A impunidade nos crimes contra jornalistas e a censura são os principais obstáculos enfrentados pela liberdade de imprensa e expressão nas Américas, afirma a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), que concluiu nesta segunda-feira sua reunião semestral no Panamá. “O principal problema enfrentado pelos jornalistas nas Américas são os assassinatos”, afirmou o peruano Gustavo Mohme, presidente da SIP.
De acordo com o relatório, nos últimos seis meses, oito jornalistas foram assassinados nas Américas: dois na Colômbia, dois no México, dois em Honduras, um no Peru e um no Paraguai. Em sua resolução final, a SIP exigiu que os governos destes países não meçam esforços e mantenham as investigações “até que os culpados sejam encontrados e punidos com a rigorosidade da lei”. “Estamos levando nossa mensagem de solidariedade e nossa exigência de que estes crimes não fiquem impunes, porque a impunidade agrava a situação e expões os jornalistas a perigos ainda maiores.”
As críticas aos governos do continente não ficaram restritas aos países em que jornalistas são assassinados. O relatório da SIP também criticou Venezuela, Equador e Argentina por censuras impostas aos veículos de comunicação, e os Estados Unidos por manterem presos jornalistas que se neguem a revelar suas fontes.
“A censura é a arma utilizada pelos governos de diversas maneiras que representam obstáculos à livre difusão nos veículos de imprensa e nas redes sociais. Países como Venezuela, Equador e Argentina perseguem o jornalismo, intimidando-o ou restringindo suas ações por meio de legislações e censura. Não podemos permanecer passivos com relação ao cerceamento de liberdades”, afirma o documento. “Temos sido muito críticos ao governo americano. Para nós, a liberdade de imprensa é um princípio, não importa qual seja o regime que a ataque.”
Situação melhorou no Brasil
O relatório destaca que no Brasil, “não foram registrados assassinatos de jornalistas no período e ocorreu uma importante diminuição nos casos de outros ataques à imprensa no país”. O documento no entanto ressalva que “tal cerceamento à liberdade de expressão ocorre com mais frequência durante os períodos eleitorais”.
A SIP destacou 13 casos, entre 27 de janeiro e 16 de outubro, que incluem repórteres agredidos e atingidos por balas de borracha durante protestos populares, atentados contra residências de jornalistas e sedes de veículos, e ameaças de morte feitas pelas redes sociais. A entidade menciona ainda, uma tentativa de censura judicial em dezembro de 2014, contra o jornalista Allan de Abreu e o jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto (SP), revertida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, em 8 de janeiro.