Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Peitos de atrizes provocam censura em novela

Uma novela histórica chinesa voltou ao ar neste sábado depois de ter sido tirada do ar sem explicação alguns dias antes. Na versão reeditada, os closes e planos superfechados nos rostos das atrizes confirmaram as suspeitas de internautas do país que vinham denunciando a razão do sumiço do popular programa: os vestidos decotados e provocativos das protagonistas, que deixavam entrever as curvas e os peitos, foram alvo de censura.

A novela reconta a história da única imperatriz chinesa, Wu Zetian, no fim do século 7. Se, antes, a produção caprichava na exploração das formas voluptuosas das mulheres, sobretudo da estrela internacional Fan Bingbing, que vive a monarca, agora só aparecem os rostos delas, segundo a agência chinesa Xinhua.

Na época da interrupção da emissão de A imperatriz da China, uma semana depois da estreia, em 21 de dezembro, os produtores alegaram “problemas técnicos”. A poderosa Administração de Estado para Imprensa, Edição, Rádio, Cinema e Televisão, controlada com mão de ferro pelo Partido Comunista, negou-se a explicar os motivos da suspensão. Fontes sustentam que a cúpula política teria se irritado com a produção.

Só elogios escapam de censura

As regras da censura na China são opacas e nunca explicadas. A menos que um filme transmita uma imagem particularmente elogiosa do povo chinês, é raro que passe intacto pelo crivo dos censores.

Frequentemente, a censura aos meios chineses é política e afeta obras consideradas “nefastas para a estabilidade da sociedade” ou que veiculem mensagens consideradas contrárias aos interesses do Partido. Também tem sido cada vez mais comum a ingerência sobre obras que “atentem contra a moral” e as tradições de um país tido como conservador. A tesoura se aplica a cenas de nudez e sugestão de relações sexuais, bem como a sequências violentas.