Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A imprensa e a questão racial

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) reserva a tarde desta quarta-feira, 12 de maio, para debater com o público em geral e os jornalistas, em particular, as relações entre a mídia e a questão racial no Brasil. O curta-metragem Vista a minha pele, mais recente produção do cineasta Joel Zito Araújo, inicia a programação, às 13h.

O seminário ‘Mídia e Racismo’ pretende discutir quais os principais entraves na abordagem dos meios de comunicação de massa sobre a questão racial no Brasil. Para Joel Zito, o mito da democracia racial e a ideologia do branqueamento criaram uma cortina de fumaça e parâmetros específicos para a mídia no tratamento do tema. ‘A mídia sempre evitou enfocar a questão racial respeitando a observação aguda de Florestan Fernandes, de que o ‘brasileiro tem preconceito de ter preconceito. No entanto, a mídia audiovisual incorporou e reiterou tranqüilamente e acriticamente os estereótipos criados contra a população negra no período da escravidão’, diz.

Prossegue Zito: ‘Hoje, podemos exemplificar as dificuldades da mídia em abandonar a ideologia do branqueamento, na recusa em incorporar uma visão multirracial do país, sob o pretexto de que estamos importando idéias fora do lugar, usando pejorativamente as conquistas das políticas afirmativas do afro-americano como uma imposição absurda do politicamente correto. Dessa forma, a linguagem não se renova, os estereótipos continuam, o número de afro-brasileiros nas telas é absolutamente ridículo e os conflitos sociais são sempre esvaziados dos seus aspectos raciais’, observa.

Rosana Heringer, pesquisadora da organização Action Aid, acredita que o principal entrave é a própria visão que jornalistas e profissionais de mídia em geral têm sobre a questão racial no Brasil. ‘Predomina muita desinformação, permeada por preconceitos e visões estereotipadas e cristalizadas sobre a situação do negro no Brasil’, diz. ‘O desafio é abordar na mídia, de forma inovadora, o negro em situações que fogem destes estereótipos cristalizados, é apontar caminhos de mudança que já estão acontecendo no país e ter mais abertura para mostrar a diversidade cultural e étnica do país em todos os momentos, e não apenas no Carnaval ou no futebol.’

O seminário Mídia e Racismo prossegue com dois painéis seguidos de debates. ‘A cultura do racismo’ será o tema do primeiro painel, às 14h, com as participações de Joel Zito e Rosana e ainda a pesquisadora Sílvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), da Universidade Cândido Mendes, e do professor Ivan Proença, da Faculdade de Comunicação da UFRJ. Às 16h, acadêmicos e profissionais de comunicação discorrem sobre ‘Exclusão, mídia e racismo’.

A mesa será composta pelos jornalistas Carlos Alberto de Oliveira (Caó), conselheiro da ABI, Carlos Alberto Medeiros, mestre em Sociologia do Direito, e Francisco Alves Filho, editor-assistente da revista IstoÉ (Rio); pelo sociólogo Eduardo Henrique Pereira de Oliveira, secretário-executivo da revista Afirma OnLine, e Rumba Gabriel, do Movimento Popular de Favelas.

‘Mídia e Racismo’ é fruto de parceria entre ABI e jornal Brasil de Fato. O evento conta com o apoio da Cojira-Rio (Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro), do Ceap (Centro de Articulação das Populações Marginalizadas) e do Movimento Popular de Favelas.

Endereço

Rua Araújo Porto Alegre, 71, auditório do 7º andar, Centro – Rio de Janeiro.

Informações

Telefones: (21) 9627-7633 (Angélica Basthi); (21) 8111-1874 (Mario Augusto Jakobskind)