Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A necessidade de informações sólidas

Em sua coluna de domingo [21/9/08], o ombudsman do New York Times, Clark Hoyt, defende que, quando um grande jornal como o NYTimes publica matéria crítica a um determinado candidato político, tem por obrigação dar aos leitores informações sólidas o bastante para que eles tirem suas próprias conclusões. Hoyt analisou duas destas matérias para tentar descobrir se elas cumpriam este quesito.

John McCain

O primeiro artigo afirmava que o candidato republicano à presidência dos EUA, John McCain, vem recebendo ‘uma avalanche de críticas’ de democratas, independentes e até de republicanos por ‘deturpar a verdade’ sobre o histórico e pontos de vista do candidato democrata Barack Obama. O artigo dizia que a campanha de McCain ‘deturpou as palavras de Obama’ ao sugerir que ele havia comparado a candidata republicana à vice-presidência, Sarah Palin, a um porco. A matéria alegava também que o candidato republicano ‘afirmou falsamente’ que Obama apóia a educação sexual no jardim de infância e que ele aumentaria os impostos da classe média. McCain teria, ainda, distorcido opiniões do rival sobre temas como energia e saúde.

As acusações eram graves, e isso levou a reclamações de alguns leitores, que acusaram o NYTimes de parcialidade. Para Hoyt, entretanto, a matéria foi construída sobre uma base sólida de informações. Richard Stevenson, editor responsável pela cobertura eleitoral, defende o artigo. Segundo ele, os repórteres que cobrem a campanha de McCain observaram, nas últimas semanas, um padrão notável de ‘exageros, omissões e erros’ por parte do candidato.

Sarah Palin

O segundo artigo, analisando o estilo político de Sarah Palin como prefeita de Wasilla, no Alasca, e governadora daquele estado, era, de maneira geral, negativo. O texto acusava a candidata de colocar pessoas próximas a ela em cargos administrativos e de misturar o lado pessoal com o profissional. ‘A governadora vive a máxima de que toda política é local, ou até mesmo pessoal’, dizia a matéria – que também atraiu críticas de leitores.

Segundo Hoyt, o artigo apresentava uma série de casos isolados, alguns confusos e incompletos, e pecou ao não estabelecer uma conexão entre o estilo político de Sarah e os resultados factuais deste estilo – ela foi reeleita prefeita e teve 80% de aprovação popular como governadora. Três repórteres, incluindo Peter Goodman, que trabalhou para o Anchorage Daily News por anos e cobriu Sarah em Wasilla, pesquisaram sobre ela para escrever o artigo. Segundo Goodman, a matéria foi ‘justa e sólida ao ponto da campanha republicana não ter questionado nenhum fato’.

Para Hoyt, se os repórteres se concentrassem em menos exemplos da vida pública de Sarah com mais profundidade, o artigo seria mais sólido. ‘Depois de vários e-mails trocados com os repórteres, vejo que eles tinham respostas para muitas questões que fiz, e algumas destas respostas estavam justamente nos rascunhos iniciais de uma longa matéria que teve de ser cortada para caber no espaço do jornal’, diz o ombudsman.