Um dos maiores símbolos do pensamento opositor na Venezuela, o jornal Tal Cual, deixará de circular diariamente por falta de papel. Nesta quinta [26/2] chegou às bancas a última edição diária, que será substituída por uma versão semanal, aos sábados. Boa parte da produção será divulgada no site do jornal.
Em comunicado, o jornal, criado em 2000 pelo ex-guerrilheiro Teodoro Petkoff, disse que o objetivo continuará o de sempre: “Falar ao país de forma clara e direta.” O jornal se queixou do “incessante assédio judicial, político e econômico [por parte do presidente] Nicolás Maduro”.
O Tal Cual acusa o governo de bloquear acesso aos dólares necessários para adquirir bobinas de papel e outros equipamentos importados usado na impressão. Na centralizada economia local, o Estado regula com mão de ferro a disponibilidade de divisas para empresas que precisam importar. A importação de papel se soma a outros motivos de atrito entre a imprensa opositora e Maduro.
Funcionários do jornal El Universal, comprado em 2014 por investidores próximos do chavismo, foram demitidos por publicar críticas ao governo.
Dois outros importantes veículos opositores, a TV Globovisión e o jornal Ultimas Noticias, também abandonaram a linha crítica ao governo.
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Samy Adghirni, da Folha de S.Paulo, em Caracas