No dia 23 de janeiro teve início em Belém, paralelamente ao Fórum Social Mundial, o I Fórum Mundial de Mídia Livre (FMML). O encontro, que contou com representantes de diversos países, trouxe à baila debate sobre a postura adotada pela imprensa tradicional frente à atual crise econômica que, na opinião dos participantes, afetou diretamente a credibilidade dos meios, considerando a estreita ligação entre a mídia e o poder econômico. Deixando de lado as implicações da questão, per si controversas e abrangentes, vale aqui citar um dos presentes, o mexicano Luiz Hernandez Navarro, que afirmou que o jornalismo já vivia sua própria crise, devido à inaptidão, entre outras coisas, ‘de lidar com as mudanças profundas que atualmente afetam a comunicação e a perda de prestígio da profissão’. O que nos leva a filosofar: qual é, afinal, a raiz do mal que nos assola?
O surgimento diário de blogs, microblogs, sites e portais particulares, somados às iniciativas da chamada imprensa livre, traz à tona um poderoso e condensado conglomerado de informações que, se antes pairavam à margem da dita oficial, hoje a ela se fundem, se confundem e, principalmente, se complementam. A despeito da concorrência saudável, a divisão sugerida e a batalha deflagrada entre as partes, no mais das vezes, atende exclusivamente a interesses (e à guerra de egos) privados. Não se trata de ignorar diferenças, que devem ser respeitadas. Menos ainda de hastear a bandeira branca e abolir o diploma, como querem fazer crer algumas correntes, entre elas a das organizações Globo. Mas de admitir que, na nova configuração, a mídia paralela e, principalmente, o cidadão, tem papel preponderante, e de aliados.
Cobertura abrangente
Várias empresas perceberam no jornalismo colaborativo ferramenta eficaz de atrair a atenção e a fidelidade do leitor/produtor. Boa parcela de seus profissionais, no entanto, permanece reticente. Sinal de que ainda há muito que aprender. O reconhecimento da necessidade de capacitação para fazer frente às novas tecnologias talvez seja o primeiro passo. A trégua, e conseqüente superação do preconceito, o segundo.
Registros de falhas nesta união não são raros. Exemplo clássico é o da foto enviada por internauta que o site UOL publicou, à época do acidente da TAM, de corpo em chamas que caía de prédio atingido, e que mais tarde admitiu tratar-se de montagem – mea-culpa, aliás, dos jornalistas responsáveis pelo setor. Shakespeare, em Péricles, já dizia: ‘A verdade nunca perde em ser confirmada.’ As vantagens, por outro lado, se sobrepõem e merecem destaque. A abrangência da cobertura é uma delas. Com um simples celular, qualquer espectador pode capturar imagens e revelar detalhes significativos de fatos relevantes em tempo real. Ponto para o veículo capaz de conquistar sua fidelidade.
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Estudante de Jornalismo, Rio de Janeiro, RJ