Entrevista de João Paulo Charleaux, ex-assessor da Cruz Vermelha Internacional, hoje editor-assistente do jornal O Estado de S.Paulo, sobre a cobertura jornalística dos conflitos armados e situações de guerra.
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Fale sobre sua experiência na Cruz Vermelha.
João Paulo Charleaux – Há sete anos acompanho o debate sobre o direito da guerra, o direito que pretende normatizar o conflito armado, colocar limites na guerra. Essa experiência veio através de um trabalho que eu fiz, um longo trabalho, na Cruz Vermelha Internacional, que é a instituição que deu origem a esse direito e tem sede em Genebra, na Suíça. Cuidei da comunicação dessa instituição nos países do Cone Sul. É uma experiência pouco comum para o jornalista acompanhar a geopolítica internacional e os conflitos armados do outro lado do balcão. Esse foi um mergulho nas questões teóricas do conflito armado, não tanto nas questões políticas, mas sim na questão dos limites da guerra, o que é um crime de guerra, o que é um genocídio, o que é um massacre, o que é uma prisão legal, ilegal, o que é um prisioneiro de guerra, o que é Guantánamo à luz do que diz a norma adotada nos países.
Nós temos ainda especialistas no Brasil, como Joel Silveira foi, por exemplo?
J.P.C. – Tem muita gente que cobre conflito armado; acho até que no Brasil, em comparação com os países da região, tem uma experiência interessante nessa área. No Estadão mesmo tem o Lourival Sant´Anna, que é um cara que acompanhou todos os grandes episódios recentes nesse terreno. Se formos em um nível um pouco mais baixo de conflitividade – não um conflito bélico, mas conflitos sociais, conflitos de rua, como o que acontece normalmente na Bolívia, no Paraguai e eventualmente na Argentina – tem muita gente que acompanha. A Ruth Costas que trabalha na mesma editoria [que eu] tem acompanhado todos esses eventos. As televisões foram a todos esses grandes episódios, tanto como na a guerra do Iraque, então a Folha deu, a Globo deu, o Estadão deu. Comparativamente com a região, acho que a gente tem acompanhado bem essas coisas.
Em geral se percebe que a cobertura é do fato em si, e não há muita convergência entre o fato dos conflitos e, por exemplo, questões de direitos humanos. Como você vê essa cobertura?
J.P.C. –Às vezes há lampejos de percepção sobre isso. Lampejos de lucidez da imprensa. Por exemplo, um episódio que foi muito debatido foi o uso de bomba de fósforo por Israel nos ataques ao sul do Líbano. Surpreendemente foi uma questão que cresceu e ganhou a atenção das pessoas, e que é uma questão puramente do direito da guerra. É uma munição permitida em certas circunstâncias, para iluminar terreno, mas que usada contra combatente inimigo, ou contra a população civil, constitui uma violação e pode vir a ser um crime de guerra. Isso é um exemplo. Volta e meia há discussões sobre isso; Guantánamo é um caso clássico. O que acontece com as pessoas que estão ali, que direitos elas têm, que violações foram cometidas, o que é tortura de fato, o que é o tratamento abusivo, o que é o método coercitivo de interrogatório? Essas questões têm freqüentado os jornais muito fortemente e acho que a imprensa acompanha; pode-se conversar sobre a qualidade desse acompanhamento, mas acompanha, sim.
A guerra e a própria cobertura, altamente tecnológica, transformam a guerra quase em um evento cinematográfico. Perde-se aí o viés humano dos conflitos?
