O microjornalismo político tornou-se um fenômeno importante durante as prévias norte-americanas. Sobre isso escreveu Carlos Castilho, no blog Código Aberto, deste Observatório:
‘O blog da revista Editor &Publisher foi o primeiro e identificar a nova tendência nas redações e o fenômeno foi sacramentado agora pelo New York Times numa matéria sobre as primárias no estado de New Hampshire.
O twitter é um software para transmitir pequenas mensagens, de no máximo 160 toques, que podem ser enviadas de um telefone celular com acesso à internet.
Lançado em 2006, o programa foi imediatamente batizado de microblog por meio do qual os seus usuários publicavam pequenos textos para dizer o que estavam fazendo no momento da postagem.
De modismo juvenil, o twitter saltou para as redações de jornal no segundo semestre de 2007, quando alguns repórteres free lancer de Los Angeles e San Francisco começaram a usá-lo para transmitir notícias em tempo real para jornais online.’
Novo modelo de sociedade
Durante séculos, as grandes narrativas ocuparam um papel central no cenário político. Na Antiguidade e em Roma, os poemas épicos forneciam aos cidadãos não só as representações religiosas, históricas e culturais mais importantes, mas também os paradigmas de heroísmo e eloqüência que os estadistas (e candidatos a estadistas) utilizavam para conquistar ou preservar o poder.
Com o colapso do mundo antigo, a Bíblia e o Novo Testamento (mais tarde também o Corão) se tornaram a pedra fundamental da cultura, da política e mesmo da guerra. O primeiro grande general moderno, um prussiano que deve ter servido de modelo a Napoleão, não iniciava uma batalha sem consultar a Bíblia.
No final do século 19 e início do 20, o marxismo, que pretendia unificar a ciência, a história, a economia e a política, se tornou uma grande narrativa, tão importante quanto a própria Bíblia e o Corão. O épico comunista em prosa forneceu um novo modelo de sociedade e desencadeou um verdadeiro conflito de civilizações com o cristianismo e o islamismo.
Uma nova tendência
Sete décadas e meia após ter inspirado a Revolução russa, a última grande narrativa também se tornou irrelevante. A queda do Muro de Berlim e o esfacelamento da União Soviética parecem ter relegado o marxismo ao lixo da história das idéias. Ironicamente, O Capital repousa em paz ao lado dos poemas épicos antigos e dos textos fundamentais dos cristãos que pretendia substituir.
Apesar da sobrevivência do cristianismo, a Bíblia e o Novo Testamento já não desempenham o mesmo papel político e cultural que tiveram no passado. A era do império político das grandes narrativas parece ter chegado ao fim. Já no início do século 20, outro alemão, Oswald Arnold Gottfried Spengler, havia notado o processo de decadência das grandes narrativas. Associou o mesmo à decadência da própria civilização ocidental.
Em razão do exposto, podemos concluir que o microjornalismo político norte-americano referido pelo jornalista Carlos Castilho parece coroar uma tendência antiga. Na verdade, o sucesso desta nova tendência demonstra que, de certa maneira, os EUA lideram a decadência ocidental.
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Advogado, Osasco, SP