Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

‘Cobertura feita no Brasil é boa, mas insuficiente’

O fotojornalista André Lionh, único brasileiro a ser agraciado com o Robert Capa Golden Medal, que é o maior prêmio do fotojornalismo de guerra, disse que o país ainda enfrenta problemas quando o assunto é a cobertura de conflitos internacionais. “No Brasil, a gente vive o jornalismo do denuncismo. E como é possível denunciar algo no Iraque?” questiona o paulistano de Botucatu que se mudou para a Suíça com 20 anos, após enfrentar problemas com a escola e com as drogas.

Ainda segundo o fotógrafo, o que muito dificulta a cobertura feita pela mídia brasileira é a distância política, ou seja, o fato do cidadão não conseguir entender completamente a situação de lugares como o Iraque, a Líbia ou o Afeganistão, por exemplo. Em entrevista ao livro Mestres da Reportagem, a repórter Adriana Carranca, que foi indicada por André como uma promessa na área do jornalismo humanitário internacional, afirma que “[…] muitas vezes, falta contexto na reportagem”.

André Liohn recebeu o Robert Capa Golden Medal em 2012 por seu trabalho na Líbia, quando presenciou a morte de dois colegas britânicos. Depois disso, juntou-se a outros colegas e fundou a Adil (Almost Dawn in Libya – Quase amanhecer na Líbia), onde os integrantes do projeto abrem mão dos direitos autorais das fotos feitas na Líbia para doação para os civis deste país.

Agora, o fotojornalista está trabalhando no Brasil e inaugurou no último dia 10 de setembro uma exposição em Brasília, chamada “Assistência à Saúde em Perigo: Líbia e Somália no olhar de André Liohn”, que conta com o apoio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e retrata a vida dos profissionais de saúde nas zonas de conflito.

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Beatriz Sanz é jornalista