J.P.C. – Uma vez me fizeram uma provocação que foi muito interessante. Disseram: por que vocês jornalistas acham que mostrar as vítimas, mostrar os civis, as crianças, essas pessoas dilaceradas, é uma coisa importante para mostrar a crueza da guerra, e não fazem a mesma coisa, sobre os conflitos criminais urbanos e classificam isso como ‘jornal sanguinolento’? Por que esse duplo caráter na coisa? Eu acho que essa é uma provocação interessante. A guerra tecnológica é um conceito que se tenta vender por aí; que a guerra é limpa, que ela é inteligente, a bomba é inteligente, mas, se você descer ao terreno, você vai ver que continuam morrendo mulheres, crianças, pessoas que não participam da guerra, pessoas mutiladas por essas munições clusters, que são essas sub-bombas que infestam os países – e o Brasil é um produtor dessa arma. A guerra continua. Ela é tecnológica, mas continua muito cruel; até mais cruel, na medida em que faz mais vítimas civis hoje do que antigamente.
Jornalistas no front
Falávamos sobre a cobertura da guerra de alta tecnologia, mas os mísseis inteligentes costumam acertar mais escolas do que objetivos militares, não?
J.P.C. – O míssil inteligente depende da inteligência de quem o dispara. Uma coisa curiosa sobre isso é que os jornalistas, em alguns episódios, têm servido como apontadores para força aérea. Se você liga um celular ou um aparelho satelital em qualquer lugar do mundo, você está identificando a posição de um alvo para a força aérea. Isso aconteceu no Iraque. Quer dizer: o departamento de informação convoca uma coletiva, o jornalista vai, e aí a força inimiga tem a localização precisa – de maneira que os mísseis entravam pela janela. Os jornalistas também acabam se prestando a esse papel – às vezes sabendo, às vezes sem saber.
E jornalista também se torna vítima, às vezes…
J.P.C. – Tem se tornado vítima. O cenário para os jornalistas tem sido cada vez pior. O International News Safe Institute (INSI), que é da Federação Internacional dos Jornalistas, tem um levantamento anual das mortes na imprensa, e tem sido cada ano pior. 2008 tem a projeção de ser o pior ano de todos, mas tem algumas particularidades que merecem ser mencionadas. As pessoas às vezes acham que o jornalista morre lá no combate, na guerra internacional. Não é bem isso. Na verdade, os contextos chamados de paz são os que têm sido muito mais mortais para os jornalistas – por causa do crime organizado, narcotráfico, pressão política. O cenário é ruim, mas nem sempre relacionado aos grandes conflitos. E mesmo nos grandes conflitos, as pessoas que morrem são os jornalistas locais, não são os jornalistas internacionais, nem os correspondentes. É um quadro sobre o qual a gente tem que se debruçar e olhar com atenção.
Você trabalhou durante sete anos na Cruz Vermelha. Uma questão que sempre se coloca na cobertura de imprensa sobre os conflitos são as guerras esquecidas. A África é um caso típico.
J.P.C. – A África tem um grande número de conflitos armados que mudam de característica, mas na verdade são reflexos de conflitos antigos que se mantêm, que geralmente têm impacto violento sobre a população civil. o nível de atrocidades cometidas, o tempo que esses conflitos duram e a contaminação regional – geralmente se expandem para países vizinhos – são coisas realmente assustadoras. É difícil manter um foco contínuo em conflitos tão antigos e que se mantêm por tanto tempo.
Por que a imprensa de vez em quando abandona um conflito na África e o leitor acaba tendo a impressão de que o guerra acabou?
J.P.C. – O critério da imprensa é muito perverso. A imprensa trabalha com o critério da anormalidade, do ineditismo: o que é corrente não é notícia, o que é comum não é notícia. Quer dizer, se você tem dezenas de mortes em um país todos os dias, há quarenta anos, isso deixa de ser notícia. É uma coisa bizarra, mas é assim. Por exemplo, o caso da Colômbia, que tem quarenta anos de conflito armado. A Colômbia só é notícia quando há um fato extraordinário que envolve o presidente, que envolve libertação de seqüestrados; mas se você for a um jornal colombiano, todo dia tem notícia sobre o conflito. Não significa que os jornais aqui vão conseguir acompanhar isso, porque faltariam papel e atenção do leitor. Isso é muito importante: não é um critério só da imprensa, mas é um critério da imprensa que responde ao que a gente supõe que seja o interesse do leitor. O leitor cansa de acompanhar um evento todo dia, há vários anos.
