Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A bomba fiscal na imprensa

Manchete no Estado de S.Paulo denuncia que um artifício criado por dois senadores – Eduardo Azeredo e Marconi Perillo, do PSDB – pode ressuscitar a aposentadoria integral para juízes, procuradores e defensores públicos. Uma intervenção do senador Romeu Tuma, do PTB, estende o privilégio aos delegados de todas as polícias.


A manobra, segundo o jornal, é uma verdadeira bomba fiscal que, se aprovada, pode desfazer uma das principais conquistas da reforma previdenciária aprovada em 2003. Além do risco de multiplicar as despesas públicas, a medida seria um obstáculo ao processo de unificação das previdências.


Como se sabe, há mais de uma década, desde o governo Fernando Henrique Cardoso, está em curso uma série de mudanças nas regras previdenciárias, para reduzir ou eliminar privilégios que ao longo dos tempos cavaram uma abissal diferença entre os aposentados do INSS e os do serviço público. A questão causou polêmicas desde seu início, em 1998, e provocou um movimento de aposentadorias antecipadas, principalmente nas universidades públicas.


Curto prazo


A atual medida foi apresentada como Proposta de Emenda Constitucional, o que significa que, se for aprovada no Congresso, não poderá ser vetada pelo presidente da República. O Estadão lembra que os senadores que patrocinam o retrocesso estiveram entre os principais defensores da reforma da previdência em 1998, mas não questiona a motivação dos parlamentares ao propor a mudança que pode quebrar o sistema.


Talvez se possa especular que os dois parlamentares consideram perdida a eleição presidencial e, na perspectiva de um longo período longe do poder, alimentem o projeto de criar um fator de instabilidade contra seus desafetos na política.


Não teria sido a primeira vez que um grupo político atuaria contra os interesses nacionais para defender seus objetivos de curto prazo. Também aconteceu durante o governo Fernando Henrique, quando militantes petistas tentaram obstruir medidas que acabaram contribuindo para equilibrar as contas públicas e melhorar as bases econômicas do país.


A questão que resta é saber se a imprensa vai tratar os dois episódios de maneira igualitária.


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Em nome da arte


O Brasil segue firme na Copa do Mundo, pelo menos até sexta-feira (2/7), quando enfrenta a invicta seleção holandesa.


Diante das apresentações irregulares, que mesclam um futebol burocrático e nervoso com alguns momentos de muita criatividade – característica dos craques nacionais –, os torcedores ainda não se sentem seguros quanto às chances de conquistarmos o título pela sexta vez.


No momento em que prevalece o estilo Dunga, é preciso não deixar no esquecimento aquilo que construiu a mística do futebol brasileiro. O Observatório da Imprensa na TV contribui para refrescar a memória da torcida.




Alberto Dines:


Poucos torcedores repararam que a logo-marca da Copa da África do Sul representa um jogador dando uma formidável bicicleta. E a bicicleta, expressão máxima do futebol brasileiro, converteu-se no símbolo do futebol-arte. Acontece que até segunda-feira (28/6) a seleção nacional esteve proibida de se lembrar da bicicleta criada por Leônidas da Silva na Copa de 1938, na França, e revivida por Pelé nos anos 1960.


Finalmente, diante do esforçado scratch chileno – lá eles ainda utilizam a palavra inglesa que no Brasil virou escrete – os pupilos de Dunga conseguiram livrar-se das rígidas táticas e exibir os seus talentos com mais liberdade. Nesta terça-feira à noite no Observatório da Imprensa na TV, com a participação de alguns experimentados analistas, vamos retomar o confronto doutrinário entre futebol-arte e futebol-burocrático. Não esqueça: às 22h pela TV Brasil, em rede nacional. Em São Paulo, pelo Canal 4 da NET e 181 da TVA.