligado à oposição, afirmou que a empresa estatal à frente do monopólio da importação e distribuição de papel lhe vendeu um carregamento emergencial.
A transação, anunciada após críticas da mídia internacional e da Sociedade Interamericana de Imprensa, permitirá que o “El Impulso” continue circulando por duas semanas, segundo a rede britânica BBC.
O jornal é editado e impresso em Barquisimeto, cidade a 350 km da capital, Caracas.
O diário havia anunciado que deixaria de ser impresso na próxima semana porque o governo, adepto de um duro controle cambial, o impedia de obter divisas necessárias à importação de papel.
O “El Impulso” indicou que a compra emergencial é uma medida paliativa que não resolve as incertezas do abastecimento de insumos necessários à fabricação do jornal. (S.A.)
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Samy Adghirni, da Folha de S.Paulo, em Caracas