Você vê os jornalistas brasileiros preparados em termos de conhecer o direito internacional que se refere aos conflitos?
J.P.C. – Acho que muitos, sim, conhecem; outros não conhecem. Mas o que talvez fosse interessante debater é a preparação dos jornalistas que vão ao terreno, as pessoas que vão a um conflito armado. O Brasil não é dos países que têm mais debate ou mais cursos sobre isso. Agora o Exército brasileiro começa a fazer um curso no Rio de Janeiro para esses jornalistas. É uma coisa nova, mas é uma discussão relativamente nova. Não é raro você encontrar jornalistas que partem para cobrir um conflito sem nunca ter feito um curso sobre isso.
O repórter corre riscos desnecessários e improdutivos, muitas vezes?
J.P.C. – Às vezes sim, mas a crítica mais comum ao jornalista de guerra é a de que ele fica do hotel cobrindo tudo pela TV. Na verdade tem sido o contrário, há poucos heróis nessa história. Acho que deveria ter cada vez menos, ou seja, não existe herói nisso: jornalista morto não conta a história. É uma grande discussão na verdade, porque o jornalista que vai, ele vai dar o que se chama de coloração local. A pessoa no terreno, no meio de uma guerra, é muito difícil ter uma visão de general, saber para onde vão os movimentos geopolíticos, a diplomacia, a economia, tudo o que envolve o conflito. Ele vai para acompanhar um pouco das histórias e do desenrolar concreto da coisa ali. Ele deve considerar isso. A pretensão tem que ser relativa.
As leis da guerra
Você concorda com certas críticas de que a imprensa segue vendo o mundo em preto e branco, ignorando a nova geopolítica internacional?
J.P.C. – Eu diria duas coisas. Umas é que eu não sei se essa geopolítica antiga está superada. Quando a gente observa os movimentos da Rússia, começa a pensar que talvez o mundo não tenha mudado tanto. Basta citar a ameaça de instalar um anti-antiescudo antimísseis na Europa, a ameaça americana de colocar um escudo antimísseis na Polônia, os movimentos da Marinha russa na costa do Caribe, a reativação da Quarta Frota [americana], tudo isso faz lembrar um pouco a Guerra Fria. É natural que haja esse questionamento: será que esses países mudaram realmente ou será que ainda têm uma dinâmica antiga que preocupa a região? Outra coisa, um fato novo, foi o crescimento dos atores não-estatais. Antes havia basicamente países que tinham inclinações políticas e econômicas, para cá ou para lá, que determinavam o tabuleiro internacional. Agora você tem uma miríade de atores não-estatais, Taleban, Al-Qaeda, esse pessoal da Índia, você tem uma infinidade de grupos.
E os piratas na África.
J.P.C. – Pois é, mas é um fenômeno diferente – é um fenômeno mais bem criminal. Os outros grupos são grupos que têm uma pretensão política, mas não têm uma pretensão estatal, às vezes. Não querem ser o Estado, não querem substituir o governo. Muitas vezes é quase anárquica a coisa ou puramente religiosa.
Portanto, os acordos internacionais não têm valor nenhum.
J.P.C. – Eu não faço essa afirmação, porque inclusive depõe contra o direito dessas pessoas no momento em que são capturadas, por exemplo – que é todo o fenômeno de Guatánamo. Dizer que o mundo é sem lei ou que as leis não valem mais… Um amigo meu em Genebra dizia uma coisa que resume muito bem: não é porque as pessoas desobedecem às leis de trânsito que a gente vai abolir as leis de trânsito. A saída não é essa, pelo contrário: é aumentar a fiscalização, aumentar a informação.
Em um momento, no ponto do conflito, um dos lados é obrigado a atender as leis internacionais e o outro lado não se vê obrigado a atender?
