Estamos chegando rapidamente à verdade no caso da colisão entre o Boeing da Gol e o jato Legacy. A entrevista dos dois controladores de vôo que estavam na torre de Brasília na hora da tragédia, publicada pela revista Época e ampliada pelo Jornal Nacional na noite de sábado, não deixa mais dúvidas: o ministério da Defesa, empenhado em politizar o caso, fez tudo para incriminar os pilotos americanos do jatinho.
Tudo o que o ministro Waldir Pires vem negando nos últimos dois meses parece confirmar-se plenamente. O pior de tudo é que grande parte da mídia, exceto a Folha de S.Paulo e agora a revista Época, absteve-se de investigar e foi na onda do ministro.
Repetiu-se assim, mas em gigantescas proporções, o linchamento de que foram vítimas os responsáveis pela Escola Base, acusados por um delegado irresponsável de abuso sexual. Mas aqui houve 154 mortes, os pilotos estão impedidos de retornar ao seu país e a nossa aviação comercial está metida num catastrófico apagão que promete estender-se por alguns meses.
Como se não bastasse a ocorrência desta que é a nossa maior tragédia aérea, temos um escândalo político que não pode ser ignorado nem disfarçado: as negativas do governo começaram dias depois do primeiro turno e prosseguiram até a realização do segundo turno eleitoral. Em países onde as autoridades têm o compromisso com a verdade, este tipo de manobra é considerada falta grave.