J.P.C. – Eu prefiro falar das garantias mínimas, que é a proibição da tortura, proibição da execução extrajudicial, proibição de tratamento desumano, proibição de ataque a crianças, mulheres, pessoas que não participam da guerra. Nessas obrigações não é preciso ter muita discussão intelectual a respeito do direito, nem nada do tipo, mas são garantias básicas que todos deveriam respeitar, sejam eles Estados ou outros grupos armados. São coisas tão básicas que qualquer religião no mundo, qualquer cultura, entende.
Certo. Mas os chefes do tráfico, os senhores da guerra na África, Al-Qaeda, Taleban e até os militares de Guantánamo parecem não acreditar muito nisso. O recrudescimento de conflitos internos que não são regidos pelas leis internacionais e de conflitos – com esses protagonistas que não atendem ao direito internacional – exigem uma postura diferente do jornalista, não?
J.P.C. – Já não é mais uma questão de direito formal. Tem um direito à proteção, que é a questão de conseguir uma proteção real, efetiva. Tem mais a ver com as condições concretas do lugar, conhecer como aquele grupo funciona, que leis imperam ali, o que você pode e o que você não pode fazer. Esse conhecimento não está em nenhum manual, geralmente. O que seria bom que acontecesse é que o os jornalistas que cobrem esses assuntos tivessem algum fórum de debate, algum fórum de troca de experiências, alguma maneira de aumentar o conhecimento sobre o que é seguro e o que não é seguro na cobertura desse tema. Nesse sentido, o INSI tem feito isso. A Cruz Vermelha, em São Paulo, há sete anos faz cursos onde profissionais se encontram para debater suas experiências a respeito desse tema. A última edição teve o Marcelo Moreira, que foi o produtor do Tim Lopes, e ele é um cara que tem um esforço muito grande, dentro da empresa, e na imprensa em geral, de como aumentar a segurança dos jornalistas que cobrem esses grupos.
Isso impõe o estabelecimento de alguns protocolos…
J.P.C. – Existem alguns procedimentos que podem minimizar o risco. Um deles é um serviço para quem estiver ouvindo e eventualmente trabalha com essas coisas. O que se recomenda, por exemplo, é combinar horários fixos de contato com a redação, ou com o editor, ou com alguém que seja responsável pela segurança. A cada quinze minutos eu vou telefonar e se eu não telefonar nesse intervalo é porque provavelmente algo aconteceu. A outra é saber se o motorista que leva, por exemplo, conhece a região, é uma pessoa que sabe dirigir bem, que deixa o carro em um local acessível e que possa sair rapidamente – que não deixe o carro encalacrado em um beco ou atrás de um outro veículo –, saber se é um lugar onde a empresa pode ir identificada ou não. No Rio de Janeiro existem protocolos com relação a carro blindado, colete à prova de bala. Outros conhecimentos são sobre que superfícies oferecem proteção contra disparos de armas de fogo, contra pistola ou contra fuzil, se eu me protejo atrás de um poste, se eu deito no chão, se eu tento correr, se eu me escondo atrás de um barraco, de uma caçamba de disque-entulho… É uma centena de pequenas coisas que, se você conhece, minimizam o risco de morte para o jornalista.
Imprensa e o estado de guerra
Há uma discussão aberta na imprensa sobre o combate a traficantes e milícias que ocupam comunidades inteiras nas grandes cidades. Qual sua posição a respeito disso? Trata-se de uma situação de guerra?
J.P.C. – Não, formalmente não. Os juristas dizem que não, a maioria deles. Dizem que guerra é outra coisa. Agora, não é o único prisma através do qual a gente pode observar a questão. Porque se você falar no número de vítimas, no impacto comunitário que isso tem, muitas vezes vai achar números que são maiores e mais graves até do que vários conflitos do mundo. Se perguntar para as vítimas dessa situação de violência o que elas acham, elas vão dizer que seguramente estão em guerra, que elas foram vítimas de uma guerra. Principalmente no Rio de Janeiro, isso é muito comum. O que eu acho curioso é que há, às vezes, uma ansiedade por classificar a situação do Rio como uma guerra. Isso é uma tara dos jornalistas.
O que justificaria também ações que alguns setores estão defendendo…
J.P.C. – Só que eu acho que é negativo para os jornalistas. Porque se ele está disposto a bancar essa idéia, ele tem que estar disposto a aceitar uma redução na sua liberdade de expressão, na sua comunicação, porque numa guerra essas liberdades são suprimidas. O direito humano perde algumas garantias; o direito humanitário, que é o que se aplica na guerra, é muito mais restritivo. Declarar formalmente que existe uma guerra no Rio, e aplicar normas da guerra a essa situação, só traria mais desgraça para a população que está ali. A polícia ou a força armada agiria como em uma guerra; os meios, as munições, as estratégias, é tudo diferente.
Mas a circunstância de fato já não é assim? Que direitos tem o morador de um morro que é dominado por traficantes?
J.P.C. – A pessoa não tem nenhuma garantia de que vai estar viva no dia seguinte, tanto pela ação dos criminosos como pela ação dos criminosos institucionalizados – polícia ou o que quer que seja. Isso não significa que seja uma guerra. Você tem violações de direitos como essa em vários lugares do mundo, e não necessariamente é uma guerra. E o que é importante dizer é: dizer que é uma guerra e aplicar normas da guerra só reduziria a proteção à qual essas pessoas têm direito.
Temos um exemplo recente no morro Dona Marta, no Rio, onde o Estado se restabeleceu, os criminosos fugiram e a comunidade está se reorganizando.
J.P.C. – É ótimo. A questão vai além da questão militar e policial. Depende do tecido social, depende da geração de emprego, depende do acesso à educação e aos serviços básicos de higiene e saúde. Presença do Estado que não seja só uma presença punitiva ou policial. E o Dona Marta é esse exemplo. Não é só uma operação policial. É você ter vida naquela comunidade, suficiente para estabelecer um cotidiano normal, com os direitos respeitados etc. As pessoas que vivem nessas comunidades vivem em uma situação de guerra. O impacto humanitário sobre elas é muito mais grave do que vários conflitos. Outra coisa é o Estado oficializar isso e começar a proceder como se estivesse em uma guerra.
Você entende que a insistência de jornais populares e programas populares de rádio e televisão, no sentido de que existe de fato uma situação de guerra, exigindo uma ação violenta do Estado, induz as autoridades a mais violência?
J.P.C. – Acho que sim. Só um parênteses: novamente, volto a essa questão: é o interesse do leitor ou do telespectador. Existe consumo desse tipo de informação. Nós somos muito inclinados a apontar a culpa da imprensa. O que é verdade, deve ser feito. Mas, em seguida, deve-se dar outro passo, que é dizer quem é que consome essa informação. Isso responde a um anseio de uma parte da sociedade. Isso é importante refletir também.
É questão central do jornalismo: qual é o papel do jornalismo, afinal? É a atender a necessidade do cliente, como uma fábrica de sorvete, ou propor uma reflexão um pouco mais além do que aquilo que o leitor está esperando?
J.P.C. – Essa idéia de atender o cliente, se for ao extremo dela, a gente pode ter um programa de pornografia infantil. Vai haver cliente para isso. Ou seja, é mentira que você deve atender à audiência. Senão, você vai ter programa sobre tudo. Existe notícia para tudo. Um programa para o segmento psicopata, um programa para o segmento ditatorial… A imprensa tem, evidentemente, o papel de editar o que é notícia e o que não é do ponto de vista noticioso, legal, ético, humano.
E qual deve ser o pano de fundo de valores da edição?
J.P.C. – A valorização dos direitos humanos, ou seja, a dignidade humana acima de tudo. Você não vai expor a desgraça humana, mas existe um outro lado da questão que é o interesse de pessoas por esse material. O que acontece com a sociedade atual para que haja um anseio, até uma exigência de parte da sociedade, para que se espanque pessoas capturadas pela polícia, para que se torture para extrair informação? Quais são os valores dessa sociedade? Por que esses programas refletem isso?